O Cartolas é o encontro de tunas para finalistas. Reúne 15 tunas da Academia do Porto e leva ao Teatro Sá da Bandeira as músicas mais emblemáticas da vida académica, acompanhadas pelo agitar de cartolas e bater de bengalas.

É assim há quatro anos, quando alguns conflitos entre tunas e o grupo praxístico Magnum Consilium Veteranorum impulsionaram uma alternativa ao FITA. O Cartolas foi crescendo e distanciando-se do Festival Ibérico de Tunas Académicas (FITA). “Surgiu da necessidade de ter um espetáculo em que todas as tunas tivessem oportunidade de tocar para as suas casas”, explicou Luís Ribeiro, um dos responsáveis pela organização. Luís nega a rivalidade com o FITA, considera que os conflitos incentivaram a criação do Cartolas, mas esse “não é o argumento base da organização”.

Com o objetivo de desmistificar essa suposta rivalidade, desvendou que chegaram até a fazer parte da organização do FITA do ano passado e sublinhou: “Este é o encontro de tunas para os finalistas do Porto, não é o encontro anti-FITA”.

“O Porto é a cidade do mundo com mais tunas e nós temos de saber aproveitar o potencial humano e os recursos que temos, temos de ser um património, a bandeira da cidade do Porto”, prosseguiu. A organização é composta por mais de uma dezena de tunas portuenses. Mas afinal o que distingue o Cartolas dos restantes eventos de tunas? Luís Ribeiro responde sem hesitar: “junta 15 tunas e toda a gente vem para aqui de cartola e bengala, o que só acontece uma vez por ano”.

O Cartolas proporciona ainda o convívio quase diário e a comunicação entre as tunas, algo inexistente há quatro anos. Une os diversos grupos e cria amizades por toda a academia. Qualquer tuna pode participar no evento, nem que para isso não atue, mas faça parte da organização. Este ano, foi o caso da TAISAG – Tuna Académica do ISAG, e da TAULP – Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto, que não tiveram possibilidade de atuar, por falta de elementos, mas quiseram permanecer na organização.

Cartolas com direito a Supertuna

Com início marcado para as 18h00 e dividido em duas partes, o espetáculo começou com a atuação da TCP – Tuna de Contabilidade do Porto. A primeira parte terminou com uma surpresa da organização. Antes do intervalo, subiram ao palco representantes das diversas tunas, num grupo intitulado Supertuna, que entoou o “hino da Queima das Fitas”, a Balada da Despedida do 5º ano Jurídico de Coimbra. Num clima de animação e nostalgia, as bengalas foram agitadas ao ritmo de serenata e, por momentos, o Teatro Sá da Bandeira recordou “a saudade, no momento da partida”.

A TUNAF – Tuna Feminina do Orfeão Universitário do Porto abriu a segunda parte. Esta foi a única tuna feminina no Cartolas, em representação do Orfeão Universitário do Porto, presente no FITA, que decorria no mesmo dia no Coliseu do Porto.

Com menos cadeiras vazias do que na primeira parte, o Cartolas provou da alegria dos finalistas, que, em comboios e subidas ao palco, mostraram querer “ficar sempre estudantes”.

Sofia, finalista da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), e Maria, da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), são já presença assídua no evento. Este ano, vieram a mais um Cartolas acompanhadas de Ricardo, do curso de Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), que, entre risos, disse ter escolhido ir ao Cartolas por “ser melhor que o FITA”.

Mas há também quem vá ao Cartolas para acompanhar a tuna da sua faculdade. Ana Freitas foi ao Sá da Bandeira para apoiar a TAESAD – Tuna Académica da Escola Superior de Artes e Design, num ano em que a bengala e cartola dão um sabor diferente ao espetáculo.

A edição de 2017 do Cartolas foi apresentada pelo G.A.I.J.U.S. – Grupo de Amigos e Irresistíveis Jograis Universitários Sequiosos.

Sob o mau tempo que se fez sentir na quarta-feira da semana académica do Porto, as tunas não tiveram oportunidade de atuar à porta do Teatro Sá da Bandeira, como é habitual. No entanto, nem a chuva que se fez sentir ao final da tarde e noite do Cartolas afastou as cores, laços, rosetas, bengalas e cartolas que, durante esta semana, percorrem a cidade. Afinal de contas, dizem que finalista pode tudo.

Artigo editado por Filipa Silva