O segundo dia da Queima do Porto foi de David Carreira e Virgul. Pessoas de todas as idades juntaram-se para assistir aos concertos. O JPN conheceu alguns dos fãs que acompanham os artistas por todo o país.

“David, David”, ouve-se em francês. Com 5 anos, o filho de Maria Inês espera impacientemente na fila para entrar no Queimódromo. Ainda não são 22h, hora a que abre o recinto, mas os dois fãs e Jacqy, um amigo que os tem acompanhado no último mês e meio, procuram entrar o mais cedo possível. Este grupo é um dos exemplos de público que segue os artistas preferidos por todo o país. A Queima das Fitas não foge à regra.

“Ontem esperamos mesmo muito em Coimbra. Pensávamos que o concerto era às onze da noite, mas só às quatro é que ele entrou”. Falam do concerto de David Carreira, no último sábado na Queima de Coimbra. “Depois esperámos até às seis da manhã por ele, para uma foto. Já conhecemos o carro e sabíamos que ele estava lá. Acabamos por ter a sorte de o apanhar num semáforo lá perto do sítio do concerto”.

“Já vamos em mais de dez mil quilómetros pelo David”, confessa. O último mês e meio tem sido passado em Portugal, a seguir atentamente o trabalho do artista e a “World 3 Tour”.

Portanto, desengane-se quem acha que a Queima das Fitas pouco tem a ver com a música. Pouco depois das 22h, o espaço que acolhe o público para os concertos já estava composto. Maria Inês confessa que não deu especial importância ao local. “Já saí há algum tempo de Portugal, acho que na altura não se falava disto e por isso não tenho feito atenção a esta coisa de Queima. Vi na página do facebook dele e vim”.

David Carreira em entrevista ao JPN diz que “não há nada melhor” do que ter “a possibilidade de ter caras conhecidas em frente ao palco”. “São pessoas que te seguem a digressão toda. Já tive a sorte de poder ter fãs do Luxemburgo que fazem a digressão toda em Portugal, e que fazem viagens de ida e volta”.

Mas nem só de fãs de David Carreira se faz este dia de Queima. Virgul, cabeça de cartaz deste domingo, também chamou muitos fãs à primeira fila.

Até os bailarinos dos cantores têm fãs

As produções dos dois artistas envolvem muita dança. Nas grades, lê-se um cartaz para “Jojó das babes”, um dos bailarinos de David Carreia. Inês e Joana Martins são amigas, partilham o apelido e a admiração por “Jojó”. “Ele chama-se Jorge, mas o David chamou-lhe “Jojó das babes” na brincadeira e nós achámos piada”.

As duas estudantes do secundário vieram de Ovar e contam como começou o interesse pelo bailarino. “Já conhecemos outros projetos dele, não só com o David. Começou a tour com ele este ano. Nós somos fãs do David também, mas já que ele já tem tantas, vamos para o outro”, brincam. “Vais reparar logo nele, vais ver logo quem é, é o barbudo”. Depois, mostram uma fotografia com ele no Instagram: “Ele viu e tudo!”.

O convívio começou enquanto esperavam por David Carreira no final dos concertos. “Os bailarinos são muito acessíveis. Eles vão jantar aos restaurantes ou cafés dos sítios onde vão atuar. O David não, mas eles sim e então é fácil estar com eles. No final dos concertos também vêm ter connosco”. Na Queima do Porto não foi diferente. “O grande espetáculo do David é muito pelos bailarinos, e eles também merecem”.

David Carreira disse ao JPN que acha este interesse “brutal”. “É lindo, quando tens grupos que se criam para os bailarinos, para os músicos, páginas de fãs para eles, e torna isto ainda mais uma família”.

Uma Queima para todos

“Não vínhamos à Queima se não fosse o concerto do David. Temos aulas amanhã… Mas não pode ser só estudar”. As duas adolescentes partilham a linha da frente com gente de todas as idades.

Duas meninas de 12 anos, que foram ao recinto para ver Virgul, estão acompanhadas pelos pais de uma delas. É a segunda vez que vêm à Queima, a primeira foi para ver Agir. “O ambiente é mais adulto e assim, mas é fixe”.

Uns metros à direita encontra-se Jorge, de 11 anos. Diz, orgulhoso: “Já tenho dois autógrafos do David! Se calhar hoje consigo o terceiro”. Ao lado, um grupo de cinco raparigas, dos 14 aos 18 anos. “Eu já fui a Lisboa vê-lo”. A ânsia é grande, mas dizem que “já não se espera mais dele”. A mãe de uma delas vai para todo o lado. “Gosta mais do Tony, mas também gosta do David. Ainda assim, é preciso muita paciência, tenho muita sorte”, diz a filha.

As luzes apagam e começa a festa. David Carreira entra em palco com o que parece ser uma capa de um traje académico. “Ouvi dizer que esta é a melhor Queima Tuga!”. O público fica ao rubro. De hits mais antigos, como “Esta noite” ou “A força está em nós”, à famosa “Primeira Dama” ou “Haverá sempre uma música”, os fãs cantam e dançam em êxtase.

Os bailarinos lá estão, coordenados com David que não perde um passo. A meio, um mimo para as mães, no Dia da Mãe e de Queima das Fitas: as músicas “Mãe querida” de Tony Carreira,  “Shape of you” de Ed Sheeran e o início da conhecida “We will rock you” dos Queen foram a banda-sonora, enquanto o artista mudava de roupa.

Virgul veio a seguir, para um público que Carreira lhe disse já estar “aquecido”. As mães também não foram esquecidas no segundo concerto da noite, no refrão da música “I need this girl in my life”, com o verso “o que ela me dá é demais” trocado por “a minha mãe é demais”.

A dança foi também um dos pontos importantes do concerto e os tempos do artista com os Da Weasel ou Nu Soul Family foram recordados com músicas como “Re-tratamento” e “This is for my people”.

O ambiente é de festa e a noite continua. O segundo dia de Queima das Fitas não perde a pujança e, afinal, a música tem uma grande importância. Mas este não é um concerto qualquer.

Para David Carreira, o ambiente é diferente, porque, diz, “o público da Queima é 100%” o seu público e “isso sente-se muito”. A pensar nos universitários, faz as contas: “O ‘Esta noite’ é o meu primeiro single, a primeira música que lancei, há seis anos, e é ótimo ver que o pessoal ainda conhece. Se calhar nessa altura tinham… sei lá, 13 anos, 14 anos? E portanto é ótimo poder crescer com este público”.

A Queima das Fitas continua esta segunda-feira, com Dub Inc. e Dillaz a cabeça de cartaz. Na terça-feira, o rei da noite é Quim Barreiros, com 4mens a abrir. Quarta, a vez é de Xavier Mota e Club Banditz abrirem a noite de Juan Magan e quinta-feira, o recinto de Matosinhos conta com os portugueses ÁTOA e HMB. Sexta-feira, há Ditch Days e James Morrison no Queimódromo e, por fim, a fechar a Queima das Fitas do Porto 2017, Caelum e Kaiser Chiefs.

Artigo editado por Rita Neves Costa