O estudo “Predicting prejudice towards immigrants: personality and social variables”, realizado por estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, concluiu que a perceção de segurança na zona de residência, o grau de escolaridade e a ideologia política são fatores associados ao preconceito perante os refugiados.

“Maior preconceito tende a ser encontrado em pessoas com escolaridade mais baixa e menor preconceito em pessoas com escolaridade mais elevada”, foi o que explicaram os autores ao JPN, alertando que “isto não significa que todas as pessoas com menor nível de escolaridade são preconceituosas, ou que não existam pessoas preconceituosas mais escolarizadas.” Perante tais resultados, há duas explicações possíveis: uma delas é que a Educação em geral tende a incutir valores de multiculturalidade e tolerância. Outra explicação possível é que “as pessoas menos escolarizadas podem sentir que há um perigo maior para os seus empregos com a vinda de imigrantes do que pessoas mais qualificadas.”

Relativamente à perceção de segurança, “as pessoas tendem a demonstrar maior preconceito para com imigrantes quando não se sentem seguros nas zonas onde vivem”. Assim sendo, os autores alertam que é necessário ter “sensibilidade às realidades geográficas e comunitárias quando se planeia o alojamento/integração dos imigrantes.”

Para além disso, o estudo aponta que “pessoas que se identificam com ideologias de direita tendem a demonstrar maior preconceito para com imigrantes”.

“O importante por parte dos governos será claramente delinear a sua posição e assegurar às pessoas que da integração de imigrantes não decorrem riscos, por exemplo, para os seus empregos e para a sua segurança”, referem. Dão, por isso, ênfase à importância da responsabilidade social e dos Direitos Humanos de todos os cidadãos.

Foram tidas em conta, tal como o nome do estudo indica, variáveis de personalidade e variáveis sociais. Os autores do estudo explicam ao JPN que as variáveis de personalidade são as mais pessoais e individuais e estão ligadas à “amabilidade” e à “abertura que cada pessoa tem perante novas experiências”. As variáveis sociais prendem-se com ideologias políticas, segurança que sentem na vizinhança e o nível de instrução. Assim, o desenrolar do estudo e a análise dos resultados deve ser feita sempre tendo em conta esta “dupla perspetiva”.

“Preconceito é diferente de discordar do acolhimento de refugiados”, alertam os autores. “Quer isto dizer que não se está aqui a defender uma ideologia específica, apenas a clarificação dos argumentos apresentados para determinadas posições”.

Os autores do estudo são Rúben Silva, Sofia Brito, Ana Figueiredo, Vanessa Melo e Filip Valúch. Para chegar aos resultados apresentados, foram questionadas mais de duas centenas de pessoas através de entrevistas presenciais.

Artigo editado por Filipa Silva