O final do dia na Estação da Trindade foi diferente do habitual. Muitos foram os que se juntaram, no Dia Internacional da Mulher, para marchar contra a misoginia, o machismo e todas as formas de violência de género. Viam-se cartazes, faixas, tambores e pinturas faciais em pessoas de todas as idades.

Organizada pelo Festival Feminista do Porto, a marcha contou com a participação de quase 100 pessoas. A Praça da Batalha era o destino. Até chegarem lá, acompanhavam-se de cânticos e chamavam todos os que quisessem participar.

Salomé tem 25 anos e está a estudar para ser educadora social. Na mão traz um cartaz com a definição de feminismo, que levanta para todos lerem. Vê um longo caminho para a igualdade de género, mas não desiste de lutar pelos seus direitos.

Do outro lado da rua, há quem ainda esteja a preparar os cartazes. Rosana também é professora e veio à marcha para se manifestar. Vê o Dia Internacional da Mulher como muito importante, mas alerta para a questão de se estar a tornar num negócio, quando na realidade há “um dia de glória e 365 dias de luta”, como lê no cartaz da amiga que a acompanha.

Os cânticos que se ouvem são variados. Apelam à liberdade, ao poder da mulher e relembram as vítimas de violência de género. A ideia de que o dia Internacional da Mulher não serve “para enaltecer a beleza e graça femininas” é defendida por todos os que aderiram à iniciativa. O objetivo é “afirmar-se como um dia de luta das mulheres pelo reconhecimento dos seus direitos.”

Mafalda Salgueiro, pintora, ainda teve tempo para falar com o JPN antes de começar a marcha. “O dia da mulher é para comemorar uma data marcante na história e é importante relembrar e ter como exemplo”, explica.

A arruada chega a Santa Catarina e os mais curiosos tentam perceber o que se passa. Uns juntam-se, outros continuam o seu caminho. Quando chega à Batalha, o grupo reúne-se e é dada a oportunidade a quem quiser partilhar as suas histórias e opiniões, de microfone aberto.

“Não preciso de ser mulher para ser feminista”, lê-se num cartaz no meio da multidão. Marco estuda jornalismo no Brasil, mas está a fazer intercâmbio em Portugal. Juntou-se ao protesto porque considera ser um dos seus deveres como cidadão. Sobre os problemas que ainda persistem, sublinha que “é necessário entender que já passou do tempo e temos pressa para discutir isto. A mulher vive na liberdade claustrofóbica e isso não é liberdade”.

Artigo editado por Filipa Silva