O Palácio dos CTT, localizado no coração da cidade, serviu de cenário ao arranque da primeira fornada de desfiles do Portugal Fashion, no norte do país.

O maior evento de moda em Portugal apresentou as propostas das coleções para a primavera/verão do próximo ano dos jovens criadores Beatriz Bettencourt, Olimpia Davide, Eduardo Amorim, Maria Kobrock, Inês Torcato, David Catalán, Sara Maia, Pedro Net, [UN]T e Klar.

Pela primeira vez, o evento inovou ao apresentar um dia e um local exclusivos para a plataforma de novos talentos, o Bloom, mantendo, como tem sido habitual, a lógica de acesso livre ao público em geral que, uma vez mais, disputou um lugar na assistência.

Outra das novidades desta edição foi a introdução de atuações de músicos e bandas de música moderna portuguesa, como peixe:avião, Dear Telephone ou Old Jerusalem, entre intervalos dos desfiles.

Beatriz Bettencourt e Olimpia Davide

Beatriz Bettencourt apresenta uma coleção intitulada de “retrograde” que retrata um movimento retrógrado até ao momento da infância. As cores contrastam com tons de azul e nuances de branco e bege, mas vislumbraram-se apontamentos de laranja e vermelho ocre. A coleção revela “uma atitude muito descontraída, um pouco inocente e até naïf”, adiantou a designer que acredita que quanto maior a inocência, maior o contentamento.

Para a próxima estação, Olimpia Davide propõe uma coleção inspirada numa viagem à Turquia. Formas assimétricas, silhuetas esvoaçantes e volumes caracterizam  os seus coordenados. Da paleta de cores sobressaem o azul-marinho, o laranja e o branco.

Eduardo Amorim

O grunge e os anos 90 foram o ponto de partida para a coleção do criador Eduardo Amorim, “Seattle Mess”. “Também fui buscar algumas referências dos anos noventa mais pop.” As tonalidades nas suas criações vão dos ocres ao rosa-vermelho e aos tons de chá, em tecidos tingidos, sob processos naturais com lixívia, café, entre outras coisas.

Maria Kobrock

Inspirada pelas escritas de Albert Camus e as suas ideias sobre o absurdismo, Maria Kobrock assenta a sua coleção em cores frias como o amarelo, o verde e o azul. A criadora descreve os coordenados como “uma experiência visual” que pretende dar a “ideia de que o mundo não quer saber de nós e [que somos] nós que temos de dar significado às nossas próprias vidas.”

Inês Torcato e David Catalán

“A coleção é uma espécie de autorretrato. É um espelho”, afirma Inês Torcato na apresentação da sua coleção mista, “Sketch (Self Portrait)”. A designer aposta em sobretudos e camisas, em tecidos de padrão riscado, como o dos típicos fatos, nos quais sobressaem o preto, o azul-marinho, branco e marsala. O toque masculino é visivel nas roupas, largas e fluídas.

Já o criador espanhol, David Catalán, aposta em malhas com transparências, tecidos tingidos e gangas, em “Forget about it”. O pantone inclui preto, branco, lilás, salmão e verde-água. Alargadores, colares, piercings no septo, óculos de sol e malas são acessórios que completam os looks.

Sara Maia

A jovem criadora do Porto apresenta uma coleção universal, cujo objetivo passa por ser acessível  “para ninguém e para todos”

Pedro Neto

O designer apresentou pela primeira vez a linha de homem, além da feminina. A coleção foi inspirada numa obra de arte de Arnold Böcklin, “Isle of the Dead”, que “retrata uma mulher a levar o homem morto para a ilha da morte”. As cores obscuras conferem o dramatismo pretendido pleo criador, aliado “à música em si, [ao] styling, [ao] ‘make up’ ao cabelo”.

UN T e KLAR

“Aestetic Deformation”, da UN T, da dupla Tiago Silva e Joana Cardinal, “tem como base o estudo do corpo humano, maioritariamente feminino, […] e a sua deformação.”

Se por um lado, as redes, presentes nas meias até ao joelho, coletes e em malas, conferem transparência, por outro, os tecidos rígidos, em tons de azul, bege, vermelho-ocre e branco, não revelam o corpo. As sobrancelhas e os lóbulos pintados a vermelho, envoltos em fitas de gaze, são intercalados com os rostos cobertos por máscaras.

Os criadores Alexandre Marrafeiro, Andreia Oliveira e Tiago Carneiro, da marca Klar, apresentaram, por sua vez, criações em tons encarnados, pretos e brancos, com apontamentos de bege e verde tropa.

Com uma “estética crua e sofisticada”, as peças contemporâneas, trabalhadas em tecido enrugado, são complementadas com bonés trespassados por longas argolas metálicas.

O Portugal Fashion, projeto da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), desenvolvido em parceria com a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), continua esta sexta e sábado no Palácio dos CTT, na Alfândega do Porto e no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.

O alinhamento dos desfiles pode ser consultado aqui.

Artigo revisto por Filipa Silva