Alexandra Matos é uma modista do Porto. Formou-se em Psicologia e, quando perdeu o emprego, fez do passatempo profissão. Tem um projeto de costura chamado “Xanalana – costuras à medida” e trabalha sobretudo por encomenda. “O que mais gosto, o que mais me dá prazer, é fazer de criança e de bebé”, diz no meio de sorrisos, “por ser colorido, pequenino e fofinho.”

Diz que, nos dias de hoje, há cada vez mais gente que, como ela, abdica de outras profissões para viver da costura, “Este setor voltou à moda e ainda bem, neste momento podemos mesmo dizer que há um boom”. A tecnologia ajuda a explicar o fenómeno. Com as redes sociais, é mais fácil divulgar e vender o trabalho. Hoje, quando se tem uma paixão, é mais fácil ganhar a vida com ela.

Desde pequena que Alexandra faz roupas para as suas bonecas. O interesse cresceu com ela e, com os anos, começou a costurar nos tempos livres. “Era como um escape, uma terapia para descomprimir do stress do trabalho”. Acabou por ir tirar o curso de modista na Modatex, uma escola profissional da indústria têxtil, no Porto.

Mas é das memórias de infância que lhe vem a inspiração. E agora retomou-as, sobretudo depois de ser mãe. “As crianças são uma fonte de estímulo e isso reflete-se nas coisas que faço”.

Alexandra trocou a Psicologia pela costura. Foto: Leonor Zarcos/Márcia Mendonça

Estilo no masculino

Primeiro, o silêncio. Quando se entra no L‘atelier des Createurs, a confecção artesanal de fatos para homem dirigida por Ricardo Conceição, não se vê sequer vivalma. O espaço está instalado num edifício património nacional na rua José Falcão, no Porto, mas é só quando se chega ao primeiro andar que se percebe que estamos num lugar de azáfama. Mais de três dezenas de pessoas cortam, costuram, fazem arranjos.

A azáfama é constante na atividade de costura e alfaiataria. Foto: Leonor Zarcos/Márcia Mendonça

Ricardo formou-se e trabalhou em Paris, mas decidiu mudar-se para o Porto. Quis abrir o seu próprio espaço, especializar-se em fatos personalizados para homens. Ali, cada tecido tem um dono e não há peça igual. “Trabalhamos com peças exclusivas e tecidos de alta qualidade.”

Ainda assim, o atelier produz essencialmente para revenda e raramente vende diretamente ao público, “Somos quase como uma marca branca”, refere Ricardo Conceição em jeito de brincadeira. Sobra trabalho e faltam mãos para tanta encomenda. Quem haveria de dizer que íamos ver tamanha azáfama?

Aprender a costurar

Há várias opções para quem quer aprender as artes da tesoura e do dedal. Além da Modatex, que oferece cursos profissionais, há uma escola que se tem revelado um caso serio de sucesso na formação de novos costureiros.

A Maria Modista oferece workshops e cursos para todos os gostos, desde a iniciação à costura ao fabrico de biquinis, e funciona em sete cidades do país: Porto, Lisboa, Estoril, Coimbra, Leiria, Almada e Aveiro.

No primeiro piso há uma vasta área de corte e costura. É também aqui que se engomam os casacos feitos à medida. Tesouras e ferros para um lado, agulhas e linhas para outro. Os funcionários mal levantam os olhos da mesa, estão atentos e concentrados no que fazem. No segundo piso, a zona onde se confeccionam as calças. Menos gente, mas mais calor.

“Um alfaiate quase não precisa de tocar nas calças, por vezes só dá um corte aqui e ali”, refere o dono do L’Atelier des Createurs. Num canto, à parte, existe uma grande sala com todos os tecidos guardados para confecção. Daqui nascerão novos fatos para homens que querem estar na moda. E há cada vez mais gente a procurá-los.

N.d.r. Este artigo foi escrito por estudantes do 1º ano do curso de Ciências da Comunicação e Cultura, da Universidade Lusófona de Lisboa. Trata-se do trabalho final para a cadeira de “Géneros Jornalísticos”, um trabalho iniciado em Lisboa e terminado na redação do JPN, ao abrigo da iniciativa “Alfa Pendular”.