A empresa Omniflow tem pronto a instalar, no Polo da Asprela, o projeto Omniled, com o qual conquistou o primeiro prémio do concurso “Desafios Porto”, na categoria de Energia.

São dez os aparelhos previstos. A empresa está à espera que a Câmara Municipal do Porto autorize a instalação e que “sejam resolvidas questões de natureza legal e contratual”, explicou ao JPN um dos sócios e administradores da empresa, António Sousa Correia.

António Sousa Correia

António Sousa Correia | Foto: Patrícia Garcia

A proposta da Omniflow – aumentar a iluminação do local de forma ecológica, sustentável e com um sistema de videovigilância incorporado nos aparelhos de luz – foi uma das quatro vencedoras do concurso promovido pela CMP. A promessa é a de tornar o maior polo da Universidade do Porto “mais habitável e seguro”.

Apesar de um dos prazos acordados para finalizar o projeto já ter sido ultrapassado, espera-se para breve a sua finalização. “A Omniflow tem todo o interesse em terminar este projeto o mais rapidamente possível, até porque a instalação no polo da Asprela durará entre um a dois dias, dependendo do número de trabalhadores que a Câmara do Porto disponibilizar para efetuar a instalação”, declarou António Correia.

“Para nós, seria bastante interessante poder mostrar aos nossos clientes internacionais que temos os nossos aparelhos instalados na nossa cidade”, acrescentou, até porque, como sublinhou, a empresa vende melhor para outros países do que em Portugal.

Os dispositivos Omniled vão ser instalados em mais dois pontos da cidade do Porto: perto da rotunda da Boavista e na zona do Mercado Bom Sucesso.

Dispositivos autónomos e inteligentes

António Sousa Correia reforça o facto de este sistema de iluminação “de elevada eficiência” ser muito mais do que um “simples sistema de iluminação”, uma vez que as câmaras ocultas incorporadas nos dispositivos podem estar ligadas a uma central de controlo e assim diminuir a insegurança sentida por parte dos estudantes.

Omniled

Omniled | Foto: Patrícia Garcia

O Omniled é um aparelho de iluminação “completamente autónomo com uma tecnologia única desenvolvida pela empresa” que gera a sua própria energia através do vento – “mesmo que seja a baixa velocidade” – e da luz solar.

“Está preparado para sobreviver a uma catástrofe, ou seja, mesmo que fiquemos sem luz solar durante um ou dois dias este dispositivo vai continuar a trabalhar”, assegura o administrador da Omniflow.

Dentro desta estrutura existem baterias que acumulam toda a energia gerada e que depois é utilizada com LEDs de elevado rendimento.

António Correia, salientou também o facto de estes dispositivos serem “inteligentes e capazes de detetar movimento”, assim, quando alguém se aproxima, a intensidade da luz aumenta e quando essa pessoa se afasta o nível da luz diminui.

Estudantes preferiam outra localização para os dispositivos

Pedro Castro, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) lamenta que só a zona da estação do metro Pólo Universitário vá receber estes dispositivos. A maior falta de luz, garante, sente-se “em algumas ruas de ligação entre instituições”.

Acrescenta ainda que “ultimamente, devido à instalação de parquímetros perto das faculdades, os estudantes passaram a estacionar mais longe das instituições onde a luz dos postes é apagada pela sombra das árvores o que torna os caminhos obscuros”, contou ao JPN.

O JPN ouviu também vários estudantes daquela zona. No geral, consideram que mais do que luz, falta movimento à noite para garantir um maior sentimento de segurança.

Catarina Cardoso é estudante na Faculdade de Economia. Confessa que quando sai da faculdade no final do dia há “muito pouca gente na rua” e é esse o principal motivo que a leva a sentir-se “pouco segura”. No percurso que faz habitualmente não sente falta de luz, no entanto, sente que “a zona em si é uma zona pouco segura”.

Ana Fernandes frequenta a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e termina as suas aulas habitualmente às 21h00. Sente ”muito medo” quando se desloca sozinha àquela hora uma vez que a luz “é pouca” e “é amarela muito ténue”.

A estudante diz que a zona do polo universitário da Asprela durante o dia tem movimento graças aos estudantes, professores e funcionários das instituições de Ensino Superior da área, mas que “à noite é assustadora” e que é incapaz de se deslocar sozinha até à estação de metro por ter “medo de ser assaltada, precisamente pela falta de luz”.

No que quase todos concordam é que gostariam que estes dispositivos fossem colocados nas zonas de ligação entre as faculdades, mais do que na estação de metro que serve o local.

O administrador da Omniflow confessa que “gostava de poder selecionar os pontos” onde os dispositivos vão ser instalados uma vez que tem conhecimento das queixas dos estudantes para a falta de segurança em algumas ruas circundantes às faculdades, mas a Câmara Municipal do Porto decidiu que será a zona da estação do metro a receber estes novos equipamentos.

O que é o concurso “Desafios Porto”?

O concurso “Desafios Porto” promovido pela Câmara do Porto, com o apoio do CEIIA, EDP, NOS e EY, cumpriu este ano a primeira edição. Numa primeira fase, o objetivo foi saber que problemas sentem os cidadãos na cidade.

No total, 313 desafios foram apresentados pelos munícipes do Porto. Depois foi a vez das empresas da região apresentarem uma solução para os problemas dos cidadãos. Mais de cem empresas concorreram prometendo solucionar de forma inovadora os problemas apresentados, mas apenas quatro empresas foram vencedoras e a Câmara Municipal do Porto, juntamente com os patrocinadores, prometem cobrir o custo no desenvolvimento dos projetos.

Além da Omniflow, venceram o concurso a empresa Positive Blue com o projeto GameON na categoria “Cidade Digital”; a SiosLife com a proposta Porto3i na área de “Saúde e Bem-estar” e ainda a Healthyroad na área da “Mobilidade e Ambiente”.

De acordo com o regulamento, cada proposta recebe um prémio até 50 mil euros, de acordo com o Orçamento apresentado, estando ainda prevista a atribuição de um apoio técnico no valor máximo de 12.500 euros.

O JPN questionou a Câmara Municipal do Porto no sentido de perceber quais os prazos previstos para a implementação das propostas vencedoras, mas não obteve resposta até ao fecho da edição deste artigo.

Artigo editado por Filipa Silva