É com “um conjunto de obras emblemáticas”, representando um investimento total de 5,8 milhões de euros, que Guilherme Pinto se vai despedir do seu terceiro mandato autárquico ao qual renunciou, esta semana, por razões de saúde.

O presidente da Câmara Municipal de Matosinhos (CMM) arranca o programa, que se vai prolongar até ao final do mês, com a inauguração da obra de requalificação urbana da Rua Alfredo Cunha, uma intervenção orçada em quase meio milhão de euros e que teve por objetivo regenerar um dos principais acessos ao centro da cidade matosinhense.

A ideia é que as despedidas sejam marcadas por um conjunto de obras “exemplificativas da estratégia seguida desde que assumiu a presidência da autarquia”, observa a edilidade.

No capítulo das inaugurações, incluem-se as reabilitações dos conjuntos habitacionais de Sendim (410 mil euros) e do Esquinheiro (1,5 milhões de euros). Quanto a obras que devem arrancar até ao final do mês, o município destaca a construção de uma nova praça em Matosinhos-Sul, delimitada pelas ruas de Sousa Aroso, Brito e Cunha e D. João I.

Com um orçamento a rondar o meio milhão de euros, a futura praça vai ter um Monumento ao Operário Conserveiro, da autoria do escultor Rui Anahory. “Será a grande praça que Matosinhos nunca teve e que, doravante, poderá ser um local privilegiado de exercício da cidadania”, sublinha Guilherme Pinto.

“Até ao final do mês serão ainda lançadas obras como a construção da ligação viária entre as ruas da Estação de S. Mamede e Flor de Infesta (198 mil euros), a requalificação da Rua Heróis de França e da Avenida Serpa Pinto (1,1 milhões de euros), a construção das praças do Freixieiro e do Padrão da Légua (602.090 euros), e da nova via de ligação da Rua Alfredo Cunha à Rua da Misericórdia (408.566 euros), bem como a requalificação da Praça de Lavra (336.740 euros)”, informa ainda a autarquia.

O quarteirão das marisqueiras (na intersecção Rua Roberto Ivens com Rua Tomás Ribeiro) vai ser alvo de um projeto de valorização com a construção do Sea Food Corner, orçado em 46.640 euros.

Saída da CMM, regresso ao PS

A notícia foi tornada pública na última segunda-feira. Guilherme Pinto entregou nesse dia à presidente da Assembleia Municipal, Palmira Macedo, a carta de renúncia ao atual mandato, o terceiro do autarca. A renúncia foi justificada por Guilherme Pinto com motivos pessoais. “Matosinhos e o projeto que, com grande honra, liderei durante onze anos merecem um Presidente a tempo inteiro e não alguém que hoje está diminuído nas suas capacidades físicas”, escreveu o presidente.

A decisão produz efeitos a partir do dia 1 de fevereiro, altura em que o vice-presidente, Eduardo Pinheiro, assume a liderança.

Para além da presidência da autarquia, Guilherme Pinto apresentou também a demissão dos diversos cargos que até aqui desempenhava, designadamente a presidência do Fórum Europeu de Segurança Urbana, da presidência do Conselho de Administração da Rede Europeia das Cidades e Escolas de Segunda Oportunidade e da presidência da Casa da Arquitectura.

No dia seguinte ao anúncio da tomada de decisão, o autarca “fez as pazes” formalmente com o Partido Socialista, partido pelo qual foi eleito em dois mandatos consecutivos, mas do qual se desvinculou nas últimas autárquicas tendo concorrido nessa altura como independente e ganho o município com maioria absoluta.

A dissenção foi entretanto sanada e Guilherme Pinto assume um “apoio claríssimo” ao Governo de António Costa, tendo na terça-feira assinado uma ficha de admissão que oficializa o seu reingresso no partido. Nas próximas eleições autárquicas, marcadas para setembro ou outubro deste ano, o autarca apoia a candidatura da socialista Luísa Salgueiro, cuja Comissão de Honra encabeça.

A renúncia de Guilherme Pinto implicará também a subida à vereação do sétimo da lista eleita pelo Grupo de Cidadãos Eleitores Guilherme Pinto por Matosinhos nas eleições autárquicas de 2013, Tiago Maia, que assumirá o pelouro do Desporto, até aqui da responsabilidade do presidente.