A Marcha Mundial pelo Clima realiza-se este sábado, dia 29 de abril, pelas 15h00. Portugal aderiu à iniciativa, marcada para três cidades portuguesas: Porto, Lisboa e a vila de Aljezur. Na Invicta, a marcha começa na Praça da Liberdade, passa por Mouzinho da Silveira e termina na Praça da Ribeira.

Foi no segundo encontro Nacional pela Justiça do Clima que o movimento “People’s Climate Movement”, criado nos Estados Unidos, apresentou a iniciativa. Na base está a manifestação contra as políticas adotadas por Donald Trump em relação ao clima – com um corte de 31% aos recursos destinados à Agência de Proteção Ambiental – e à produção de energia – com a autorização do oleoduto de Dakota e o gasoduto Keystone XL, travados na administração anterior. Desde o dia da eleição do presidente norte-americano, que estas têm sido questões muito discutidas.

Para João Branco, presidente da Quercus, os Estados Unidos têm adotado uma “política negacionista”, pois a administração norte-americana nega a existência do problema das alterações climáticas. “Interessa muito a esta administração favorecer toda a fileira relacionada com o petróleo, com o gás e com o carvão, ou seja, com os combustíveis fósseis, que é uma fileira que tem muito peso politico e económico nos Estados Unidos”, defende em declarações ao JPN.

Os efeitos da queima do carvão são nocivos, mas, ao mesmo tempo, esta é a forma mais barata de produzir energia e a que fornece vantagens competitivas ao país. João Branco explica que o problema é que, quando alguns dos países estão dispostos a diminuir essa atividade, acabam por ficar “condicionados”, porque vão ter que produzir mais caro do que os países vizinhos. “Os Estados Unidos condicionam o comportamento do resto do mundo por via da economia, porque como é lógico ninguém vai admitir que utilizem queima de combustíveis fosseis para produzirem os seus produtos mais baratos do que os seus concorrentes”, acrescenta João Branco.

E em Portugal?

Em Portugal, a Marcha pelo Clima tem como objetivo a anulação de todas as concessões para a exploração de petróleo e de gás na costa portuguesa. Segundo as organizações participantes no encontro, o governo de António Costa “deu licença à GALP/ENI para avançar com a prospeção de gás e de petróleo no mar de Aljezur, ignorando as mais de 42 mil pessoas que se manifestaram contra o furo, durante a consulta pública”, lê-se no site do evento.

Para João Branco, a situação não é fácil de ser resolvida a curto prazo, pois “as duas centrais a carvão que existem têm que ser substituídas”, mas isso não pode ser feito de um dia para o outro. “Se as nossas centrais a carvão fechassem hoje, nós amanhã estávamos a importar energia de Espanha feita em centrais a carvão, mas mais cara”, sublinha.

João Branco acrescenta que não é “moralmente aceitável” que os combustíveis sejam vendidos para serem queimados noutro local, pois “o petróleo que vai ser extraído na Costa Portuguesa vai ser queimado em algum lado, não vai ser extraído para ficar em depósito eternamente”.

Para a organização, a solução passa por fazer “uma transição justa para as energias renováveis, diminuindo progressivamente o uso de combustíveis sujos e perigosos como o petróleo, o gás natural, e o carvão, ao mesmo tempo que se recusam soluções insustentáveis como a energia nuclear e as grandes barragens”.

Ao todo participam 18 movimentos, incluindo organizações ambientalistas, sindicatos e partidos políticos portugueses.