O antigo Presidente da República e primeiro-ministro de Portugal, Mário Soares, faleceu esta tarde, no Hospital da Cruz Vermelha (HCV), em Lisboa, onde estava internado desde o passado dia 13 de dezembro.  Tinha 92 anos.

De acordo com o diretor clínico do HCV, o óbito foi registado às 15h28 deste sábado. Numa curta declaração, sem direito a perguntas e na companhia dos filhos do ex-chefe de Estado , Isabel Soares e João Soares, não foram prestados esclarecimentos sobre as circunstâncias da morte. Ficou o agradecimento, pelo responsável clínico, pela confiança depositada sobre aquela instituição a que Mário Soares “ficará para sempre ligado”.

Logo depois, no Palácio de Belém, o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou algumas das “imagens únicas” que envolveram Mário Soares e que “ninguém esquecerá”.

Da “presença corajosa ao lado de Humberto Delgado” nos anos de oposição ao antigo regime, à “resistência no exílio”, passando pelo “discurso na Fonte Luminosa”, “o debate com Álvaro Cunhal”, as crises financeiras que enfrentou como primeiro-ministro até “ao calor das Presidências Abertas” e ao sonho de “um Timor Leste independente”, recordou.

O “combate pela imortalidade do seu legado” será o último a travar, referiu ainda Marcelo Rebelo de Sousa.

Poucos minutos depois, foi a vez do primeiro-ministro, António Costa, se pronunciar sobre a notícia, na Índia, onde se encontra em visita de Estado, a qual não vai ser cancelada.

O chefe de Governo anunciou três dias de luto nacional a partir de segunda-feira e decretou honras de funeral de Estado, nas quais não vai comparecer.

Sobre Mário Soares, afirmou que “a ele devemos ter salvo a revolução” de Abril. Sublinhou ainda o papel do político no processo de descolonização, de democratização e da entrada na União Europeia (à altura Comunidade Económica Europeia).

“Deu um contributo único e insubstituível para sermos hoje um país livre, democrático e europeu”, disse.

Mário Soares destacou-se na oposição à ditadura tendo sido preso mais de uma dezena de vezes. Em 1968 foi deportado para São Tomé pelo governo então chefiado por António Salazar. Dois anos depois, Marcello Caetano permitiu-lhe o exílio em França. Regressou a Portugal três dias depois do 25 de Abril de 1974 para assumir um papel de destaque no processo de democratização do país. Um ano antes, fez parte do grupo de fundadores do Partido Socialista.

Chefiou três governos – além do primeiro e segundo, esteve à frente do nono governo constitucional – e foi Presidente da República entre 1986 e 1996.