O espaço ainda não tinha aberto ao público e já era longa a fila de pessoas acompanhadas com as suas Bimby, preparadas para cozinhar por uma causa. Vieram de vários cantos do Norte e a maior parte participava pela primeira vez na experiência.No mesmo espaço, reuniram-se cerca de 300 pessoas com as suas máquinas, que produziram 400 refeições completas, e que depois foram entregues à Refood e Coração na Rua, instituições que apoiam os mais carenciados.

Além de ajudar, o objetivo passava por chamar à atenção a uma realidade onde a vulnerabilidade social e a escassez alimentar ainda está muito presente. No discurso inaugural do evento, os voluntários foram motivados pelo mote de Mia Couto: “Cozinhar é uma forma de amar os outros”, realçado pela diretora comercial da Vorwerk (empresa que detém a Bimby), Isabel Padinha. “Hoje não vão cozinhar por cozinhar”, acrescenta.

A refeição é composta por uma entrada, prato principal e sobremesa e é feita por todos ao mesmo tempo. A larga mesa com alimentos foi a primeira passagem antes de os clientes e colaboradores da empresa começarem a cozinhar. “Hoje temos um gratinado de frango, um creme de legumes e um papelote de fruta”, revelou ao JPN, Joana Ramos, ajudante do chef Pedro Lemos. As refeições são completas e demoram 30 minutos a serem feitas, sendo depois embaladas e colocadas nas respetivas caixas para a distribuição.

Enquanto uns recolhem os alimentos necessários, o resto da equipa vai preparando a mesa e as máquinas onde vão cozinhar. “Isto é ótimo para ajudar quem precisa”, refere Maria Helena, ao mesmo tempo que liga o seu robô de cozinha. Está “entretida a ver a receita”, enquanto a sua parceira não chega com o material.

Foi a primeira vez que o “Cozinhar por uma causa” esteve no Porto, depois de duas edições em Lisboa, em 2012 e 2014. Segundo Isabel Padinha, o desejo de trazer o evento para o Norte do país já tinha sido demonstrado pela equipa da Vorwerk do Norte, que “queria muito envolver-se numa causa solidária”.

O processo é simples: “uma Bimby e duas ou três pessoas à volta dela”. Os clientes juntaram-se aos colaboradores, numa ideia onde, “os clientes, sem medos, também se motivaram para estar aqui e estão a viver uma experiência que vai além daquilo que tinham expectado”, acrescenta a diretora comercial da empresa organizadora.

Distribuir mais de 400 refeições quentes a quem precisa

No final do dia, as refeições foram distribuídas pelas instituições Refood e Coração na Rua. “Hoje são 220 refeições para a Refood, é um número muito grande”, explica Pedro Pinto, da Refood Porto. O projeto já fez parte das duas edições anteriores e este ano, no Norte, optou por dividir a distribuição pelos três núcleos que existem no distrito do Porto (Núcleo da Foz, Senhora da Hora e Maia) e os núcleos de Braga e Famalicão. No total, serão apoiadas 280 pessoas.

“Vem um voluntário de cada núcleo buscar as refeições e depois fazemos directamente para cada centro, nos seus carros próprios, com as suas despesas e disponibilidade, tudo 100% voluntário”, acrescenta o membro da equipa da coordenação regional.

Já o movimento Coração na Rua trabalhou pela primeira vez com a Vorwerk. Isabel Padinha refere que, apesar de ser a primeira vez que a empresa colabora com este movimento, estes mostraram-se “muito confortáveis na forma de fazer chegar a comida à noite aos sem abrigo e àqueles que estão nas ruas sem uma refeição quente”.

Para Isabel Padinha, repetir o evento no Norte já é uma opção. “Gostávamos muito de dar ainda mais uma oportunidade ao Norte, porque tivemos muitas pessoas que ficaram de fora e que queriam estar aqui hoje e não foi possível”.

Texto editado por Rita Neves Costa