Há 30 anos afastados dos palcos como banda, os Jafumega dão esta quinta-feira no âmbito do "Porto Best Of" no Rivoli. No dia anterior conversaram com o JPN sobre o regresso aos palcos.

Três decadas longe dos palcos como banda e quase 40 anos depois da primeira reunião que deu origem ao grupo, os Jafumega voltam esta quinta-feira para um concerto que é “mais uma boa etapa de todo este trajeto”, disse o vocalista Luís Portugal ao JPN.

No âmbito da iniciativa “Porto Best Of”, os Jafumega foram convidados a revisitar o segundo álbum, homónimo e editado em 1982 com hits conhecidos como “Latin’América”, “Kashab” e “Nó Cego”. Para Luís, é “uma ótima sensação”. “Esperemos que seja para o público também. Nós gostamos muito de tocar as nossas canções sempre com um sorriso nos lábios”, partilhou o vocalista.

Para a banda, voltar ao “passado” é uma boa sensação, também pelo sítio onde vão dar o concerto: o Rivoli.

“Para nós é mais uma boa etapa de todo este trajeto.”

“Representa, para já, tocar numa sala icónica do Porto, onde nunca tínhamos tocado, e tocar na cidade do Porto também representa muito. Nós sempre ‘cantamos o Porto’. É a nossa cidade, onde nós residimos e a nossa cidade de eleição”, confessa.

José Nogueira, responsável pelos sopros, concorda que tocar no Rivoli tem um sabor especial. “É ser o Rivoli, porque o Rivoli durante os anos 80 e anos 90 era a grande sala de espetáculos do Porto. Toda a gente que fazia coisas boas apresentava-se aqui. Nós, Jafumega, nunca tocamos, penso eu, mas qualquer um de nós, músicos individualmente com muitos outros projetos tocamos aqui muitas vezes e crescemos nesta sala e o público cresceu connosco. E nós também fomos muitas vezes público nesta sala a ver coisas que nos fizeram crescer”, partilha.

“Eu gostei mais do que estava à espera, por acaso. E fiquei a pensar ‘Porque é que a gente não se encontrou já há mais tempo…'”

Em relação às mudanças em 30 anos, José apontou para os cabelos brancos. Apesar disso, acha que agora se exprimem de uma forma diferente. “Estamos mais maduros. Acho que fazemos as coisas com mais simplicidade e mais profundidade. E estamos muito satisfeitos por estarmos a fazer o que estamos a fazer. Isso parece que tem passado para as pessoas que estão a ver e a ouvir e para nós é fantástico, ficamos muito contentes.”

Apesar de afastados muitos anos, em 2013 voltaram para dar concertos nos coliseus de Lisboa e do Porto. Ainda assim e apesar de não estarem presentes como banda durante estes 30 anos, todos continuam a tocar. Mário Barreiros, responsável pela guitarra, referiu que estiveram perto de se reunirem há dez anos, mas que depois na altura não se proporcionou. “Há um momento certo para tudo e este foi, de facto, o momento certo”, rematou José Nogueira.

Luís Portugal reconheceu que não voltarem a juntar-se ia ser difícil. “Acho que podia não ter acontecido e podíamos não ter voltado, mas ia ficar ali algo… Um vazio nas nossas vidas não nos voltarmos a juntar em cima do palco, porque é isso que nós gostamos de fazer realmente. E gostamos de o fazer em conjunto. Isto também pela amizade que nos une, portanto não o fazer era um sacrilégio”, considera.

“Tenho cá a impressão que vai ser uma ‘ganda’ festa”

Para eles, regressar foi bom. E fácil: “Foi no Porto, foi perto, não tivemos que andar muito”, brincou José. Já Mário confessou estar mais emocionado. “Eu gostei mais do que estava à espera, por acaso. E fiquei a pensar ‘Porque é que a gente não se encontrou já há mais tempo…’ Fiquei um bocado com pena que não tivesse sido antes, mas mais vale tarde que nunca.”

As expectativas para o concerto são boas por prever-se sala cheia. “Ainda há alguns bilhetes, as pessoas ainda podem vir a correr, mas têm que vir a correr porque senão não dá e já não conseguem comprar”, riu Luís Portugal. “Tenho cá a impressão que vai ser uma ‘ganda’ festa”, arrisca.

Quanto ao futuro dos Jafumega, José Nogueira ironizou por causa da idade e não deu certezas de nada. “Quem sabe, nós já somos tão velhinhos que podemos ir desta para melhor depois de amanhã (risos). Não é facil fazer previsões à distância. Vamos indo, vamos fazendo, sobretudo com prazer.” Mas Mário falou acerca de um concerto documentado há dois anos em Estarreja no 10º aniversário do teatro com a Orquestra Filarmonia das Beiras e deu a certeza que esse registo irá sair “mais tarde ou mais cedo.”

“O público gosta daquilo que é português e do que é feito em Portugal”

“Acho que provavelmente vai ser uma surpresa para quem vir e ouvir. Primeiro porque não há nenhum registo dos Jafumega em vídeo, só há em áudio e sempre nos disseram que em palco nós tocamos as músicas ainda com mais força e melhor”, declarou José. “E que somos bonitos”, reconheceu Luís em voz baixa por baixo de risos.

Numa altura em que Portugal está nas bocas do mundo pela vitória de Salvador Sobral na Eurovisão, os Jafumega falaram sobre o panorama da música no país. “A música é muito boa. Era de longe a melhor e ganhámos pela qualidade”, considera Mário Barreiros.

“Muitas vezes o que falta são estruturas que dêem mais evidência àquilo que se está a fazer. Não tenho qualquer dúvida. Há muitos músicos, há muito boa música a ser feita e o público gosta daquilo que é português e do que é feito em Portugal e até cantado em português”, conclui.

Esta quinta-feira, os Jafumega vão atuar depois de Marta Ren & The Groovelvets no âmbito do “Porto Best Of” que volta ao Rivoli, numa iniciativa da Câmara do Porto com a curadoria de Miguel Guedes.

Artigo editado por Filipa Silva