Os trabalhadores da logística da Sonae encontram-se em greve desde as 23h30 de quinta-feira. A paralisação prolonga-se até às 02h00 deste sábado. Esta manhã, um grupo de trabalhadores juntou-se à entrada do Entreposto da Maia, na Estrada Nacional (EN) 13, no Lugar do Espido. O piquete de greve reuniu com a administração da Sonae, daí resultando o compromisso de elaborar um caderno reivindicativo ao qual a administração do grupo se comprometeu a dar atenção.

Marisa Ribeiro descreve a situação salarial dos trabalhadores do setor de distribuição da Sonae como “uma injustiça”. Em declarações ao JPN, a coordenadora regional do Porto do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) apontou para o “fosso” existente entre os salários auferidos pelos que ocupam cargos sociais e o valor do salário destes trabalhadores (565 euros).

“Trabalhadores com 10, 15, 20 anos de casa ganham 565 euros, o mesmo salário que um trabalhador recente”, denunciou Marisa Ribeiro, lembrando que a verba era ainda menor antes do aumento do salário mínimo nacional.

A situação dura “há vários anos” e o sindicato lamenta as “reuniões infrutíferas” com a Sonae. Marisa Ribeiro estranha os valores dos salários dado o “lucro” que a empresa tem apresentado nos últimos exercícios.

“Um direito que assiste a todos os trabalhadores”

Do outro lado da “fronteira”, de acordo com a declaração oficial da Sonae, o grupo respeita a posição dos trabalhadores: “O direito à manifestação, desde que devidamente enquadrado na lei, é um direito que assiste a todos os trabalhadores”, respondeu a Sonae numa nota enviada ao JPN.

Sobre a disparidade salarial do grupo, a Sonae responde que “as questões remuneratórias no setor da distribuição são definidas em sede de concertação setorial, envolvendo sindicatos e associações empresariais, não existindo uma alteração desse pressuposto”.

Na concertação setorial, a terceira parte envolvida é a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), de quem o JPN tentou obter uma reação, sem sucesso antes do fecho da edição.

Artigo editado por Filipa Silva