O Partido Socialista (PS) apresentou Manuel Pizarro como candidato à Câmara Municipal do Porto às autárquicas de outubro, anunciou o presidente da concelhia socialista do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro, no último sábado. A candidatura de Manuel Pizarro significa uma rutura com a anterior posição do PS – a de apoiar Rui Moreira, dando seguimento à coligação pós-eleitoral firmada entre as duas partes na sequência das eleições de 2013.

Depois da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, ter feito referências, em entrevista primeiro ao “Expresso” e depois ao Observador, que o movimento de Rui Moreira entendeu como pressões, no sentido de colocar pessoas do PS na lista do “Porto, O Nosso Partido”, o atual presidente da Câmara do Porto decidiu afastar a hipótese de qualquer “coligação formal ou informal” com o PS, como indicou o próprio no Jornal da Noite da SIC de sexta-feira.

A decisão de avançar com uma candidatura própria foi formalizada por António Costa que explicou que o PS não se quer sentir “indesejado em lado nenhum” e por isso concorre com o emblema próprio porque “amigo não deve empatar amigo”, declarou à entrada da Convenção Autárquica do PS, este sábado, em Lisboa. O primeiro-ministro sublinhou ainda que apoia incondicionalmente a candidatura de Pizarro.

O vereador da Ação e Habitação Social, que já se tinha candidatado à Câmara do Porto nas últimas autárquicas em 2013 – eleições em que alcançou o segundo lugar, atrás de Moreira – entende que, na sequência dos eventos da semana passada, “tem que haver uma candidatura do PS à Câmara do Porto” e por isso decidiu “dar a cara”, afirmou aos jornalistas no final da manhã de sábado.

Sobre a associação com Rui Moreira, Pizarro explica que não vai ser “possível continuar durante mais quatro anos”, mas sublinha que tal não significa que a cooperação entre PS e Rui Moreira, no mandato que ainda decorre, não tivesse tido resultados positivos.

Ainda antes da candidatura de Pizarro estar lançada e depois de uma conversa com António Costa, Rui Moreira prescindiu publicamente do apoio do PS e justificou a sua decisão em entrevista na SIC.

“Temos gosto se os partidos decidirem apoiar-nos. O apoio de um partido não pode ser transformado numa coligação formal ou informal”, explicou Rui Moreira que ainda acrescenta que nunca se candidatará por um partido ou coligação.

O presidente da Câmara reforçou a ideia que fonte do seu movimento já tinha passado à imprensa: as declarações de Ana Catarina Mendes – que esperava “uma representação forte” do PS nas listas de Rui Moreira -, foram entendidas como uma pressão ao movimento independente para colocar elementos do PS nas suas listas.

O afastamento entre a máquina autárquica de Rui Moreira e o PS Porto já tinha sido anunciado quando Nuno Santos, adjunto do presidente da CMP, declarou que caso Moreira ganhasse não haveria “jobs for the boys”.

Manuel Pizarro foi durante os últimos quatro anos braço direito de Rui Moreira na gestão da autarquia do Porto e caso, Moreira ganhe, isso pode não mudar. Pelo menos, de acordo com o atual presidente da Câmara do Porto. Rui Moreira explicou na SIC que, em caso de vitória, tem intenções de manter Manuel Pizarro a seu lado, elogiando-lhe a lealdade e a competência.

Na corrida à Câmara do Porto, estão agora Rui Moreira, pelo movimento “Porto, O Nosso Partido”, Álvaro Almeida, independente que corre pelas listas do PSD, Manuel Pizarro pelo Partido Socialista, Ilda Figueiredo pela CDU e João Semedo a concorrer pelo Bloco de Esquerda.

Artigo editado por Filipa Silva