A criação de "Neil Stryker and the Tyrant of Time" demorou dez anos e passou por altos e baixos. O JPN esteve à conversa com o realizador, Rob Taylor, e o produtor, Nic Costa, no Teatro Rivoli.

Comédia de ficção científica, “Neil Stryker and the Tyrant of Time” foi um dos destaques da 37ª edição do Fantasporto. O filme conta a história do maior agente secreto do mundo, que pretende recuperar o filho perdido para um vilão. A obra foi premiada em vários eventos, tendo disputado a categoria “Cinema Fantástico” no Porto. “Uma boa experiência internacional, num festival lendário”, reconhece ao JPN Rob Taylor.

Antes de chegar ao Teatro Rivoli, o realizador e co-argumentista previu que os portugueses iam rir muito com o filme. “E assim foi”, confessa ao lado do produtor Nic Costa.

Em cena, Rob interpreta o papel de Neil Stryker. Nic faz de Darrel Freeway. Mas é nos bastidores que ambos ganham o dobro da preponderância. Entre financiamentos reduzidos e ajudas governamentais inexistentes, o projeto atravessou momentos de escuridão e demorou dez anos a ser concluído. “À medida que progredimos, precisamos de mais dinheiro e mais tempo”, diz o produtor.

Nem sempre a teoria e a prática andam de mãos dadas. “Quando escreves imaginas sempre alguma coisa, mas na realidade filmas tudo e fazes o melhor que puderes”, explica Rob. Na maioria dos casos não “tens aquilo que imaginaste inicialmente”. O segredo, salienta o realizador, está na “performance de alguns atores”, que superam os primeiros rascunhos que qualquer filme atravessa. No fundo, “existe o filme que escrevemos e o filme que gravamos”, que raramente “parecem o mesmo”.

Rob e Nic conhecem-se desde os tempos de escola. Trabalham juntos há vários anos e lançaram “Evil cult” em 2003. O filme mistura comédia com terror e também tem Neil Stryker como protagonista. Catorze anos depois, a realidade mantém-se. Por outras palavras, o antigo filme foi a antecâmara da nova película. “Quis explorá-la [a personagem] e fazer mais com ela”, revela Rob Taylor.

O trabalho está a ser distribuído pelo continente americano, com incidência nos Estados Unidos, no Canadá e em alguns festivais de nomeada. Para o futuro há planos em mente, mas os atores preferem não desvendá-los. “O próximo projeto é dirigido aos amantes de cinema, como os fãs de Star Wars. É uma comédia para ‘nerds’. Tão maluco como o filme atual”, prometem.

“Muitas divisões com pessoas que deviam ser nossos amigos”

Nas conversas com norte-americanos, é inevitável falar em Donald Trump. A caminho dos 50 dias à frente da Casa Branca, o novo presidente dos Estados Unidos continua a ser um homem pouco consensual. “Em nenhum local havia alguém que fosse recetivo ao novo presidente”, conta Nic, que esteve em Espanha, antes de viajar para Portugal. Daí o propósito para as piadas feitas acerca de Trump, momentos antes da exibição de “Neil Stryker and the Tyrant of Time” no Fantasporto.

Sobre o momento político americano, Rob Taylor é conclusivo: “Nunca vi na minha vida uma divisão tão forte entre a esquerda e a direita”. Seja pelo “ódio” ou pelas “muitas divisões, especialmente com pessoas que deviam ser nossos amigos”, esclarece Nic Costa. Por um lado, “há pessoas excitadas” com as políticas do republicano, que alimentam uma realidade “assustadora”. Mas também existem “aquelas pessoas conscientes, que não sabem o que esperar”, lembra o produtor.

Artigo editado por Filipa Silva