13 anos depois do último concerto, os Três Tristes Tigres juntam-se para revisitar o passado, no palco do Teatro Rivoli. Na bagagem trazem o seu álbum mais influente, “Guia Espiritual”, publicado em 1996 e considerado o melhor álbum do ano e um dos melhores da década. Sem esquecer o resto da sua história, serão também cantadas algumas músicas do álbum “Comum”, de 1998.

A banda da Invicta formou-se nos anos 90, juntamente com a poetisa Regina Guimarães. Depois da última apresentação em 2004, o percurso musical da vocalista Ana Deus e do guitarrista Alexandre Soares continuou a ser feito em conjunto, mas num projeto diferente: Osso Vaidoso. Esta quinta-feira juntam-se a João Pedro Coimbra (bateria), Quico Serrano (teclados) e Rui Martelo (baixo) para “um encontro entre o passado e o presente” dos Três Tristes Tigres.

O convite foi feito por Miguel Guedes e o conceito do evento agradou à banda. Em conversa com o JPN, Ana Deus revela que o concerto vai ser diferente do que aquilo que os Tigres faziam antes. As músicas são as mesmas, mas influenciadas pelos anos que por eles passaram e pelos projetos que têm feito, “mais orgânicos e menos presos a aspetos mecânicos”. Alguns temas foram mais fáceis de fugir a este aspeto, outros nem por isso. “Vamos tentar estabelecer uma ponte entre o que fizemos e o que estamos a fazer agora”, sublinha.

Viajar no tempo e tirar as músicas de novo da gaveta não foi uma tarefa tão simples como parece. “Foi estranho durante uns dias, mas poucos”, revela Ana. O desafio passou por perceber as mudanças na forma como a banda compunha antes e adaptar ao presente. Tudo isso exigiu “um bocadinho de treino. É como quem vai ver uma fotografia antiga”, acrescenta. Depois de se reconhecer, “as memórias todas vêm construir o resto”.

O espetáculo vai ser “um reencontro e uma festa”. Um reencontro com algumas canções que gosta particularmente de cantar, como “Espécie” e “Noites Brancas”, e um reencontro com as pessoas com quem trabalhou. “Eu espero que me satisfaça como nem sempre os concertos dos Tigres me satisfaziam. Porque nem sempre achava que estava à altura”, confessa a cantora. Mas agora, revela que está “melhor em termos de voz”.

O público que aprecia o seu trabalho também não é esquecido. “Há tanta gente que me fala, por causa do «Guia Espiritual», gente mais nova do que eu, dizem que o disco foi tão importante para eles e tão especial”, lembra a vocalista.

O reencontro pode mesmo alargar-se a outros palcos. A banda já teve mais contactos de outras zonas do país e confirma que podem dar mais espetáculos, se houver mais pedidos. “Devemos esse respeito, também, aos músicos que estão a fazer isto connosco”, acrescenta Ana Deus.

Trazer para o presente o que de melhor o passado teve

Além dos Três Tristes Tigres, esta edição do Porto Best Of conta com a atuação de Old Jerusalem, onde Francisco Silva apresenta o seu mais recente trabalho “A Rose is a Rose is a Rose”, depois de uma pausa de cinco anos.

Os Dan Riverman sobem também a palco para apresentar um conjunto de novos temas que irão fazer parte do seu próximo álbum. A banda de Santo Tirso regressa este ano às edições discográficas e tem planeada uma digressão nacional.

Promovido pela Câmara Municipal do Porto (CMP), o Porto Best Of é um ciclo de concertos que reúne bandas do Porto, numa viagem no tempo, onde é recordado o primeiro ou o mais influente álbum.

Artigo editado por Rita Neves Costa