O evento teve lugar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e contabilizou um total de 500 participantes. No centro da discussão estiveram os grandes desafios mundiais, tendo como mote a evolução. Leonid Kholkine é o responsável pela conferência que decorreu durante a tarde de sábado.

“Precisamos de saber onde queremos chegar”, apresenta-se assim um dos oradores, Sérgio Guedes Silva. Fundou a associação de solidariedade e de apoio social G.A.S. Porto e marcou presença no TEDx 2017 para consciencializar os participantes das maiores problemáticas sociais, a nível mundial. Pobreza, fragilidade social, segurança, desigualdade, sustentabilidade e ausência de valores são alguns dos desafios apontados na designada Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e mencionadas por Sérgio.

Tecnologia para a igualdade

Entre muitos dos oradores que passaram pelo palco da conferência, esteve João Barroso. O investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) apresentou um sistema integrado para o aumento de autonomia de pessoas cegas.

O sistema utiliza a tecnologia para aumentar a independência de um cego através de uma aplicação, de uma bengala interativa e de óculos inteligentes. Com esta tecnologia, torna-se possível para alguém sem capacidades visuais ter uma maior perceção do ambiente circundante, bem como aceder a pontos de interesse e receber avisos acerca de zonas consideradas perigosas. Cada uma das tecnologias envolvidas no sistema integrado podem ser utilizadas em simultâneo ou individualmente.

“Aprendi mais com os cegos do que eles comigo”, explica João Barroso. A ideia ainda está em desenvolvimento, mas o investigador confessa que quer chegar “ao maior número de pessoas possível”. O projeto faz frente a um dos desafios apontados por Sérgio Guedes Silva – a igualdade.

O conjunto tecnológico que pertence ao projeto CE4Blind resulta de uma parceria entre o INESC TEC com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal e a Universidade do Texas, nos Estados Unidos da América.

Evoluir é não desperdiçar

Seguindo o mote desta edição do TEDx, Margarida Cruz define que evoluir passa por combater o desperdício alimentar.

Apesar da pobreza mundial, a quantidade de comida desperdiçada regista números preocupantes. “E se eu vos dissesse que 50% das frutas e legumes produzidos em Portugal vai para o lixo?”, começa Margarida Cruz, mestre em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico pela FEUP.

Em 2013, Margarida foi convidada a juntar-se à Fruta Feia, um projeto que visa combater o desperdício alimentar e economizar os recursos associados à produção dos alimentos. A iniciativa tem como objetivo principal dar aos consumidores as frutas e os legumes que, pela aparência, nunca seriam canalizados para o mercado, acabando no lixo. Prova, assim, que a aparência e a qualidade nem sempre caminham de mãos dadas: “Gente bonita come fruta feia”, lê-se no slogan do projeto.

Com vários centros de distribuição espalhados pelo país, Fruta Feia contabiliza já um total de 469 toneladas salvas e vendidas de fruta e legumes que nunca chegariam ao mercado.

A iniciativa, à semelhança de outros projetos apresentados na conferência, vai de encontro ao combate de alguns dos desafios da Agenda 2030 da ONU.

“É preciso fazer muito esforço. Não se consegue ter um mundo melhor sem trabalhar”, conta Sérgio Silva. Foi a prova e a mensagem que todos os oradores foram deixando em palco. Se o esforço leva ao sucesso, o sucesso leva-nos à evolução, de onde partem algumas questões mundiais. Afinal, pergunta Sérgio, “que caminho queremos seguir? De utilidade ou de inutilidade?”.

Leonid Kholkine conclui a tarde com a “receita” para a concretização da segunda edição do TEDxUniversityofPorto. 50 reuniões, mais de 1500 horas de trabalho, 40 voluntários, 18 membros do staff e tantos outros entre fotógrafos, designers e técnicos.

Da robótica ao marketing, passando até pelo desporto, muitas foram as figuras e as áreas que deixaram em palco a resposta de um percurso de desafios. Todos recordam e sublinham a evolução a que o mundo se tem proposto como um motor, mas cada vez mais como um desafio.

Artigo editado por Rita Neves Costa