Berlim não é estranho para João Salaviza, Salomé Lamas, Diogo Costa Amarante, Gabriel Abrantes e Teresa Villaverde, que este ano competem pelos grandes prémios do festival: o Urso de Ouro para melhores longas e curtas metragens e o Urso de Prata, que inclui várias categorias como melhor ator e melhor realizador.

São cinco os filmes a competir com as grandes produções mundiais, mas ao todo são nove as longas e curtas metragens com assinatura portuguesa nesta 67ª edição do festival de cinema.

“Colo”, de Teresa Villaverde, vai fazer a sua estreia mundial no Berlinale no dia 15 de fevereiro e integra a competição de longas-metragens. A realizadora já apresentou no festival alemão, em 1991, a sua primeira longa-metragem, “A Idade Maior”, mas só agora integra a competição pelo Urso de Ouro com o seu mais recente filme, que retrata a ligação desamparada entre três elementos de uma família, da “geração que era criança no 25 de abril e que não soube reagir à crise”, conta a realizadora à Agência Lusa.

“Altas Cidades de Ossadas”, de João Salaviza, compete na secção de curtas-metragens. Depois de estrear a sua primeira longa “Montanha” em Portugal em 2016, Salaviza voa para Berlim com “Altas Cidades de Ossadas”, filme co-escrito e protagonizado pelo rapper Karlon. O realizador conquistou em 2012 o Urso de Ouro com a curta-metragem “Rafa”.

“Coup de Grâce”, de Salomé Lamas, também compete na secção de curtas-metragens do festival berlinense, um filme sobre um pai (interpretado por Miguel Borges) e a sua filha adolescente (Clara Jost). Lamas esteve no festival em 2016 no programa Fórum com o documentário “Eldorado XXI”, que venceu o grande prémio do Porto/Post/Doc 2016. A curta-metragem “Coup de Grâce” é a estreia de Salomé Lamas na ficção.

“Cidades Pequenas”, de Diogo Costa Amarante, é “uma espécie de documentário” que o autor fez com a irmã e o sobrinho, explica ao Observador. “Cidades Pequenas” chega a Berlim em 2017 nesta que também é uma presença repetida no festival. O realizador está a competir pelo grande prémio das curtas-metragens, mas diz, ao mesmo jornal, que isso não o preocupa: “É a segunda vez que estou em Berlim, depois de ter apresentado ‘Rosas Brancas’ em 2014. Não penso em prémios, não faz sentido, é tudo relativo.”

“Os humores artificiais”, de Gabriel Abrantes, é uma ficção rodada em aldeias do parque indígena do Xingu, no Brasil. O filme conta a jornada de uma indígena comediante que se une a um robô e conquista a fama na indústria cultural de massas brasileira. O realizador português nascido nos EUA volta a Berlim depois de no ano passado ter passado pela mesma secção de competição com “Freud und Friends”.

"Humores Artificiais" de Gabriel Abrantes

“Humores Artificiais” de Gabriel Abrantes Fonte: Herma Films

A estes cinco filmes juntam-se ainda duas obras brasileiras com coprodução portuguesa: “Joaquim”, que o realizador brasileiro Marcelo Gomes apresenta na competição oficial, uma recriação histórica de Joaquim Xavier, conhecido como Tirandentes, no século XVIII, e “Vazante”, a primeira longa-metragem de Daniela Thomas, escolhida para a abertura do programa Panorama.

A presença portuguesa continua na Berlinale Talents, uma cimeira anual que acontece paralelamente ao festival, com Mário Patrocínio e Luís Campos. E a atriz Victoria Guerra está em destaque na secção Shooting Stars, que exalta as revelações de cada ano.

O Festival Internacional de Cinema de Berlim acontece em várias salas da capital alemã até ao dia 19 de fevereiro.