A Câmara Municipal do Porto anunciou, esta terça-feira, concurso que pretende melhorar a mobilidade entre Miragaia, o Palácio de Cristal e as Virtudes, através de ligações mecânicas.

O processo é complexo, mas a oferta é inovadora.  O executivo municipal apresentou esta terça-feira, em reunião de câmara, uma proposta para melhorar os percursos de Miragaia ao Palácio de Cristal, passando pelas Virtudes. A iniciativa faz parte de um concurso que terá início no final do mês e que tem por base ligações mecanizadas nas três zonas.

O concurso foi apresentado por Teresa Stanislau, adjunta da vereadora da Mobilidade (Cristina Pimentel), que considera ser “a solução-chave” para resolver a degradação do espaço público e responder à necessidade de distribuição entre cota alta e cota baixa e à pressão turística.

O município encomendou, em 2015, um estudo à empresa “Sítio e Memórias” para serem identificados os pontos mais interessantes e eficazes para ligar ambas as cotas. As conclusões do estudo nomearam três grandes núcleos, entre os quais a zona de Miragaia, Palácio de Cristal e Virtudes – locais onde se vai centrar a atividade. A decisão parte da necessidade de responder aos problemas de acesso das três zonas.

Em Miragaia, a iniciativa responde à população envelhecida com dificuldades de locomoção e à degradação da zona. Ao mesmo tempo, a área do Palácio de Cristal é apontada por problemas de segurança e falta de acessos entre a zona marginal e a Galiza. Ainda de Miragaia ao Hospital de Santo António, os acessos estão limitados, pelo que o concurso é também uma mais-valia para a zona das Virtudes. Além disso, conta a adjunta da vereadora da Mobilidade, “muita gente se acumula a ver o pôr-do-sol naquela zona”. Construir novos meios de locomoção seria, assim, também uma oportunidade turística para a cidade.

Em muitos destes locais, a resolução terá que envolver meios mecânicos, de forma a “cozer todo o tecido da cidade”, explica Teresa Stanislau. “Neste concurso não estamos a dizer: ponham uma escada rolante na rua A, um elevador no sítio B, ou um funicular ou outro meio mecânico. O que queremos garantir é que as pessoas a pé se conseguem mover entre estes três pontos de forma confortável e segura”, esclarece.

O vereador Rui Loza alertou para o ruído paisagístico que as escadas rolantes podem criar no cenário topográfico. “A sustentabilidade deve ser contemplada na decisão dos concorrentes, que não gerem que daqui a cinco ou dez anos tenhamos sucata no meio da cidade. É um risco que corremos com este tipo de iniciativas. Que sejam úteis, e que sejam possíveis de ser mantidas com os recursos normais da cidade”, avisou. Quem também respondeu, em reunião, à proposta foi o vereador da CDU. Pedro Carvalho sublinhou que o objetivo da iniciativa deve passar por servir a população residente e não criar mecanismos de turismo.

A zona das Virtudes integra o núcleo que está a concurso.

A zona das Virtudes integra o núcleo que está a concurso. Foto: Patrícia Garcia

A Câmara anunciou que o concurso está pronto e a ser desenvolvido de forma digital, à semelhança do que aconteceu com o projeto em redor do Tribunal de Campanhã. As candidaturas abrem no final do mês e espera-se que os resultados sejam conhecidos até finais de junho.

O concurso visa a melhoria da mobilidade local, da perceção de segurança das zonas envolvidas e tem um investimento global previsto de dois milhões de euros. No entanto, o município deixa a nota de que a iniciativa está inscrita no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), o que significa que pode ainda ser candidata a financiamento.

À frente do projeto vai estar uma equipa de jurados escolhidos pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP). Na presidência do júri estará o arquiteto Rui Mealha. A equipa é ainda constituída pelos arquitetos Rui Brandão Costa, Pedro Alarcão, José Miguel Rodrigues e Marta Moreira Rocha. Ao concurso podem concorrer profissionais da área da arquitetura, portugueses ou estrangeiros.

No estudo inicial realizado pela “Sítios e Memórias”, foram nomeados alguns locais onde se poderiam aplicar os mecanismos em concurso. No entanto, a comissão organizadora do projeto considera que essa questão deva ficar em aberto para os concorrentes.

“Estamos à espera que deste concurso resultem soluções inovadores e inteligentes em termos territoriais”, concluiu Teresa Stanislau.

Artigo editado por Rita Neves Costa