A jornalista foi a primeira mulher a ter carteira profissional em Portugal e desde a morte da inglesa Clare Hollingworth, em janeiro, era também a repórter mais antiga do mundo. Morreu esta sexta-feira, aos 105 anos, no Hospital de São José, em Lisboa, onde estava internada desde terça-feira, como informa o Sindicato dos Jornalistas, em comunicado.

Manuela de Azevedo escreveu ensaios e contos, foi romancista e poetisa, mas é no jornalismo que deixa um legado de valor inquestionável.

Começou a carreira no jornal República, em 1935, para o qual escreveu um artigo a favor da eutanásia. Um dos muitos que viu censurados pelo regime salazarista. Foi chefe de redação do Vida Mundial e passou pelo Diário de Lisboa, onde fez alguns dos seus trabalhos mais importantes e terminou a carreira de mais de 60 anos no Diário de Notícias, aos 85 anos.

A jornalista contou ainda com uma vasta lista de condecorações. Em 1995 foi comendadora da Ordem do Mérito e em 2015 o antigo presidente da República, Cavaco Silva, distinguiu a repórter com a Ordem da Liberdade.

Já em 2016, após completar 105 anos, Manuela de Azevedo foi condecorada com a Ordem da Instrução Pública por Marcelo Rebelo de Sousa, com quem partilhou o ofício de jornalista.

Nunca se deixou seduzir pelas tecnologias e sempre confiou à caneta a redação da sua vasta obra literária e jornalística. Nunca quis escrever à maquina ou ao computador e conseguiu chegar ao fim da carreira e dizer: “Saí do jornalismo com as mãos limpas”.

Texto editado por Rita Neves Costa