Foi na Rua Rodrigues dos Santos que engenheiros e o Presidente da Câmara Municipal do Porto se reuniram. O autarca começou por fazer um discurso sobre os projetos já executados na cidade e os projetos, em desenvolvimento, que pretende, ainda, executar. No entanto, foi o debate que reinou, na maior parte do tempo que Rui Moreira ali passou.

Durante a palestra, uma das principais ideias que Rui Moreira deixou aos presentes foi a necessidade que havia em criar uma identidade vincada no Porto. Foi em 2009 que surgiu a marca “Porto.”, um logótipo que possibilitou que a cidade passasse a ser vista como “um produto de consumo ou até uma loja onde todos nós habitamos”.

Paralelamente, entre outras coisas, também deixou vincada a ideia que, no mundo da engenharia, é importante que as ideias sejam postas em prática e que não se fiquem apenas pelo papel. Como tal, para que isso aconteça o tamanho das populações é algo preponderante.

Rui Moreira considera que o Porto tem o tamanho ideal para que projetos diferentes e inovadores possam ser postos em prática. “Uma cidade de 250 mil habitantes pode fazer diferentes experiências, como, por exemplo, criar uma rede wi-fi nos autocarros da STCP –, na qual a marca Porto. funcionou como âncora porque permitiu projetos autónomos. Já uma cidade que tenha 50 milhões de habitantes não se pode dar ao luxo de fazer experiências deste género”.

Muitas dúvidas e muitas respostas

Já durante o debate, muitos foram os engenheiros que aproveitaram para colocar dúvidas e apresentar sugestões ao Presidente da Câmara Municipal do Porto.

Os temas foram múltiplos e diferenciados: projetos idealizados para promover mais transporte público e menos transporte privado, projetos ao nível industrial em espaços estratégicos da cidade, nomeadamente, em Campanhã, o papel da Universidade do Porto no empreendorismo, a integração das bicicletas nas faixas bus e estratégias da autarquia relativamente ao arrendamento de curta-duração e de longa-duração.

Através dos temas postos “em cima da mesa”,  Rui Moreira afirma tem algumas medidas em mente e pretende, no futuro, melhorar a circulação automóvel, instalar dois pólos industriais de serviços e indústrias de tecnologia, na área de Campanhã e atribuir a Medalha da Cidade a Joaquim Sarmento — engenheiro conceituado que celebrou 100 anos em dezembro de 2016.

Pelo meio do debate, o responsável pela Câmara do Porto vincou, também, o papel da Universidade do Porto: “É o instrumento mais importante da cidade, aliás não há instrumento mais valioso”. Segundo o presidente, tal facto tem que ver com a capacidade que a universidade tem para atrair estudantes estrangeiros, não só de Erasmus, mas também estrangeiros que se deslocam ao Porto para fazerem licenciaturas, mestrados ou outras formações específicas. “Muitas dessas pessoas acabam por ficar por cá e, se tiverem sucesso, no futuro, vão ser os nossos verdadeiros embaixadores”, explicou.

Rui Moreira, durante a palestra, vincou o papel da UP na engenharia da cidade. Foto: José Correia

Engenheiros empenhados em soluções para os problemas do Porto

No fim da sessão, em entrevista ao JPN, o presidente da Ordem dos Engenheiros na região Norte, Poças Martins, salientou a importância da existência deste tipo de debates. “Foram postas muitas questões interessantes e está aberto o caminho para um conjunto de projetos de interesse mútuo, porque 15 mil engenheiros todos a pensar para o mesmo lado, com certeza que contribuirão para resolver alguns dos problemas que existem no Porto”.

O engenheiro Poças Martins falou também das parcerias e projetos conjuntos que existem entre a Ordem dos Engenheiros e a Câmara Municipal do Porto, nomeadamente a “Agência de Energia” ou mesmo as cooperações que existem com o vereador Filipe Araújo (do Pelouro do Ambiente da Câmara do Porto).

A título exemplificativo, Poças Martins falou do “Conforto Térmico de Habitações Sociais”, um projeto desenvolvido com “jovens engenheiros, no sentido de procurar encontrar soluções mais adequadas para aquecer casas e, no fundo, poupar dinheiro do ponto de vista energético”.

De resto, o presidente da Ordem dos Engenheiros na região Norte aproveitou para elogiar o trabalho que tem sido desenvolvido na Câmara do Porto. “Do debate que aqui tivemos hoje, nota-se que há poucos assuntos (e hoje não vimos nenhum) em que Rui Moreira não tem pensado. Nota-se perfeitamente que é uma pessoa que está no lugar certo e que sabe o que está a fazer”.

Artigo editado por Rita Neves Costa