É um espetáculo sobre a morte? Ou sobre a vida? Pode ser uma coisa sem ser a outra? Provavelmente, não. O Teatro Universitário do Porto (TUP) estreia esta quinta-feira “Ainda”, uma peça da autoria de Raquel S. e Vera Santos.

Um trabalho que se empenhou mais em fazer perguntas do que em encontrar respostas, e cujo traço diferenciador residirá na proximidade entre a obra e os seus intérpretes.

“É um espetáculo que tentou pensar sobre como a vida é fugaz”, explica Raquel S. ao JPN. A essa ideia, justapôs uma outra: “A ideia da morte faz-nos pensar na vida toda, no seu significado”. Há portanto o que passa e o que fica, o que foge e o que sobra. Um “paralelo entre fugacidade e permanência” que a dramaturgia da peça pretende explorar.

Uma obra sem texto, na qual o teatro e a dança, ou o teatro-dança, ajuda a marcar o ritmo. “Este espetáculo tem momentos muito coreográficos e tem cenas que são muito teatrais. E vive da tensão entre as duas”, descreve a co-autora. “A fugacidade, por exemplo, está muito mais ligada à cena teatral, uma coisa que surge, acontece e desaparece, enquanto que este lado permanente, mais relacionado com o sentido da vida e da morte, está mais relacionado com momentos coreográficos”.

Pelo palco vão passar nove intérpretes. “Os processos do TUP são sempre muito envolventes, longos, com ensaios diários, só não ensaiamos aos fins-de-semana, e são criados por nós. Tudo em conjunto”, conta Maria João Calisto, membro da direção do TUP e do elenco da peça.

A forma como a equipa foi envolvida na produção do espetáculo resulta como elemento diferenciador. “Sinto que é uma peça muito próxima aos intérpretes. Como eles trouxeram objetos deles, histórias, fotografias, coisas da família, sinto que é uma peça que está muito alimentada numa proximidade”, resume Raquel S.

“É uma peça de memórias, de vidas, de mortes, é um bom sítio para refletir acerca do que somos”, convida Maria João Calisto.

“Ainda” fica em cena até ao dia 11 de fevereiro, de terça a domingo, sempre às 22h00 no espaço do TUP, localizado desde 2015 na antiga A.C.E., no nº 1 da Praça Coronel Pacheco. Os bilhetes têm preços que variam entre os 3 euros para sócios e os 5 para bilhetes normais.