O Museu Militar do Porto era uma antiga prisão da PIDE, na Rua do Heroísmo, na época do Estado Novo. 43 anos depois, as instalações não refletem a História da Revolução. Os moradores da zona explicam o que viam e ouviam antes de 1974.

O edifício da antiga prisão da PIDE na altura do Estado Novo é agora o Museu Militar do Porto. O museu não preserva a memória daquilo que foi o edifício antes do 25 de Abril de 1974 e atualmente apenas tem material militar. Há visitas guiadas ao museu que elucidam os visitantes daquilo que se passou dentro daquelas quatro paredes, no entanto, as visitas são organizadas por associações que não fazem parte do Museu Militar.

Para Gaspar Martins Pereira, historiador, a cidade do Porto preserva a memória do 25 de Abril, uma vez que se promovem várias atividades como palestras e debates. No entanto, afirma que seria possível preservar ainda mais e, neste caso específico, manter o lugar emblemático da antiga prisão da PIDE como um local de memória. Ainda assim, admite que não conhece as condições que existem para tal.

“Sempre existiram defensores do regime salazarista, portanto, não me admira que haja algumas pessoas que exprimam essas posições fascistas de defesa dos valores anti-democráticos. Isso não me espanta ainda mais hoje que são visíveis os processos de restauração de um certo espírito conservador a nível de toda a Europa”, confessa o historiador ao JPN.

Quando questionado sobre a grande discrepância de opiniões relativamente ao Estado Novo e aquilo que o 25 de abril representou para o país, Gaspar Martins Pereira acredita que “as pessoas saudosistas do período anterior” não são assim tantas, no entanto “claro que há, o regime do Estado Novo não se manteve só porque existiu o Salazar ou o Marcelo Caetano. Teve um apoio e procurou sempre fazer propaganda”.

O historiador crê que muitas das pessoas que afirmam querer voltar ao período ditatorial têm esta mentalidade por falta de informação. Alerta, por isso, que na altura havia uma proliferação de informação extremamente escassa e, muitas vezes, a informação que passava para a população em geral era manipulada, o que fazia com que muitas pessoas não se apercebessem de tudo o que se passava. Assim, apenas quem realmente se interessava por assuntos políticos tentava saber mais e informar-se para além daquilo que era disponibilizado.

Rosa Santos, 73 anos

Maria Monteiro, 75 anos

Maria José, 73 anos e Maria Luísa, 56 anos

Casimiro Coelho

Luís Davide, 82 anos

Artigo editado por Rita Neves Costa