O FC Porto reencontrou o Chaves, esta segunda-feira à noite, no Estádio do Dragão, e conseguiu “vingar-se” da derrota que levou a equipa portista a sair da Taça de Portugal.

Depois de se ver em desvantagem na primeira parte, devido ao surpreendente golo de Rafael Lopes, o FC Porto deu a volta ao resultado na segunda metade do jogo, com os golos de Depoitre e Danilo.

O Desportivo de Chaves fez no Estádio do Dragão o que apenas a AS Roma tinha conseguido esta temporada: uma primeira parte de nível superior ao FC Porto.

A (quase) surpresa Chaves

Com vontade de tomar conta do jogo logo de início, o FC Porto entrou rápido, tentando chegar o mais depressa possível à área do adversário. Com um futebol muito vocacionado para os corredores laterais, os azuis e brancos tentavam criar situações de superioridade numérica nas alas e conseguiram criar perigo sobretudo por Brahimi.

Com o tempo, o Desportivo de Chaves reposicionou-se e criou duas linhas de quatro (defesa e linha média), depois coadjuvada pelos dois jogadores da frente, Rafael Lopes e Braga ou então Perdigão quando haviam trocas posicionais no processo defensivo da equipa. Peça fundamental foi também Assis, que conseguiu quase sempre, na primeira parte, anular os movimentos entre linhas de Óliver e o baixar de jogo de André Silva, neste caso também auxiliado pelo central Freire.

O Chaves apostava em criar indefinição à defesa portista na forma de sair a jogar e a tática utilizada deu frutos à passagem do minuto 13 de jogo. Felipe errou no passe e permitiu um contra-ataque rápido conduzido por Fábio Martins. O jogador flaviense entregou a Rafael Lopes que ultrapassou o central portista (ficou novamente mal na fotografia) e rematou à entrada da área. O remate desviou em Danilo e inaugurou o marcador no Dragão a favor dos flavienses.

A equipa portista perdeu o Norte. Muito inconsequente no seu jogo durante o resto da primeira parte, não conseguiu desmontar a estratégia bem definida pela equipa antes orientada por Jorge Simão.

O Chaves não se mostrou fragilizado no Dragão como muitos podiam augurar. A segunda melhor oportunidade da etapa inicial pertenceu à formação visitante. Iker Casillas teve de brilhar para evitar o 0-2, após cabeceamento de Leandro Freire. Braga e Paulinho ameaçaram igualmente a baliza do FC Porto, nesse período.

António Filipe, sufoco e golaço!

Nuno Espírito Santo precisava do intervalo para procurar soluções. E o tempo de descanso fez bem à equipa. Na segunda parte, a formação portista apresentou-se de uma forma completamente diferente, com um futebol de melhor qualidade e encostando às cordas o adversário.

O Chaves dispôs de pouquíssimas oportunidades para sair a jogar. Os flavienses sentiram tanto a pressão, o ritmo mais acelerado e as trocas posicionais mais constantes da equipa de casa, que o homem em destaque era nesta altura o guarda-redes António Filipe. Normalmente suplente de Ricardo, que não podia jogar por estar emprestado pelo FC Porto, na primeira metade da segunda parte conseguiu travar quase todos os remates que iam em direção à sua baliza. Destaque para uma defesa de grande nível aquando da saída a uma cabeceamento de André Silva.

Mas nem ele foi capaz de deter tudo. Ao minuto 53, André Silva marcou um golo que o árbitro invalidou, por fora de jogo. As imagens televisivas mostram que o avançado portista estava em linha com o último defesa flaviense. O FC Porto reclamou ainda de um lance duvidoso dentro da área adversária, pedindo penálti de Carlos Ponck sobre Maxi Pereira.

Isto antes da entrada de um jogador que iria iniciar o caminho para a vitória, Laurent Depoitre. Substituiu um apagado Diogo Jota ao minuto 64, e marcou o seu primeiro golo na Liga Portuguesa pouco tempo depois, respondendo da melhor forma com uma cabeçada a um ótimo cruzamento de Alex Telles para a zona do primeiro poste.

E ao minuto 77 consumou-se a reviravolta. Mais ou menos no mesmo sítio onde tinha surgido o golo flaviense para infortúnio de Danilo Pereira. Os papéis inverteram-se e neste lance foi o médio portista a rematar, depois de Óliver lhe amortecer a bola. Remate colocado e pleno de força com a bola a entrar pelo canto inferior esquerdo da baliza à guarda de António Filipe.

Após o 2-1, os visitantes ainda tentaram reagir. Subiram as linhas, pressionaram mais alto, em zonas de início de construção dos portistas, mas sem efeitos práticos. Boas incursões na lateral direita por parte de Paulinho ou jogadas bem delineadas por Battaglia no meio campo nunca foram definidas da melhor forma na fase final do jogo.

Nota ainda para a expulsão, no lado do Chaves, de Patrão pouco antes de terminar a partida.

Os azuis e brancos terminam assim um mês de dezembro muito positivo. Catorze golos marcados, dois sofridos. Somando a isso cinco vitórias consecutivas, quatro para o campeonato. Deixa o rival Sporting a sete pontos de distância – na sequência da derrota dos leões frente ao Sp. Braga, que está agora em terceiro lugar a quatro pontos dos dragões.

O FC Porto mantém a pressão sobre o Benfica, que se encontra a um ponto de distância, sendo que o FC Porto tem mais um jogo realizado para a Liga que os restantes clubes.

“A força desta equipa é o grupo”

Após o apito final, na zona de entrevistas rápidas, Nuno Espírito Santo realçou várias vezes a “grande demonstração de caráter” dos seus jogadores, no decorrer da partida. O treinador portista afirmou à SportTV ter-se tratado de um “jogo difícil contra um adversário difícil e organizado”.

O técnico falou no facto do primeiro golo dos azuis e brancos ter surgido de um jogador proveniente do banco, reiterando que “a força do grupo é o grupo e que quem entra vai para ajudar a contribuir”

No que diz respeito às próximas semanas, afirmou que agora é necessário descansar. Sobre o mercado de transferências, diz que vão ser tomadas “decisões bem fundamentadas em relação ao mercado”.

“Excelente primeira parte”

Já o treinador interino do Chaves, Carlos Pires, destacou que gostou muito da primeira parte da equipa, realçando não só o golo, mas também “mais três oportunidades de golo”.

Sublinhou várias vezes o apoio que tiveram dos cerca de mil transmontanos que se deslocaram à Invicta.

Em relação ao desgaste e à forma como o grupo geriu a saída de Jorge Simão, Carlos Pires afirmou que “não foi fácil para o grupo de trabalho esta semana”, mas que mesmo assim, tem a certeza que a equipa vai manter o nível exibicional.

 Ficha de Jogo
Competição: Liga NOS (14ª jornada antecipada)
Estádio: Estádio do Dragão
Golos: Rafael Lopes (13’), Laurent Depoitre (72’) e Danilo Pereira (77’)
Cartões amarelos: Alex Telles (28’), Ivan Marcano (51’), Alioune Fall (54’), L. Freire (62’), Perdigão (75’) e I. Casillas (93’)
Cartões vermelhos: João Patrão (94´)
Árbitro: Vasco Santos

FC Porto
Onze inicial: Iker Casillas; Máxi Pereira, Felipe, Iván Marcano (cap.), Alex Telles; Danilo Pereira; Jesús Corona, Óliver Torres, Yacine Brahimi; André Silva, Diogo Jota
Suplentes utilizados: Laurent Depoitre, João Carlos Teixeira e Rúben Neves
Treinador: Nuno Espírito Santo

GD Chaves
Onze inicial: António Filipe; Paulinho, Freire, Ponck, Nélson Lenho (cap.); Assis, Battaglia, Perdigão, Braga, Fábio Martins; Rafael Lopes
Suplentes utlizados: Alioune Fall, João Patrão e João Mário
Treinador: Carlos Pires

Artigo editado por Filipa Silva