“Páginas Inquietas – Sobre documentos insubmissos” é um dos 16 projetos selecionados através do concurso Criatório, promovido pela Câmara Municipal do Porto, com vista a apoiar a criação artística na cidade do Porto.

O projeto protagonizado pelo professor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Mário Moura, irá receber uma bolsa de 15 mil euros, tal como os restantes 15 que completam o lote de escolhidos.

Em que consiste?

O trabalho realizado pelo curador, a par com a docente Susana Gaudêncio, tem como base movimentos políticos e de ativismo.

“É uma publicação principal e uma série de publicações paralelas que foram feitas por artistas convidados. A principal tem a ver com uma coleção de temática de políticas, que eu e a Susana Gaudêncio temos recolhido, de publicações nacionais e internacionais”, indica o professor universitário.

Ao JPN, Mário Moura afirmou que “a ideia é refletir sobre o design gráfico de publicações políticas, ligadas a grupos de intevenção”, do período revolucionário português. “O trabalho vai ser dividido em núcleos de publicações sobre movimentos cívicos, de subversão, ligados à resistência. Temos algumas de grupos nova-iorquinos, de vários outros grupos, praticamente dedicado ao 25 de Abril de 74, no antes, durante e depois”, declarou.

A origem do trabalho

O projeto nomeado já tinha sido exposto no Espaço Mira, entre maio e junho do ano passado, e dessa forma surgiu a ideia de participar com o trabalho no programa Criatório.

“Já há bastante tempo que participávamos em exposições e foi algo que surgiu como investigação. Ao fim de algum tempo, vimos que o nosso trabalho tinha consistência para tirar outras conclusões”, explicou. Assim, a exposição no espaço Mira, em Campanhã, sobre o tema “foi uma espécie de um primeiro ensaio” para a publicação que sai a 2 de junho, concluiu o também designer gráfico.

Os restantes 15 finalistas do Criatório de acordo com o jornal “Público” são: “Estados Gerais: pensamento e contemporaneidade”; o Movimento Patrimonial pela Música portuguesa; a produção “White Rabbit, Red Rabbit”; “Amigos Imaginários – o que podemos imaginar juntos”; “Insono: o ouvido secreto das plantas”; “Fora de Campo”; “?De que casa eres?´Los niños de Rusia”; “Cavalo de Caixa”;o projeto “Lote 36”; “Galeria Portátil.PLF”; a produção “Lady&Macbeth”; e o projeto “Sugar”.

O estado das artes em Portugal

Mais de 300 candidatos ficaram de fora na estreia do Criatório. O programa foi apresentado ao público no final do ano passado e posto em prática pela primeira vez este ano. A iniciativa envolve apoios à criação cultural: a Câmara do Porto compromete-se a atribuir 15 mil euros a 16 projetos.

Para Mário Moura, “as artes, nos últimos anos, têm tido uma grande importância em Portugal”. Apesar de defender que é difícil viver da arte, devido a ser “preciso gastar mesmo muito tempo para ter os pedidos, administrar e cumprir pedidos burocráticos”, o docente vê como positivo os apoios dados.

Na opinião do professor da FBAUP, em Portugal“há cada vez mais projetos”. “No caso do Criatório, posso dizer que foi bastante fácil de concorrer, foram bastante atenciosos, conseguiram dissipar todas as dúvidas. Foi um apoio bastante simpático”, considera.

A lista de projetos seleccionados cumpre, na diversidade de áreas artísticas, os requisitos anunciados em novembro passado, no lançamento do Criatório. Segundo dados disponíveis no site do município, o concurso suscitou maior interesse entre os agentes culturais das artes visuais e curadoria. Para artes performativas e programação houve 72 projectos a concurso, seguindo a composição, programação e performance musical, e a área da literatura, investigação e pensamento crítico com 53 candidaturas

Mário Moura conclui que o apoio dado às arte no Porto é positivo, já que, para si, “uma pessoa já não consegue imaginar um sítio como o Porto sem uma exposição cultural constante”.

O Criatório, que é primeira bolsa de apoios no Porto vai ainda financiar mais 15 projetos [ver caixa]. Todos vão ser desenvolvidos no Porto durante os próximos meses, até um prazo máximo de um ano, com acompanhamento do município, que exige a apresentação de um relatório final. O resultado, seja uma exibição ou edição, terá que estar concluído até ao final de 2018.

Artigo editado por Filipa Silva