A melhor maneira de compensar o empate caseiro contra o Copenhaga seria os “dragões” irem buscar os três pontos a Leicester, cidade que recebeu pela primeira vez um jogo da liga milionária. Mas a derrota por 1-0 sofrida na noite desta terça-feira veio complicar ainda mais as contas da equipa portuguesa.

Os campeões ingleses foram inteligentes na forma como abordaram o jogo contra o Porto. Os primeiros quinze minutos foram disputados pelas duas equipas, mas a partir daí o Leicester tomou controlo da partida e chegou ao golo aos 25 minutos, por intermédio de Slimani.

Na segunda parte, houve mais Porto e um Leicester que se viu aflito nos últimos vinte minutos, o melhor período dos portistas no jogo.

Arranque forte foi muito fugaz

O FC Porto entrou no jogo muito pressionante e à procura do golo. Ao terceiro minuto da partida, estava feito o primeiro aviso da equipa portista: Otávio recupera a bola na ala esquerda e isola André Silva, que, sem deixar tocar a bola no chão, domina e remata para fora, muito por culpa da saída pronta de Kasper Schmeichel. O remate do ponta-de-lança português foi o ponto alto de um período em que o Leicester entregou o jogo ao Porto, que pouco soube fazer com ele.

Num 4-4-2, Nuno Espírito Santo juntou Óliver a Danilo, que muitas vezes funcionou como terceiro central. André André foi posicionado na ala direita e Otávio na esquerda, com a ordem de ocuparem zonas interiores sempre que a equipa se encontrasse em transição defensiva. Os centrais do Porto estavam atentos aos ponta-de-lanças dos ingleses, mas a defesa portista quase deixava escapar um cabeceamento de Huth, não tivesse este falhado por centímetros.

Ao minuto 15, numa transição ofensiva dos “foxes”, Slimani passa para Vardy que, já dentro da área, tenta devolver ao argelino, mas Marcano estava atento. O jogo passou a ser mais favorável à equipa da casa: rápido e com muitas transições. Exemplo disso foi o golo do Leicester. Mahrez joga na ala direita e faz um centro teleguiado para a cabeça de Slimani, que consegue escapar à marcação de Felipe para cabecear para o fundo da baliza. O argelino estendia assim para quatro o número de jogos que marcou contra o FCP.

Até ao fim do primeiro tempo, o Porto não foi perigoso, salve um livre de Layún, aos 35 minutos, que não entra por pouco. O Leicester organizava-se bem, a defender com duas linhas de quatro, e deixava Vardy e Slimani na frente de ataque. Drinkwater e Amartey iam anulando as investidas portistas pelo corredor central.

Inteligência e sorte

A segunda parte não começa da melhor maneira para o Porto, com Slimani a cruzar para Vardy, que poderia ter feito o 2-0 se Casillas não tivesse intercetado a bola. Os “dragões” rapidamente se organizaram. O meio-campo começava a controlar melhor a bola e a pressionar mais alto, obrigando o Leicester a tomar uma posição mais defensiva.

Ao minuto 63, Herrera entra para o lugar de André André. O mexicano saltou para o campo para segurar o jogo, que ia ficando mais físico. Um minuto depois, Amartey faz falta perigosa sobre Otávio, e aos 69 minutos Danilo é alvo das boas graças de Cüneyt Çakır, que bem podia ter expulso o médio. Os ingleses faziam valer o seu poderio físico para travar os ataques portistas.

Mas a sorte também faz parte do jogo. Depois de ter feito o primeiro remate na segunda parte aos 72 minutos, o Porto começava a encostar os anfitriões à parede. Aqui começaram a surgir os fantasmas do passado: muitas oportunidades, mas pouca eficácia na hora de decidir. André Silva era o espelho da equipa, pois quando pegava na bola dentro da área contrária, parecia que não sabia o que fazer, e quando fazia, fazia mal. Aos 83 minutos, os “dragões” chegaram a ter 63% de posse de bola, mas não materializavam essa superioridade.
A grande oportunidade do jogo para os portistas chegou no minuto 83, com Corona, dentro da área, a rematar ao poste.

“Permitimos ao Leicester sair”

No final, o treinador do Porto reconheceu que a sua equipa não fez uma boa primeira parte. “Não entrámos tão bem como desejávamos, apesar das primeiras ocasiões serem nossas. Após quinze minutos, perdemos o controlo do jogo, e permitimos ao Leicester começar a sair”, afirma.

Na segunda parte, o Porto entrou diferente, como observa Nuno Espírito Santo: “Nos últimos 20 minutos, fomos totalmente dominadores, não deixamos sequer o Leicester sair. No final, o resultado foi mau para os “dragões”, ao ponto do técnico admitir que acabou “a margem de erro”, sem contudo deixar de estar “otimista em relação ao crescimento da equipa”.

“Jogámos com o nosso espírito”

Claudio Ranieri ficou feliz com a vitória da sua equipa. “Jogámos com o nosso espírito”, afirmou. O técnico italiano também reconheceu que o Leicester esteve aflito nos minutos finais do jogo: “Sofremos nos últimos 10 minutos, mas foi importante ganhar. A concentração estava alta, fomos resilientes”.

Ranieri considerou que o Leicester nem sempre esteve bem no último passe, mas houve um jogador a fugir à regra. Riyad [Mahrez] fez um passe fantástico para o Slimani”.

No outro jogo do grupo G, o Copenhaga recebeu e venceu por 4-0 os belgas do Club Brugge, próximo adversário do Porto. Os “dragões” ficam em terceiro com um ponto em dois jogos disputados. O Leicester comanda a chave com seis pontos em dois jogos.

Sorte diferente para a outra equipa portuguesa em ação. O Sporting recebeu e venceu o Légia de Varsóvia por 2-0, com golos de Bryan Ruiz e Bas Dost. Os “leões” estão em terceiro do grupo F com 3 pontos. No mesmo grupo, o Real Madrid foi a Dortmund empatar a dois golos, e divide com os alemães a liderança do grupo com quatro pontos.

Esta quarta-feira, é a vez do Benfica entrar em campo no terreno do Nápoles, com quem vai disputar a liderança do grupo B, para já nas mãos dos italianos.

Ficha de jogo
Competição: Liga dos Campeões (2ª jornada)
Estádio: King Power Stadium, Leicester
Assistência: 31.805
Golos: Slimani (25′)
Cartões Amarelos: Felipe Monteiro (21’); André Silva (23’); Islam Slimani (32’); Danilo Pereira (49’); Huth (54’); Mahrez (59’)

Equipa de Arbitragem
Árbitro: Cüneyt Çakır (Turquia)
Árbitros Assistentes: Bahattin Duran e Tarik Ongun
Quarto Árbitro: Mustafa Eyisoy

FC Porto
Onze inicial: Iker Casillas; Miguel Layún, Iván Marcano, Felipe Monteiro e Alex Telles; Danilo Pereira, André André (capitão), Oliver Torres e Otávio; Adrián Lopez e André Silva
Suplentes utilizados: Hector Herrera (63’); Diogo Jota (63’); Corona (78’)
Treinador: Nuno Espírito Santo

Leicester City FC
Onze inicial: Kasper Schmeichel, Luis Hernández, Robert Huth, Wes Morgan (capitão), Christian Fuchs, Riyad Mahrez, Danny Drinkwater, Daniel Amartey, Marc Albrighton; Islam Slimani, Jamie Vardy.
Suplentes utilizados: Andy King (82’), Demarai Gray (88’) e Ahmed Musa (94’).
Treinador: Claudio Ranieri

Artigo revisto por Filipa Silva