“Já não via o filme há cerca de 15 anos”. A história pode ser a mesma, mas há pormenores que só Ate de Jong consegue identificar. Ao JPN, o cineasta holandês confessa que “foi relativamente novo” ver “Drop Dead Fred” (1991) em exibição no Grande Auditório Manoel de Oliveira.

No ano passado, o holandês integrou o júri do Fantasporto. Em 2017, Ate de Jong foi convidado por Beatriz Pacheco Pereira, da organização, para comemorar os 25 anos desde a realização do filme. O mote para ser distinguido com o Prémio Carreira no encerramento do festival, em conjunto com Glória Perez.

O realizador reconhece que a performance dos protagonistas foi fundamental para o resultado final da obra. “Eu achei que Phoebe Cates estava melhor do que me lembrava e o Rik Mayall também”, diz.

O cineasta lembra também que a maioria das piadas foram escritas por Carrie Fisher, Janie no filme, que faleceu há dois meses. Antes da exibição no Teatro Rivoli, o autor fez questão de honrar a memória da humorista norte-americana. Foi “um bom momento para mostrar o filme novamente”, reforça.

Traumas infantis em forma de comédia

O cineasta admite, em entrevista ao JPN, que os efeitos especiais “não estavam tão bem”, mas que, naquela altura, não poderiam ter feito muito “melhor” devido às condições existentes. Apesar da crítica, Ate de Jong afirma que o argumento, baseado em Tony Fingleton e Carlos Davis, é o ponto forte da obra.

Inicialmente, o filme destinava-se a “mulheres com mais de 35 anos”. Depois aperceberam-se que era mais consumido por jovens na casa dos 15 aos 21 anos. O filme aborda o “trauma da infância que só pode ser resolvido através da imaginação”. Elizabeth, a protagonista, refugiava-se num amigo imaginário “para sobreviver” à pressão da mãe. Só assim podia ultrapassar as mágoas e seguir com a vida. “Portanto tinha um forte significado para nós e foi tudo feito através da comédia”, conta.

Ate de Jong apresentou “Drop Dead Fred” no sábado. Foto: Cláudia Silva

Para os próximos tempos, Ate de Jong vai estar ocupado com novas ideias. São filmes de ficção científica de género, relacionados com “coisas que podes descobrir no teu cérebro para viajar no tempo”. O cineasta revela que tem “o luxo de gastar tempo” e concentrar-se naquilo que gosta.

“Drop Dead Fred” surgiu na sequência de “Love is Thicker than Water”, o último filme do cineasta holandês, que foi apresentado durante a 37ª edição do Fantasporto.