Para uns, a moda é não só tendências. A exteriorização da personalidade pode ser um dos propósitos da roupa que vestimos, dos penteados que usamos e dos sapatos que completam o look. As diferentes opiniões do que afinal representa a moda foram questionadas pelo JPN na 40ª edição do Portugal Fashion.

Num evento onde muitos acedem por convite, com exceção da entrada livre no espaço Bloom, as casas cheias no Silo Auto, na Alfândega do Porto e no Centro Português de Fotografia colocam o elitismo, lado a lado, com o conceito de massa.

Para Manuel Serrão, membro da organização do evento, “a moda é aquilo que, cada vez mais, as pessoas querem usar num determinado momento”. “Dantes havia uma ditadura de estilistas e, hoje em dia, acho que há uma ditadura do consumidor”, esclarece o empresário do Porto.

Não havia lugares vazios na Alfândega do Porto. Foto: Cláudia Silva

A entrada a este evento é limitada, mas a perspetiva sobre o elitismo no Portugal Fashion diverge. Para Sara Monteiro, não funciona como uma “exposição do elitismo”. “Se calhar, de ano para ano, é mais difícil de arranjar convites e também porque a própria distribuição da sala está cada vez menor”. reconhece. Já Bianca Costa e Sofia Fernandes afirmam que “estes tipos de eventos acabam por ser um bocadinho elitistas e funcionam como exposição social”.

“Principalmente em Portugal, este tipo de evento é muito show off”, dizem as duas amigas.

Manuel Serrão, também membro da organização do evento de moda, reforça que “o Portugal Fashion nunca foi propriamente um evento chamado elite, sempre foi um evento mais abrangente”.

De olhos postos nas passerelles na 40ª do Portugal Fashion 2017 Foto: Cláudia Silva

“Nós temos aqui coleções para todos os gostos e para todas as sensibilidades”, disse.

Numa sociedade em que a moda, cada vez mais, se adapta aos consumidores, o orçamento é elevado para a maior parte dos bolsos. Miguel Ferreira, que frequenta o Portugal Fashion e, apesar de gostar dos estilistas, diz que “infelizmente, não faz parte do orçamento”.

Os estilistas apresentam “o melhor que têm, o melhor que podem, o melhor que querem”, mas “nem todas são acessíveis”, afirma Manuel Serrão.

A curiosidade e o interesse pela moda continuam a ser o motivo pela qual muitas pessoas procuram assistir e enquadrar-se no evento. Apesar disso, a forma como veem a moda ainda não é (totalmente) unânime.

Artigo editado por Rita Neves Costa