Miguel Leal estreou-se pelo Boavista na liga com um empate. Num duelo entre equipas que já mudaram de treinador esta temporada, o equilíbrio foi nota dominante. Dyego Sousa adiantou os insulares no marcador, mas Carraça igualou a contenda e tirou os primeiros pontos a Daniel Ramos na Liga NOS.

Abrir com duplo infortúnio

Face à vitória na Figueira da Foz para a Taça de Portugal, Daniel Ramos promoveu uma completa revolução. Mudou dez peças, manteve Éber Bessa e recuperou o capitão Fransérgio. Por sua vez, Miguel Leal foi mais contido e só remeteu mexidas para o último terço: Renato Santos e André Schembri renderam Bukia e Erivelto.

Desde o começo foi assim: visitados com mais bola, forasteiros pragmáticos na dose conveniente. Um cenário montado em ritmo médio-baixo, com pouco espaço para jogar, e envolvido por chuviscos. Schembri ameaçou logo aos 4’, desviando para fora um cruzamento do destro Tiago Mesquita.

Em dificuldades para rasgar linhas adversárias, o Marítimo só criava perigo de bola parada. Mas foi no contra-ataque que descobriu a pólvora. Aos 25’, António Xavier ganhou posição dentro da grande área boavisteira, mas corria em direção à lateral. O lance não parecia perigoso, de facto. Só que, pelo caminho, Mesquita lesionou-se, não conseguiu controlar a queda e um ligeiro toque no extremo maritimista. Grande penalidade que Dyego Sousa não perdoaria: guarda-redes para a esquerda, bola para a direita. Quarto golo consecutivo do avançado brasileiro com a camisola verde-rubra em 2016/17.

Do lance resultaram problemas adicionais para Miguel Leal. A lesão de Mesquita obrigou à adaptação de Tengarrinha ao corredor direito, sem que isso sacrificasse o 4-3-3 de base. O Boavista tentou acelerar o jogo em busca do empate, mas sem grande sucesso. O Marítimo, fruto de bons posicionamentos na zona da bola, nunca deu grandes esperanças aos avançados axadrezados. Aliás, até esteve perto de dilatar a vantagem. Erdem Şen cruzou da direita e Dyego Sousa desviou de primeira (39’), levando a bola a passar por cima da barra.

Uma Carraça atrás de pontos

Sem alterações (nos onzes e nas dinâmicas), o segundo tempo prometia mais do mesmo. Mas Rui Moura, vulgo Carraça, tinha outros planos. Seis minutos volvidos e novo piscar no marcador. Iuri Medeiros descobriu à entrada da área o médio, que aplicou um remate colocado de pé direito. A bola fugiu do alcance de Eduardo Gottardi e alojou-se junto ao poste direito.

Sem forçar muito, o Boavista chegava ao empate. A partir daqui muitas paragens e alguns cartões amarelos. Carraça, cheio de confiança pelo seu golo de estreia no campeonato português, ainda pôs as mãos de Gottardi a ferver (66’). Um simples fogacho, porque meter gelo no jogo era a ordem Leal. Com linhas recuadas e sangue fresco, os axadrezados cederam por completo a iniciativa à equipa de Daniel Ramos. Se não esbarrassem no trabalho coletivo entre médios e defesas, bastava a segurança de Kamran Agayev. Fransérgio, autor de dois tiros que obrigaram a estiradas apertadas nos descontos, que o diga.

O empate premeia o Boavista, que pareceu quase sempre satisfeito com a divisão de pontos. O conjunto de Miguel Leal ascendeu provisoriamente ao décimo lugar, a um ponto do Marítimo. Na próxima jornada, o Boavista recebe o Estoril Praia. Já o Marítimo visita Arouca, depois de enfrentar a meio da próxima semana o CF União, para a Taça da Liga.

“Ao fim de oito dias de trabalho, estou satisfeito”

Miguel Leal destacou “a atitude, o querer e a vontade de vencer” de uma pantera que “está recuperada das feridas”. Na zona de entrevistas rápidas da SportTV, o treinador disse que está satisfeito com a produção do Boavista, ainda que “não tenha sido tão forte a defender”. “Os jogadores estão a corresponder àquilo que foi pedido e a entrega tem sido total”, rematou. Já Carraça sublinhou que o Boavista “chegou ao empate com muito trabalho”, para conseguir um “ponto muito importante” na luta pela manutenção.

Do lado maritimista, Daniel Ramos considerou que “o empate sabe a pouco”. Ao fim de quatro jogos no comando dos insulares, “há aspetos que estão consolidados, outros que precisam de ser melhorados”, disse à SportTV. Fransérgio destacou um “empate importante”, que permite ao Marítimo “fazer sete pontos nos últimos três jogos”.

Dragões e panteras enfrentam primodivisionários

O sorteio da quarta eliminatória da Taça de Portugal, realizado esta sexta-feira, na sede da Federação Portuguesa de Futebol, ditou alguns duelos entre clubes da Liga NOS. O FC Porto desloca-se a Chaves, depois de ter eliminado o Gafanha em Aveiro com três golos sem resposta. Já o Boavista, que derrotou o Leiria, recebe o Vitória SC. As partidas estão marcadas para o dia 20 de novembro.

Ficha de jogo
Competição: Liga NOS (8ª jornada)
Estádio: Barreiros, Funchal
Golos: Dyego Sousa (27’) e Carraça (51’)
Cartões Amarelos: Idris (6’), Renato Santos (44’), Nuno Henrique (54’), Kamran Agayev (74’), Digas (80’) e Patrick Vieira (82’)

Equipa de Arbitragem
Árbitro: Vasco Santos (AF Porto)
Árbitros Assistentes: Bruno Trindade e João Silva
Quarto Árbitro: Anzhony Rodrigues

CS Marítimo
Onze inicial: Eduardo Gottardi; Patrick Vieira, Raul Silva, Maurício Antônio e Fábio China; Éber Bessa, Erdem Şen e Fransérgio (capitão); Edgar Costa, Dyego Sousa e António Xavier
Suplentes utilizados: Gevaro Nepomuceno, Gevorg Ghazaryan e Amido Baldé
Treinador: Daniel Ramos

Boavista FC
Onze inicial: Kamran Agayev; Tiago Mesquita, Nuno Henrique, Lucas Tagliapietra e Talocha; Idris (capitão), Carraça e Fábio Espinho; Iuri Medeiros, André Schembri e Renato Santos
Suplentes utilizados: Tengarrinha, Digas e Anderson Carvalho
Treinador: Miguel Leal

Artigo editado por Filipa Silva