As eleições holandesas que ocorrem esta quarta-feira vão ser as mais concorridas de sempre, com 28 partidos na corrida – 81 movimentos propuseram-se a participar – para disputar os votos dos quase 13 milhões de eleitores. De todos os projetos, o mais peculiar é o Niet Stemmers, o partido dos não-votantes ou dos abstencionistas.

Apesar de ter sido fundado como partido em 2016, a ideia já vem de 1994, quando foi criada a Associação dos não-eleitores. O Niet Stemmers concorreu pela primeira vez às eleições de 2015 e é liderado pelo seu fundador, o advogado Peter Plesman (a advocacia é um traço comum no partido pois a maioria dos candidatos são advogados de defesa criminal), sendo acompanhado pelos filhos Rijk e Rits Plasman nos lugares cimeiros da lista.

O objetivo do partido é, segundo o presidente do partido holandês, “castigar os políticos por não fazerem o seu trabalho, ao tomar os seus lugares no parlamento”, resumiu, por email, ao JPN.

O advogado assume que a meta é mostrar um problema: “[Quando] nós entrarmos no parlamento com o nosso programa, dizendo que não vamos fazer nada, não há forma de negar a existência de um grande problema com o nosso sistema antiquado”.

O programa político é bastante simples: não chegar a acordo com nenhum partido político e valer-se da abstenção quando as propostas forem submetidas a aprovação.

Peter Plasman vê na falta de confiança dos votantes a razão de existir. O candidato não percebe a necessidade de quem está no poder ou na oposição ter de “realizar uma campanha quando tiveram quatro anos para convencer os eleitores, apenas fazendo o seu trabalho”.

“Como é possível que, após quatro anos no poder ou na oposição, 50% da população não faça a menor ideia sobre quem votar, a dois dias das eleições”, questionou ainda.

De forma a responder à insatisfação dos eleitores, o partido, de acordo com o seu site oficial, diz que “a única maneira” de representar os seus apoiantes, é fazendo o que prometeu “deixar os assentos em branco”.

Quando questionados acerca de se considerarem como uma possível força de bloqueio por representarem os abstencionistas, Plasman respondeu que o Niet Stemmers quer “que as pessoas que ficam em casa, por não se sentirem levadas a sério, votem pelo partido, de forma a provar um ponto”.

A reivindicação é feita, pois o partido holandês considera que é indiferente para os políticos “quando 50% ou menos dos votantes não comparecem, pois eles vão dividir na mesma os 150 lugares do parlamento no dia seguinte”, referiu ainda.

Artigo editado por Filipa Silva