Foi no Salão Nobre do Centro de Cultura e Congressos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos que António Araújo tomou posse, esta segunda-feira. O mandato que vai durar até 2019, foi conseguido através da maior participação eleitoral de sempre, com 33% de médicos votantes. A lista de Araújo foi eleita com 79% dos votos.

Mas, nesta segunda-feira, não foi só António Araújo que o protagonismo foi dado. Para além do novo representante do Conselho Regional do Norte, também a equipa dos órgãos regionais da secção regional, elementos dos órgãos sub-regionais do Porto e elementos das comissões consultivas do Conselho Regional tomaram posse.

A cerimónia contou com o discurso de Miguel Guimarães (Bastonário da Ordem dos Médicos), Fernando Araújo (Secretário de Estado Adjunto e da Saúde), Luciana Couto (Representante do Conselho Sub-regional do Porto) e de António Araújo.

Um presidente feliz

No fim da cerimónia, António Araújo, em conversa com o JPN, falou sobre a tomada de posse. O novo presidente do Conselho Regional do Norte revelou que não podia estar mais feliz com a nomeação. Para Araújo, tratou-se de um dia memorável. Diz ter tido a oportunidade de partilhar o momento com uma sala cheia de colegas que, muitos deles, são amigos e com a família.

O diretor do serviço de oncologia do Hospital de Santo António disse estar ansioso, mas ao mesmo tempo apreensivo em relação ao novo cargo. Por um lado, uma equipa ansiosa porque “todos sentem que as expectativas estão muito elevadas, fruto do trabalho de grande qualidade que foi feito nos últimos anos”. Por outro lado, apreensão “porque temos de mostrar trabalho, mostrar que estamos com os médicos e mostrar o que queremos fazer. Por isso, o objetivo é fazer, se não melhor, pelo menos igual ao que foi feito até então”.

Sobre as mudanças que vai implementar agora que é presidente, o médico referiu que o objetivo não é mudar. “O nosso objetivo é trabalhar em prol dos médicos, em prol do serviço nacional de saúde e dos doentes. Queremos ser serenos, mas firmes nas posições e propostas que vamos tomar.” De resto, o novo presidente prometeu muito trabalho, empenho e constante diálogo na procura de melhores soluções para todos.

Responsabilidades paralelas

Miguel Guimarães também conversou com o JPN. O novo Bastonário da Ordem dos Médicos diz-se muito satisfeito com a tomada de posse de Araújo. Para além disso, falou sobre as mudanças que Bastonário, Conselhos Regionais e Sub-Regionais irão implementar.

Miguel Guimarães diz que a aposta passa pela formação Foto: José Correia

Os objetivos passam por “dar mais tempo aos médicos e doentes, definindo os tempos adequados das consultas” ou pela “aposta clara na formação, que está a atravessar uma fase difícil, porque existem muitos médicos que não conseguem fazer uma especialidade, por não haver vagas para todos”.

Em termos concretos, o bastonário revelou que, por exemplo, vão apostar na “criação de bolsas de apoio à formação especializada e apoio à formação médica contínua, que só é possível através do apoio dos parceiros sociais ou através do próprio Ministério de Saúde”.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, aquando do seu discurso, falou das mudanças que têm existido nos últimos 40 anos da medicina, destacando o período como sendo caracterizado por fortes constrangimentos. Para Fernando Araújo, a medicina só conseguiu sobreviver porque colocou sempre os doentes em primeiro lugar.

De resto, deu exemplos do trabalho que tem sido feito: “Abrimos este ano o maior número de vagas de um ato médico desde sempre, iniciaram funções cerca de 1600 médicos internos de formações específicas.” No entanto, explica que no conselho regional ainda existe muito para fazer e que todos estarão à altura das exigências.

De resto, a representante do conselho sub-regional do Porto optou, no seu discurso, por reforçar a importância das eleições terem sido as mais participadas de sempre. “Queremos que a nossa Ordem tenha uma posição respeitada” e, para Luciana Couto, tal só será possível caso exista trabalho igualdade de acesso a todos os cidadãos.

Amigos que fizeram questão de estar presentes

Rui Rio, antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, foi um dos presentes da cerimónia. Mostrou-se feliz com a tomada de posse por dois motivos. Em primeiro lugar: “Por causa do Doutor António Araújo, uma pessoa de quem tenho muita estima pessoal e a principal razão pela qual estou aqui”, disse. Em segundo lugar: “Porque o novo Bastonário da Ordem dos Médicos, pela primeira vez, tanto quanto julgo saber, é um médico do Porto e, portanto, um aspeto que me satisfaz muito”, referiu.

O economista espera que tanto António Araújo como Miguel Guimarães façam um bom trabalho no exercício das suas novas funções, na medida em que os conhece como sendo “profissionais sérios, honestos e competentes”.

Rui Rio diz ter estima pessoal por Miguel Araújo Foto: José Correia

Quem também marcou presença foi José Manuel Silva. Já foi bastonário da Ordem dos Médicos e presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, por isso, o seu passado também foi um dos motivos que o levou a estar presente.

Para Silva, todos os ciclos são positivos para as organizações, mas é importante mudar. “É mau quando as mesmas pessoas se tentam perpetuar no mesmo lugar, porque acabam por permitir, de forma inconsciente que as organizações entrem numa rotina que não é saudável”, portanto, vê os ciclos de renovação como sendo algo positivo para o bom funcionamento para um futuro melhor.

De resto, o também antigo presidente da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA) vê Miguel Guimarães como sendo alguém “dedicado ao associativismo e interessado na defesa da qualidade da saúde, médicos e doentes”.

Texto editado por Rita Neves Costa