Mais de 3 mil pessoas passaram pela FINDE.U – Feira Internacional de Emprego Universitário nos dias 2 e 3 de novembro. Entre empregos a tempo inteiro, estágios profissionais e curriculares, e projetos de investigação, foram mais de duas mil as oportunidades destinadas aos jovens. Organizada pela Universidade do Porto, em parceria com as universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e de Vigo (Espanha), o certame fez sucesso.

Retalho, tecnologia, indústria, economia e gestão foram as áreas mais procuradas. Desta segunda edição, resultaram cerca de 15 mil currículos transacionados, um número sensivelmente maior ao do ano passado.

De entre as empresas mais procuradas, ressaltam a Lactogal, com mais de 300 candidaturas, a BOSCH, com mais de 250, e a Colep e a Parfois, cada uma com cerca de 220 registos. Mas foram muitas as empresas de renome presentes, como a Calzedonia, a Continental Mabor, a Decathlon, e Deloitte, a EDP, a SONAE, a YAZAKI Saltano, entre outras. Os participantes queixaram-se da falta de oferta de algumas áreas específicas, como a do design ou da engenharia civil.

Também as câmaras municipais do Porto, da Trofa, de Felgueiras, de Gondomar, de Ponte de Lima, de Viana do Castelo e de Vila do Conde estiveram presentes. Depois de adquirirem espaço na Feira, cederam-no a pequenas e médias empresas dos seus municípios. O objetivo é dar a conhecer aos jovens as oportunidades de trabalho que existem nos seus concelhos de origem.

Segundo Manuel Fontes de Carvalho, Pró-Reitor da Universidade do Porto com o pelouro da Empregabilidade, a presença das pequenas empresas é tão ou mais importante do que a das grandes, uma vez que “representam cerca de 93% ou 94% da empregabilidade em Portugal”. Acrescenta que os jovens “desconhecem que nos concelhos de origem há melhores oportunidades”, e que as câmaras investem na feira “na perspetiva de cativar ou recativar os jovens para a sua localidade de origem”.

2

Estiveram presentes mais de 100 empresas. A maior parte, vem com a intenção de recolher uma bolsa de currículos através de um contacto pessoal com os diplomados. “Nós também fazemos a Feira Virtual, mas eles preferem vir a estas, conseguem estar frente a frente com os estudantes”, explica o Pró-Reitor. Outras, apenas querem dar-se a conhecer, “numa perspetiva de que, quando quiserem começar a contratar, os diplomados saibam que aquela empresa existe”.

O que valorizam as empresas?

Todas querem ter um primeiro contacto com os jovens recém-graduados, fazer uma prospeção de mercado, recolher currículos e encontrar os talentos e futuros profissionais do nosso do país. Acima de tudo, as empresas fizeram referência à importância do valor pessoal e comportamental dos candidatos. “Queremos pessoas dinâmicas, bem-dispostas, proativas e que gostem bastante de trabalhar”, declarou um elemento da empresa Tintas 2000, presente na Feira, ao JPN.

Para Manuel Fontes de Carvalho, os estudantes têm que perceber que “para entrarem no mercado de trabalho, não chega ter um curso e um diploma superior”. Os empregadores mostram-se cada vez menos preocupados com a nota do candidato, e valorizam aquilo que ele é capaz de fazer para além de estudar. “Se não fez ERASMUS, se não fez voluntariado, se não foi catequista, se não foi bombeiro voluntário, se não fez estágios em empresas”, o valor pessoal do candidato desce substancialmente.

Estudar na Universidade do Porto pode fazer a diferença na altura da contratação. “Ao receberem um currículo, olham para a primeira página. É da Universidade do Porto? Viram a página, é credível de certeza”, acredita o Pró-Reitor da UP. “As candidaturas à Universidade do Porto são cada vez mais, e as notas de acesso cada vez maiores”, o que aumenta a competitividade da universidade. “Ao nível de exigência, tem um selo de qualidade. São alunos que têm de ser muito organizados, é um nível de ensino muito exigente, e acaba por ser uma universidade em que nós privilegiamos o recrutamento”, testemunha um elemento da Bosch, ao JPN.

Desemprego jovem está mais baixo

Segundo o Pró-Reitor, há um disparo positivo nos índices de emprego, fundamentalmente para os jovens com diploma de ensino superior. “Neste momento temos ainda 27% de desemprego jovem em Portugal. Em Espanha, no norte da Galiza, este desemprego ronda os 30%”. Tendo isto em conta, o responsável acredita que o “índice de oportunidades de trabalho para os jovens licenciados em Portugal esteja a aumentar”.

Quando confrontado com o distanciamento da FINDE.U em relação ao centro de atividade da Universidade do Porto, o pró-reitor explicou que a Exponor foi a melhor opção encontrada. “Dentro da Universidade, de momento, não temos capacidade ao nível de espaço para poder fazer a Feira”.

A organização ponderou realizar o evento na Alfândega do Porto, “mas era extraordinariamente mais cara”, esclareceu. E, dada a parceria da Universidade do Porto com a AEP (Associação Empresarial de Portugal), detentora da Exponor, a universidade conseguiu o espaço “praticamente a preços de custo”. Foi garantido o transporte gratuito, de 30 em 30 minutos, entre o Pólo da Asprela e o Pólo do Campo Alegre até à Exponor, com paragem em quase todas as faculdades.

A FINDE.U adotou um novo sistema, informatizado, de registo dos participantes. Os participantes fizeram o upload do seu currículo para um cartão magnético, o que possibilitou a passagem automática dos dados pessoais dos diplomados para as bases de dados das empresas recrutadoras. Esta evolução não agradou a todos. Um dos alunos presentes queixou-se ao JPN: “O registo é bastante complicado, porque o telemóvel nem dá para anexar um pdf”.

“Acho que é bom, as universidades fazerem este tipo de eventos, para ajudar os alunos a encontrarem mais facilmente emprego e a estarem mais próximos do mercado de trabalho”. A afirmação é de um dos estudantes, mas reflete a opinião geral. No entanto, o mesmo gostava “que houvesse maior interação com quem está à procura de emprego. Não há um contacto muito pessoal”. Outro acrescenta que “o espaço poderia ser mais bem distribuído, haver mais espaço para as empresas, para elas poderem ser mais rápidas”.

A organização mostrou-se satisfeita com a adesão dos participantes, considerando que “a aposta foi ganha completamente”, conforme as palavras de Manuel Fontes de Carvalho. Um dos participantes corrobora: “Parece-me que há mais gente este ano, mais ofertas e está tudo melhor organizado”.

A feira vai ter continuidade em Vigo (no IFEVI – Instituto Feiral de Vigo), nos dias 8 e 9 de novembro. A Universidade do Porto irá providenciar transporte gratuito aos seus estudantes, que devem fazer a sua inscrição online. Um autocarro partirá do Porto às 7h30 e regressará às 17 horas.

Artigo editado por Filipa Silva