Na aproximação a Marte “os últimos 122,5 quilómetros são especialmente cruciais para o sucesso da viagem”, explica a HPS Porto, empresa portuguesa que desenvolveu parte da tecnologia presente no módulo que se espera que venha a aterrar no planeta vermelho na tarde desta quarta-feira.

A viagem já leva mais de 5 mil horas, mas é na entrada da atmosfera de Marte que as coisas se podem complicar: “é neste troço que o módulo, descendo, se separa do resto da nave e afunda, a uma velocidade de 21 mil quilómetros por hora, numa atmosfera hóstil e rica em dióxido de carbono, resistindo contra as temperaturas de até 2.100 graus Celsius”. “Como termo de comparação, a lava quente de um vulcão na Terra atinge os 1.200 graus Celsius”, nota a organização.

O objetivo, claro, é que o Schiaparelli, como foi batizado o módulo, aterre em segurança cerca de “seis minutos depois” de iniciada a descida. Serão 15:47 (hora portuguesa) e a aterragem está prevista que ocorra na Meridiani Planum, uma área de Marte. Será possível acompanhar o acontecimento em direto online.

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A HPS Porto é a empresa portuense, sediada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), que projetou, desenvolveu, produziu e integrou “na estrutura final o ‘MLI’ – isolamento térmico em camadas múltiplas – que cobre o módulo de descida a Marte, o ‘Schiaparelli’”, explicava em março a diretora da organização, Celeste Pereira, ao JPN.

Esta tecnologia tem como objetivo proteger o equipamento contra as temperaturas baixas durante a viagem Terra-Marte, bem como contra as temperaturas altas durante a entrada no planeta Marte, explica a empresa.

O módulo foi lançado no dia 14 de março ao abrigo da “ExoMars”, missão de exploração a Marte desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA) e pela Roscosmos, a Agência Espacial Russa. A missão tem como objetivos investigar a possibilidade de vida em Marte, bem como preparar futuras missões com robots ou tripulação humana.