O #infomedia, plataforma de ciberjornalismo académico, apresentou a publicação número zero, durante a segunda edição da sessão “Jornalismo Frankenstein”, esta quinta-feira.

São 23 as pessoas que estão por trás desta nova cara do “Frankenstein”, nome que a jornalista e professora Vanessa Rodrigues chama à plataforma, por ser também ela construída através de “fragmentos de saberes e de vontades”.

A ideia do “Jornalismo Frankenstein”, que acabou por dar nome à conferência organizada pela Universidade Lusófona do Porto (ULP), surge numa “lógica de tentar perceber que jornalismo é este que nós estamos a produzir, que usa as novas tecnologias e a multimédia e tentar entender que modelo de negócio se vislumbra no horizonte, na ótica do ciberjornalismo”, explicou a professora ao JPN.

Vanessa Rodrigues confessou que quando chegou à ULP, sentiu a necessidade de criar “um projeto ciberjornalístico em que os estudantes pudessem treinar as suas competências, criar portfólio e dar acesso a um público em geral para os conteúdos produzidos no âmbito da academia, trabalhos esses que normalmente são de grande qualidade”.

Depois de ter “desafiado o diretor do curso de Ciências da Comunicação, o colega Luís Miguel Loureiro, também ele jornalista”, a professora afirma que “a causa foi logo abraçada”.

O projeto, que teve início em 2014, começou por ser um blog incorporado na unidade curricular de ciberjornalismo com publicações semanais obrigatórias feitas pelos alunos.

Depois de “passinhos atrás e passinhos para a frente”, em novembro passado, o projeto sofreu uma “fusão” entre o que já existia e o desejo de criar outro projeto idêntico, proveniente de duas alunas do segundo ano do curso de Ciências da Comunicação da ULP, Bárbara Ramos e Carolina Franco.

Com a ajuda do ex-aluno Ricardo Marques, foi possível a construção de um website, onde agora os estudantes partilham os seus artigos, seguindo uma identidade “intemporal”.

“Um dos objetivos do #infomedia é que eu possa, de alguma forma, consultar a plataforma daqui a três meses e os artigos possam ter um cariz informativo intemporal para que possam ser lidos em qualquer altura”, afirma Vanessa Rodrigues.

Desafios do ciberjornalismo e da era digital

A segunda edição do “Jornalismo Frankenstein” juntou órgãos de comunicação online envolvendo meios tradicionais e meios alternativos independentes.

O P3, o JPN, a TKNT, a Comunidade Cultura e Arte e o Shifter foram os projetos que marcaram presença no salão nobre da ULP para discutir os desafios e as oportunidades do jornalismo na era digital.

Vanessa Rodrigues vê no #infomedia um passo no “caminho certo” do “longo caminho que ainda falta percorrer no ciberjornalismo académico”.

Num tempo em que os meios de comunicação alternativos e independentes marcam cada vez mais a sua posição e cativam um público que vai crescendo rapidamente, a jornalista acredita que as soluções para o futuro do ciberjornalismo podem passar por juntar profissionais de diferentes áreas.

“O jornalismo é contar histórias com um fim e um dos elementos do jornalismo é tornar interessante aquilo que é relevante. O ciberjornalismo traz desafios e oportunidades muito interessantes para se fazer melhor jornalismo, pelo facto de agregar diferentes profissionais, outras visões e novas soluções para a forma como nós apresentamos as histórias”, defende Vanessa.

Para Lucas Brandão da “Comunidade Cultura e Arte”, um dos desafios que enfrentam é “dar a conhecer e informar o que está em carência nos media tradicionais”.

Por outro lado, João Ribeiro, do Shifter, afirma que o maior desafio do jornalismo em geral é “ter calma” e salienta que há um problema em todas as formações académicas: “Quando as pessoas vão do curso de jornalismo para o jornalismo chegam lá e são só mais um jornalista, ficando encostadas. No Shifter há jornalistas e há de tudo e nós temos de fazer as funções absolutamente todas. Se há pessoas que ganham destaque na organização é porque são interessantes e têm a capacidade de serem versáteis”.

Nuno F. Santos, coordenador geral da TKNT, aproveitou ainda para dar o exemplo de Vanessa Rodrigues como alguém “que é jornalista, mas consegue ser fora da caixa. É possível fazer isso”. Numa altura em que “todos questionam o jornalismo”, afirma ainda que “existem aqueles que continuam a fazer jornalismo como sempre fizeram, porque acham que as métricas e as audiências é que contam e, quando isso acontece, não se está a fazer aquilo que se gosta, mas sim o que os outros querem que seja feito”.

Artigo editado por Rita Neves Costa