A Amoreira não é um estádio tradicionalmente fácil para os portistas. Um histórico de nove vitórias a favor dos dragões, oito a favor dos canarinhos e sete empates faziam antever dificuldades para o FC Porto. A juntar a isso, há exatamente um ano, a equipa do norte tinha um registo de três jogos consecutivos sem ganhar na Amoreira, dois para a Liga e um para a Taça da Liga. No entanto, o FC Porto conseguiu pôr de lado as estatísticas e acabou por levar de vencida a equipa o Estoril, este sábado, por 1-2.

A equipa azul e branca apresentou duas novidades no onze inicial, relativamente à última partida frente ao Rio Ave. André André rendeu o mexicano Corona, que treinou com limitações durante a semana. Já Maxi Pereira também entrou na equipa inicial e substituiu Layún. Destaque ainda para o regresso de Brahimi à convocatória para o jogo, depois do regresso da Taça das Nações Africanas onde representou a Argélia.

Por seu turno, a equipa do Estoril apresentou-se em casa com quatro alterações, face à  jornada anterior, na qual saiu derrotado pelo Feirense. Pedro Carmona relegou para o banco de suplentes Joel Ferreira, Eduardo Teixeira, Bazelyuk e Alisson Farias. Por sua vez, fez regressar ao onze Ailton, Tocantis, Kléber e promoveu a estreia a titular de André Claro (contratado neste mercado de inverno ao Vitória de Setúbal).

Muita luta e pouca história

O jogo abriu com aquela que foi, talvez, a melhor oportunidade da primeira parte. A equipa azul e branca, aos 2 minutos, ameaçou a baliza de Moreira, através de um livre. Alex Telles bateu a bola para a área onde Danilo acabou a cabecear por cima da baliza adversária.

Seguiu-se um largo período sem grandes lances de perigo. O Estoril começou o jogo muito forte defensivamente, com um meio campo bem posicionado, conseguindo controlar todo o jogo interior que o FC Porto fazia. Por sua vez, os dragões, apesar de terem mais bola, não conseguiam impôr velocidade, nem criatividade.

Talvez por isso, Nuno Espírito Santo nem sequer esperou pelo intervalo para fazer substituições. Aos 37’, entrou Brahimi e saiu Diogo Jota. No entanto, o sistema tático nem por isso mudou com esta alteração. Quando se pensava que Brahimi pudesse jogar numa das alas, para tentar desequilibrar a equipa da casa através das faixas, o treinador azul e branco mantém o sistema e faz o jogador argelino atuar numa zona interior, como segundo avançado.

De resto, até ao intervalo manteve-se um jogo de muita luta e poucas oportunidades. Faltava presença da equipa portista nos últimos 30 metros do terreno, numa primeira parte em que o lado direito nem sequer se fez notar ao nível atacante. Beneficiou a equipa da Amoreira, que saiu muito satisfeita com o resultado ao intervalo.

Alteração tática que dá frutos

Na segunda parte, o FC Porto entrou de forma mais impetuosa para o ataque, determinado a decidir a partida o mais cedo possível. Isso obrigou o Estoril a baixar o bloco, recuando os extremos para proteger o meio campo.

No minuto 54, dá-se um lance de perigo para a equipa portista. O guarda-redes Moreira acabou por sair dos postes para intercetar uma bola de Herrera à entrada da área. Sobrou para André Silva, que tenta o golo a meia distância, no entanto o avançado acabou por falhar o alvo.

Seguiram-se várias oportunidades, mas nada parecia suficiente para o marcador se alterar. Os dragões iam conseguindo recuperações de bola sempre em zonas altas, não deixando a equipa da casa subir, no entanto, ao nível atacante continuava a apostar num jogo interior que continuava a não trazer frutos. O FC Porto só conseguia largura e profundidade quando Alex Telles subia no terreno para apoiar o ataque. Já a equipa estorilista, mais recuada no terreno e com muitos jogadores na zona central, continuava a resistir às investidas dos azuis e brancos. O jogo tornou-se quezilento, com inúmeras faltas, várias entradas duras e protestos.

Nuno Espírito Santo viu-se forçado a alterar o sistema tático por causa de uma abordagem ao jogo que não estava a dar resultado. Faz uma dupla substituição aos 66 minutos, saindo Herrera e Óliver e entrando Corona e Rui Pedro, passando a jogar num 4-4-2, com as alas entregues a Corona e a Brahimi.

As consequências da alteração não se fizeram esperar e, no minuto 71’, Brahimi isolou Rui Pedro que atira para golo. No entanto, o jogador estava adiantado, pelo que, o golo foi anulado.

O jogo começou a partir-se, com mais espaço para jogar no meio campo e menos jogadores nessa zona. Como tal, o Estoril também saiu beneficiado, uma vez que começou a ter mais tempo para sair em contra-ataque. Prova disso foi o lance perigoso a favor dos estorilistas no minuto 74’, em que Afonso Taira assiste Bruno Gomes. Mas apesar de estar em boa posição para finalizar, acaba por acertar mal na bola.

Aos 83 minutos, Brahimi isolou André Silva na área do Estoril. O jogador chega primeiro à bola, num lance que opôs o avançado portista, numa disputa de bola, com o guarda-redes dos canarinhos. O árbitro Manuel Oliveira não hesitou e apontou para a marca de grande penalidade. Chamado a marcar, André Silva concretizou, fazendo o seu 17º golo esta época e o 12º golo na Liga NOS 2016/2017.

Depois do golo, os azuis e brancos acabaram por melhorar a fluidez de jogo ofensivo, ficando mais confortável na partida, tornando-se mais pragmática, objetiva e perigosa.

No minuto 90’, Diakhité viu o segundo cartão amarelo, por ter agarrado Rui Pedro, que ia para o ataque. No mesmo minuto, André Silva roda no meio-campo e conseguiu fazer uma abertura para Corona. O mexicano ultrapassou o adversário João Afonso na área com um belo pormenor e atirou para o segundo golo dos portistas.

A resposta dos estorilistas não se fez esperar. Para lá do minuto 90’, através de um livre para a área do FC Porto, Dankler para a bola com o peito e, sem deixar cair, remata ao ângulo, fazendo um golo de belo efeito. Casillas nem se mexeu. No entanto, já era tarde para a equipa da Linha conseguir pontuar. O jogo acabou mesmo por ficar 2-1, num jogo que mudou completamente a partir do momento que o FC Porto mudou o sistema tático e passou a jogar com extremos “naturais”.

Depois deste jogo, a equipa azul e branca consegue a quarta vitória fora de casa para o campeonato e fica a um ponto do líder SL Benfica, que só joga esta segunda-feira à noite, no Bonfim. Já o Estoril, fica apenas a dois pontos do Tondela e Nacional, que são as equipas situadas na zona de despromoção.

“Vencemos num campo difícil”

O treinador Nuno Espírito Santo, na conferência de imprensa, foi questionado sobre o motivo pelo qual apostou num jogo mais interior. “O bom de uma equipa técnica é ter opções, jogadores que regressaram, outros que estão a regressar, é bom trabalhar as opções durante a semana com a ideia que queremos projetar para o jogo, pô-la em prática e vencer os jogos”, respondeu

Aproveitou ainda para salientar a importância desta vitória. “Fizemos o nosso trabalho, o que nos competia, vencer este jogo num campo difícil, um adversário historicamente difícil, como hoje demonstrou.”

“O Estoril não merecia perder” 

Pedro Carmona salientou que a sua equipa fez um grande jogo, a começar pela entrega. “É difícil jogar contra uma equipa tão grande como o FC Porto”.

Questionado sobre o mau momento que a equipa atravessa, com cinco jogos consecutivos a perder, colocou a culpa na dificuldade das equipas que enfrentou e nos árbitros. “Se fizermos uma análise profunda vemos que jogámos contra equipa muito duras: FC Porto, Benfica, Desportivo de Chaves, Arouca e Marítimo. Perdemos sempre pela margem mínima e por penáltis, decisões de árbitros”, comentou o treinador do Estoril.

Ficha de jogo

Competição: Liga NOS 2016/2017 (19º jornada)
Estádio: António Coimbra da Mota
Assistência: 5.497 espectadores
Golos: André Silva (83’); Corona (90’); Dankler (90+3’);
Cartões Amarelos: Diogo Amado (40’), Diakhité (47’), André Claro (51’), Héctor Herrera (53’), Mano (56’), Gustavo Tocantis (57’), André André (75’), Moreira (82’), Rui Pedro (87’), Diakhité (89’)
Cartões vermelhos: Diakhité (89’)

Equipa de Arbitragem
Árbitro: Manuel Oliveira
Árbitros Assistentes: Tiago Leandro e Pedro Ribeiro
Quarto Árbitro: João Pinho

Estoril
Onze inicial: Moreira; Mano, João Afonso, Diakhité, Ailton, Taira, Diogo Amado, Mattheys, Tocantis, Kléber, André Claro
Suplentes utilizados:
Bruno Gomes (68’), Drankler (77’), Bazelyuk (84’)
Treinador: Pedro Gómez Carmona

FC Porto
Onze inicial: Casillas, Maxi Pereira, Felipe, Marcano, Alex Telles; Danilo, André André, Herrera, Oliver, Diogo Jota, André Silva;
Suplentes utilizados: Brahimi (37’), Corona (66’), Rui Pedro (66’)
Treinador: Nuno Espírito Santo

Artigo editado por Filipa Silva