A medida estava prevista só para 2018/2019, mas foi antecipada para este ano. A partir da próxima época, o vídeo-árbitro começa a ser utilizado em todos os jogos do campeonato português. A primeira experiência acontece na Taça de Portugal, a 28 de maio.

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), revelou que a organização vai arcar com os custos da implementação da tecnologia na Primeira Liga e diz-se orgulhoso pelo “trabalho pioneiro” da FPF: “Foi um processo longo. Iniciámos o caminho há 15 meses com o nosso pedido para estarmos na linha da frente do vídeo-árbitro. Depois de testarmos offline em nove jogos na Taça de Portugal, vamos testar live na final da Taça de Portugal. Já tivemos nove ou dez árbitros envolvidos nestes testes e foram dois árbitro portugueses que testaram a sua utilização para a FIFA. A final da Taça de Portugal será o culminar de um processo longo, com um enorme envolvimento da nossa equipa”, declarou ao site oficial da entidade.

O valor do investimento não foi avançado mas na imprensa desta quinta-feira referem-se somas entre os 600 mil e o milhão de euros por época.

“Queremos claramente que os árbitros errem cada vez menos e esta ferramenta, estamos convencidos será muito importante para diminuir a margem de erro”, esclareceu o presidente da Federação sobre a importância do apoio aos árbitros.

De acordo com a International Football Association Board, o método de arbitragem pode ser usado em quatro circunstâncias:

  1. Golo (se forem detetados erros pelo vídeo-árbitro, devem relatar ao árbitro principal. Assim, fica ao critério deste, acatar a ideia ou visionar as imagens junto à linha lateral, para, deste modo, preservar ou não a decisão inicial);
  2. Penálti;
  3. Expulsão;
  4. Eventuais irregularidades na identificação de jogadores.

Para analisar os vídeos, o sistema vai usar câmaras de transmissão televisiva, entretanto, o Conselho de Arbitragem pode acrescentar câmaras para visionar todos os ângulos.

Menos contestação à volta dos árbitros

O presidente do Conselho de Arbitragem, José Fontelas Gomes, avisa que o erro não irá acabar, mas sim “diminuir drasticamente”.

Em declarações à agência Lusa, Fontelas Gomes espera que a introdução do vídeo-árbitro na Primeira Liga diminua a crescente contestação aos juízes: “Esperamos que, com esta medida, esse clima possa melhorar. Se conseguirmos com esta ferramenta diminuir um pouco os erros, claro que esse clima vai melhorar”.

É uma medida excelente para que possamos conseguir reduzir um pouco o erro. Não acabar com o erro – isso não vai acontecer -, mas vai certamente ajudar a diminuir o que são considerados os erros mais claros”, concluiu.

Há quem discorde e há quem tenha reservas

A implementação do vídeo-árbitro no futebol português foi vista de maneiras diferentes por personalidades ligadas ao futebol nacional e internacional.

Desde logo, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, elogiou a decisão tomada pela FPF, dizendo tratar-se de uma prova “do forte compromisso da FPF com o desenvolvimento do futebol dentro e fora de campo”.

“O facto de os campeões europeus fazerem parte da vanguarda, apostando no aprimoramento do jogo por meio da tecnologia, serve como exemplo e inspiração para todos”, reiterou.

No entanto, há quem tenha reservas sobre a implementação do vídeo-árbitro no campeonato português. O técnico do Boavista, Miguel Leal, em conferência de imprensa, abordou o tema, dizendo ser “a favor do vídeo-árbitro”, mas não acredita que funcione nos estádios nacionais.

“Sou a favor em alguns casos, especialmente para se verificar se a bola entrou ou não entrou na baliza. Fora isso, é muito difícil operacionalizar e o que me preocupa mais é se os estádios portugueses estão preparados para isso. É a primeira pergunta que se tem de fazer, porque acho que alguns não estão”, justificou o treinador axadrezado.

Jorge Sousa, Hugo Miguel e João Pinheiro são alguns dos juízes portugueses envolvidos em testes video-árbitro.

Hugo Miguel, ao site oficial da FPF, considerou que a “comunicação é um factor primordial e que a decisão final é do árbitro”. Para o árbitro, é decisão é benéfica “para minimizar o máximo de erros possíveis e potenciar o jogo”, pois “situações erróneas serão logo corrigidas”.

Os árbitros que vão usar a nova tecnologia já iniciaram uma formação em agosto do ano passado.

Artigo editado por Filipa Silva