O FC Porto empatou esta quarta-feira em casa com a Roma, na primeira mão do play-off de acesso à Liga dos Campeões. O autogolo de Felipe dificultou a missão portista, mas a juventude de André Silva recuperou alguma confiança para encarar o desafio na capital italiana.

Está tudo em aberto na luta pelo prestígio desportivo e financeiro. A equipa portista precisa de vencer por um golo ou de empatar a dois ou mais golos para chegar à fase de grupos da liga milionária.

Aguentar a superioridade italiana

Início de época, expectativas renovadas, casa bem composta. O terceiro classificado da liga portuguesa recebeu o terceiro classificado do campeonato italiano. Apesar de apresentarem produtos finais idênticos, duas equipas distantes na consolidação de processos. Nuno Espírito Santo procura definir uma identidade, Luciano Spalletti transporta estratégias da temporada passada.

De novo sem Brahimi, o FC Porto apresentou novidades face ao duelo com o Rio Ave. Nuno ergueu duas linhas compactas, deslocou peças importantes e juntou Adrián López e André Silva no ataque. Do outro lado, revisão da matéria dada e uma defesa reformulada, com três reforços e laterais adaptados.

A Roma entrou em campo com autoridade. Salah e Nainggolan construíram boas ocasiões, enquanto Džeko provocou hesitações na defesa portista. Pelo meio, Felipe apareceu no sítio errado à hora errada. Aos 21’, após canto na direita, o central brasileiro fez autogolo e materializou a superioridade transalpina.

Uma expulsão que mudou o jogo

Foi uma meia hora discreta da equipa portuguesa. O FC Porto falhava imensos passes, insistia em cruzamentos disparatados e não encontrava soluções para travar a agressividade italiana. E quando o coletivo não resolve, as individualidades vêm à tona. Perto do intervalo, Otávio picou a bola e desmarcou André Silva. O avançado ganhou posição, mas foi derrubado por Vermaelen, que seria expulso por acumulação de amarelos.

Com uma vaga por ocupar no eixo central, Spalletti deslocou Juan e colocou Emerson Palmieri na esquerda. Em superioridade numérica e em desvantagem no marcador, a ordem para as hostes portistas era clara: arriscar. E assim foi. O FC Porto recuperou a estabilidade, puxou Otávio para terrenos interiores e melhorou o rendimento.

A fechar o primeiro tempo, André Silva reclamou penálti num lance em que o recém-entrado Emerson leva a mão à bola. A contestação subiu de tom aos 50’. Adrián López balançou as redes adversárias e festejou durante largos segundos. Só que Björn Kuipers voltou atrás, dialogou com os auxiliares e assinalou fora de jogo ao dianteiro espanhol que recebeu o passe de André Silva no interior da área.

O número 10 do FCP falhou oportunidades soberanas para igualar a contenda, mas viria a redimir-se. À hora de jogo, Emerson jogou a bola com o braço dentro da grande área. O árbitro assinalou grande penalidade e André Silva bateu de forma implacável Alisson. Estava quebrado o bloco romano, mas não a desvantagem na eliminatória.

Pouca loucura, algumas lágrimas e muita prudência

Meia hora para rentabilizar a vantagem anímica. Os adeptos acreditavam cada vez mais na reviravolta. Mas Nuno quis jogar pelo seguro. Foi cauteloso nas substituições e experimentou um losango no meio-campo. Pelo caminho, colocou em campo Evandro quando se preparava para lançar Rúben Neves. O gesto pode ter passado despercebido à bancada, mas deixou o médio português a chorar.

Verdade é que o FC Porto pouco mais incomodou as redes italianas. Apesar do ascendente e do atrevimento de André Silva, teve pouca presença na área. E ressentiu-se das indefinições no plantel. Faltou o reforço Depoitre. Ou os ausentes Brahimi e Aboubakar.

À parte isso, a equipa portuguesa justificou um triunfo. Mas se o resultado acaba por premiar a segurança italiana, importa sublinhar que será preciso mais FC Porto. Afinal, Roma aparece no caminho já na próxima terça-feira.

Nuno satisfeito com equipa “intensa e dominadora”

Nuno Espírito Santo fala num resultado injusto para o FC Porto. Em declarações à RTP logo após o final do jogo, o treinador portista disse que a sua formação foi “discreta” durante os primeiros 20 minutos de jogo. Contudo, valorizou o trabalho desempenhado por uma “equipa intensa, dominadora, solidária e rápida”.

Já André Silva lamenta as oportunidades desperdiçadas. O avançado diz que o FC Porto “não foi feliz”, embora esteja “tudo em aberto”.

Ficha de jogo
FC Porto
Onze inicial: Iker Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Iván Marcano e Alex Telles; Héctor Herrera, Danilo Pereira, André André e Otávio; Adrián López e André Silva.
Suplentes utilizados: Miguel Layún, Jesús Corona e Evandro
Treinador: Nuno Espírito Santo

AS Roma
Onze inicial: Alisson Becker; Alessandro Florenzi, Juan Jesus, Konstantinos Manolas e Thomas Vermaelen; Daniele De Rossi, Radja Nainggolan e Kevin Strootman; Mohamed Salah, Edin Džeko e Diego Perotti.
Suplentes utilizados: Emerson Palmieri, Federico Fazio e Leandro Paredes
Treinador: Luciano Spalletti