Mariana Moura Santos vai ser esta terça-feira editora por um dia no JPN. Em entrevista, a designer da comunicação mostrou-se ansiosa. “Sou uma super-adepta de que a indústria do jornalismo profissional e a academia deem as mãos”, afirma sobre a importância de aliar a experiência dos jornalistas à curiosidade dos jovens alunos.

Os tempos mudaram e os orgãos de comunicação devem apostar no mundo online e nos alunos de comunicação. “O jornalismo nestes últimos anos está a sofrer uma transição gigante entre o impresso e o digital, em que as salas de redações mais antigas têm pessoas que nasceram e cresceram no impresso, ao contrário dos nossos alunos de jornalismo, que nasceram numa era totalmente digital”, explica a designer de comunicação que já viveu em Londres, França e Suécia.

Com o objetivo de empoderar mulheres ligadas aos media digitais, Mariana criou em 2013 o movimento “Chicas Poderosas”, na Costa Rica, para “adaptar o jornalismo: com sangue fresco e  ideias novas”, contou.

Mariana nasceu no Algarve e já foi a única mulher a fazer parte da Interactive Team do “The Guardian”.  No jornal inglês trabalhou na cobertura do caso Wikileaks e nos motins de Londres, em 2011.

“O designer e o jornalista têm que perceber que são da mesma equipa”

Mariana Moura dos Santos realça a importância da cooperação entre o jornalista e a equipa técnica de uma redação. “A tendência do jornalista para começar a escrever a história sozinho e só passado alguns dias é que pede ajuda ao departamento de Artes, é errada. Devemos tentar dar um passo em frente e aliarmo-nos ao design desde o início”, afirma Mariana.

“E também os programadores devem pertencer às equipas porque têm uma perceção e um know-how muito mais desenvolvido e percebem de que forma a tecnologia nos pode ajudar”, acrescenta.

“Feminismo não é um tema de mulheres. É um tema de igualdade”

O movimento “Chicas Poderosas” surge com a necessidade de falar, sem filtro, sobre o papel das mulheres nos media digitais. A equipa é composta por “homens e mulheres que ajudam a quebrar estes tabus culturais para podermos avançar nas discussões de género”, afirma a designer de conteúdos digitais.

Mariana, que primeiro estudou escultura e só depois se rendeu ao design de comunicação, acredita nas múltiplas vantagens de um sistema em que as mulheres e os homens ganham equitativamente. “A igualdade é uma questão em que toda a gente sai a ganhar: tanto o Produto Interno Bruto de um país ganha, como o de uma empresa, ou de um lar”, considera.

Mariana Moura dos Santos faz um apelo ao público feminino: “Nós mulheres, por questões de sociedade, já crescemos com este tipo de tradição e achamos que não podemos chegar tão longe, que não podemos ser tão boas”. As “Chicas Poderosas” querem dizer “’não, nós podemos’, é só uma questão de querermos”.

Ainda esta terça-feira, Mariana conduz a palestra “Contar histórias interativas para millennials: o poder do trabalho em colaboração”, no Anfiteatro 1 do Media Innovation Labs da Universidade do Porto (Praça Coronel Pacheco, 15).

Artigo editado por Filipa Silva