O candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto, Álvaro Almeida, considerou, esta segunda-feira, que as opções quanto à mobilidade tomadas pelo atual executivo beneficiam mais a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) e prejudicam os comerciantes e moradores. Álvaro Almeida esteve esta segunda-feira na Rua de Costa Cabral, onde recolheu opiniões sobre o que tem de mudar.

O candidato apoiado pelo PSD convocou a imprensa para falar de mobilidade junto à estação de metro dos Combatentes. A poucos metros, a Rua de Costa Cabral, intervencionada pela câmara ao nível da sinalização, serviu se exemplo para Álvaro Almeida acusar a autarquia de preferir beneficiar a “mobilidade dos STCP”, pondo em causa “a viabilidade dos comerciantes” e prejudicando “seriamente os moradores “.

“Esse problema [da mobilidade], que é geral, que é uma opção política desta câmara e que por nós é uma opção errada, tem que ser revertida. Quando eu for presidente da câmara, será revertida”, disse Álvaro Almeida em declarações à imprensa.

O também professor universitário contou que muitos portuenses se queixaram da mobilidade e que essa questão vai marcar a campanha. “Transversal a toda a cidade é o problema da mobilidade, é o problema do trânsito e é o problema do impacto das alterações de trânsito para beneficiar os STCP, um impacto negativo nos comerciantes e nos residentes, que nos parece uma opção política errada que queremos anular”, repetiu Álvaro Almeida.

Em Costa Cabral, o candidato à Câmara do Porto falou com comerciantes que disseram que foram afetados pelas alterações de trânsito que foram realizadas em 2015.

“Os comerciantes disseram-nos que têm perdido muitos clientes por causa da dificuldade das pessoas acederem à rua, seja a pé, os passeios são estreitos, os autocarros circulam com muita velocidade. Não é fácil andar na rua a pé. E também não dá para circular de automóvel, ou pelo menos não dá para circular e parar o automóvel”, contou o candidato.

As críticas do candidato são contrariadas pela Câmara que, em outubro de 2016, apontava resultados “notáveis” em Costa Cabral depois da intervenção camarária numa rua considerada como um”ponto negro” em matéria de segurança rodoviária: a velocidade comercial do transporte público aumentou, o estacionamento abusivo diminuiu, os acidentes desceram de 40 em 2012 para 14 em 2016 e os atropelamentos diminuíram de 9 em 2013 para 3 em 2016, refere o relatório então apresentado pela autarquia.

Álvaro Almeida referiu que pretende ver na cidade do Porto “um serviço de transporte público rápido”, “que não mate a vida na cidade” e que “esteja ao serviço dos portuenses e não contra os comerciantes e os moradores da cidade do Porto”, mas que isso não pode prejudicar outros aspectos. “Às vezes, para ganhar um minuto dos STCP prejudica-se todo um conjunto de comerciantes, mata-se a atividade comercial de uma rua e isso é uma opção que nós achamos errada e queremos contestar”, disse.

Quanto às soluções a serem aplicadas em Costa Cabral, o professor universitário disse que ouviu propostas de vários comerciantes da rua e que estas vão ser estudadas, de acordo com as suas “vantagens e inconvenientes”. “Temos que encontrar uma solução que permita manter esta zona de Costa Cabral uma zona comercialmente ativa como foi e como ainda é, mas que está em risco por causa destas alterações de trânsito”, afirmou.

Desaprovação do modelo de gestão

Álvaro Almeida discorda da alteração ao modelo de gestão da STCP, assinado em junho do ano passado entre o Governo e as autarquias do Grande Porto. Não percebe “por que é que o governo central se mantém como acionista” e “com poderes de veto”. “Não vejo razão nenhuma para que o governo participe neste modelo de gestão, porque, como disse, eu percebo que as câmaras tenham um papel ativo, exatamente, porque isso interfere no dia a dia das pessoas”, apontou.

O processo de transferência de competências para as autarquias está ainda em análise no Tribunal de Contas.

Artigo editado por Filipa Silva