Durante o ano passado foram vendidos 513 imóveis do Centro Histórico do Porto, em transações no valor total de 154 milhões de euros. Estes valores correspondem a um aumento de 64% em relação a 2015 e foram resultantes “de um aumento do investimento no segundo semestre de 2016”, período em que terá sido atingido um volume de negócios de 97,2 milhões de euros, o valor mais alto desde 2007.

Os dados foram divulgados pela Confidencial Imobiliário que segunda-feira assinou com a Câmara do Porto um protocolo para a “monitorização estatística das transações imobiliárias nas Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) do Porto”.

A valorização do mercado no Centro Histórico quase que duplicou nos últimos cinco anos e a Confidencial Imobiliário (CI) acredita que a “forte” procura por investimento nesta área do Porto se revela na evolução dos preços.

A empresa já tinha realizado este protocolo com a Câmara de Lisboa e o diretor, Ricardo Guimarães, diz que “o Porto cada vez compete mais com Lisboa” e quando se compara o índice de preços dos centros históricos das duas principais cidades portuguesas, o Porto ganha o título de “pentacampeão”, já que desde 2012 que é mais elevado.

O responsável lembrou que “o Porto não é só centro histórico” e que em toda a cidade existe um número “visivelmente crescente” de novos licenciamentos. Ricardo Guimarães disse que o Porto ultrapassa Lisboa com 214 obras por quilómetro quadrado, ao invés das 6 por quilómetro quadrado da capital. “Em dois anos são mais de 700 as obras, sendo quase 90% delas de reabilitação”, afiançou.

Fora do centro, o índice de preços residenciais divulgado pela CI apresenta também uma tendência para aumentar mas que terá começado mais tarde, cerca de um ano depois, a partir de meados de 2013.

Sobre os imóveis comprados para habitação no âmbito do SIR-Reabilitação Urbana, foram os T1 e T0 que reportaram maior volume de vendas, com cotas de 38% e 41% respetivamente. A procura na zona de Mouzinho da Silveira e Rua das Flores representa 52 transacções de fogos residenciais, mais de metade da totalidade de imóveis habitacionais vendidos no centro da cidade.

Este eixo detém os preços mais elevados com preços, na gama média, de cerca de 2,915 euros por metro quadrado. O segundo mercado de maior valor são frações localizadas no eixo Vitória-Taipas e, por último, o de São Bento-Sé que sobressai como a zona onde foram comprados mais prédios, 52 negócios, 42% do total transacionado.

Nas zonas fora da baixa, foram as freguesias de Ramalde e Paranhos que se destacaram, agregando cerca de um quinto das vendas em 2016 no concelho. A freguesia de Paranhos sobressaiu ainda por ter o “mercado de menor valor” em todo o Porto, tanto na gama média como na gama alta.

Já as rendas na cidade “superam significativamente” o aumento sentido a nível nacional e entre 2015 e 2016 cresceram, em média, 10%. Nos dois anos anteriores, novamente seguindo a tendência de Portugal Continental, o índice de rendas manteve-se praticamente inalterado em todo o concelho do Porto, diz o relatório divulgado na segunda-feira.

Segundo o conjunto de empresas de promoção e mediação imobiliária pertencentes ao Sistema de Informação Residencial realizaram-se 2 mil contratos de arrendamento no Grande Porto em 2016, metade a serem reportados no Porto e em Vila Nova de Gaia.

A maioria dos arrendatários no Porto, Gaia e Matosinhos escolheu frações de pequenas dimensões, T1 ou ainda menor, ao contrario de Maia, Gondomar e Valongo onde a tipologia dominante são os T2.

A renda média para fogos de menores dimensões é mais elevada em Matosinhos e no Porto, 379 euros e 362 euros, com o mesmo cenário a repetir-se para as fracções habitacionais maiores, T2, com valores médios de 472 euros e 428 euros, respetivamente. Os valores baixam em Vila Nova de Gaia onde o valor médio de arrendamento de um T2 é de 377 euros.

“O dever da câmara é descomplicar o mercado”

Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto disse na assinatura do acordo de monitorização que “um mercado transparente em que ninguém se engana e ninguém se deixa enganar” e em que toda a gente “percebe a sua evolução só valoriza a cidade”.

O autarca esclareceu que o dever público do município é “vigiar”, “descomplicar” e “compensar as falhas do mercado”, conforme “está a ser feito com a reabilitação de casas” em bairros que são depois entregues aos munícipes com preços mais baixos, garantiu. O presidente da câmara revelou que “o licenciamento quadruplicou em quatro anos” e avisou que “sempre que há crescimento há dores de crescimento”.

Quanto a “importarem” o modelo da Câmara de Lisboa, o independente disse que não tinham de “ter medo de seguir bons exemplos”.

Ricardo Valente, o vereador do pelouro do Desenvolvimento Económico e Social, disse que o protocolo é importante sobretudo para reduzir “a assimetria” de informação no mercado imobiliário. O vereador afirmou que era “uma dia histórico”, já que se deu “o primeiro passo” para um sistema de informação “extremamente relevante do mercado”, sublinhando que a autarquia o quer aberto a agentes nacionais e internacionais

A Confidencial Imobiliário é uma “editora independente” de inteligência sobre o mercado imobiliário, que se especializa na recolha e difusão de indicadores do mercado de compra, venda e arrendamento de fogos. É a única fonte em Portugal com dados estatísticos sobre preços de transação e contratos de arrendamento de imóveis residenciais.

Com o acordo assinado no inicio da semana, a empresa passa a garantir “uma monitorização sistemática e isenta dos dados estatísticos sobre transação, reabilitação e investimento imobiliário nas várias ARU do Porto”, trabalho que realiza há já alguns anos para Lisboa.

Artigo editado por Filipa Silva