Quem lá passa, não se apercebe, mas as obras para a construção de um hostel na Estação de São Bento estão perto de ficar concluídas. A previsão é que a empreitada fique acabada “a meio do próximo mês”, afirma Agostinho Gomes, encarregado da obra.

Para estabelecer uma data de abertura falta ainda concluir a instalação de água e da luz, mas as obras “estão praticamente a acabar”, reitera Rita Figueira, sócia-gerente da F2IS, promotora da construção.

O projeto suscitou controvérsia, após a Infraestruturas de Portugal (IP), proprietária da estação ferroviária, ter anunciado, em outubro, a requalificação da gare, sem que a promotora tenha solicitado licenciamento da obra à autarquia. Os trabalhos chegaram a ser suspensos, mas a empresa acabou por receber o alvará no mês seguinte depois de cumpridos os requisitos legais exigidos pela autarquia. Agora, o hostel está perto de ficar concluído.

Um hostel que era para ser residência de estudantes

É na Rua da Madeira que se encontra o empreendimento. No total, são três andares com uma centena de camas disponíveis.

Originalmente, o projeto inStation Hostel & Student Residence tinha como objetivo ser simultaneamente residência para estudantes e hostel. Mas Rita Figueira, da F2IS, explica que “o projeto foi alterado”. O novo nome do hostel? “Foi mudado, mas para já, não será anunciado”.

No início, estava prevista a ocupação de um dos andares apenas por estudantes, mas entretanto o projeto tomou outra forma. A gestora explica que haverá quartos que poderão ser considerados “mais qualificados para estudantes”, mas que não estão limitados a eles. “Obviamente, podem ser utilizados por estudantes, mas não obrigatoriamente”, afirma Rita Figueira. “Vamos deixar o mercado falar sobre a sua utilização”, explica.

O hostel terá um piso com camaratas e outro com quartos. O primeiro andar está destinado a áreas comuns.

Quanto à proximidade à Estação de São Bento, a gestora é perentória: “Dentro das instalações, não há qualquer ruído da estação”. Para acautelar a eventual existência de sons da plataforma, “na área que dá para ela, pusemos as áreas de serviço”, enquanto que os quartos ficam virados para a rua.

A contestação

Foi a 5 de outubro, no centenário da inauguração da estação rodoviária, que a Infraestruturas de Portugal anunciou obras de requalificação no edifício. Para além do hostel, estava prevista a construção de “um mercado ‘tipo Time Out’, uma loja ‘Starbucks’, um café, um gabinete com bilheteira, 15 restaurantes, quatro bares e uma galeria de arte”, informou o vereador do urbanismo, Manuel Correia Fernandes, numa declaração sobre o tema feita na reunião camarária de 19 de outubro.

Na véspera, as obras foram embargadas pela Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) por falta de licenciamento.

O executivo camarário foi unânime na condenação do processo. Manuel Correia Fernandes apelidou de “incompreensível e injustificável” a falta de envolvimento da autarquia no projeto.

No seguimento do embargo, a F2IS, empresa promotora, submeteu o pedido de licenciamento e o alvará acabaria por ser emitido no dia 4 de novembro.

A obra obteve o alvará a 4 de novembro de 2016. Prevê-se a sua conclusão em março.

A obra obteve o alvará a 4 de novembro de 2016. Prevê-se a sua conclusão em março. Foto: Mafalda Maria Rodrigues

À margem do evento da plantação do primeiro “biospot” do Porto, o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, esclareceu, ao JPN, que apesar do sucedido as relações entre a IP e a CMP são “obviamente boas e têm de ser boas”, pois são “duas entidades importantes para a cidade”.

Carlos Fernandes acredita que o trabalho de requalificação na Estação de São Bento “é espantoso”. “Vale a pena ir ver o trabalho que se fez ali. É, de facto, inacreditável o que se conseguiu na recuperação daquele espaço”, explicou o vice-presidente da IP.

Artigo editado por Filipa Silva