Motores oleados para nova saga de verão. Portugal bateu este sábado o Chipre por 4-0, cumprindo deveres na antecâmara dos compromissos oficiais. João Moutinho estreou-se a bisar com a camisola das quinas, ao converter dois livres diretos. Na etapa complementar, Pizzi e André Silva confirmaram o regresso de Portugal aos triunfos.

Papel químico comprado no principado

Mais do que fazer ensaios, Fernando Santos quis manter os jogadores focados antes da visita à Letónia. Alguns vinham de miniférias, outros andam a meio-gás. Particulares em final da temporada são assim: um bisturi para recuperar energias.

Ora, os campeões europeus chegaram à Amoreira com poucas surpresas no papel. Luís Neto fez parelha com José Fonte, enquanto o ataque esteve sob alçada de André Silva. Do lado cipriota, um nome português entre as opções. Era Renato Margaça, covilhanense de raiz e recém-naturalizado pela república mediterrânica.

Já no relvado, Portugal assumiu rosto autoritário. Não forçou em quantidade, mas semeava perigo sempre que invadia a área contrária. O pé direito de João Moutinho não fez questão em dar abébias. Dois livres frontais cobrados com mestria pelo médio do AS Mónaco. Uma aos três minutos, outro a três minutos do descanso. Substituindo força por técnica e calculando a intensidade da ventania, na mira ao ângulo superior esquerdo do apático Antonis Georgallides.

Pelo caminho, duas oportunidades para dilatar disparidades. À meia hora, João Mário e Eliseu prepararam o disparo de Bernardo à figura do guarda-redes. Dois minutos depois, Nani, promovido a capitão na ausência de Ronaldo, apareceu solto ao segundo poste e cabeceou por cima. Lá atrás, Patrício converteu-se em espetador privilegiado, tal era a força dos campeões europeus sobre o número 91 da hierarquia mundial.

Muda aos dois, acaba aos quatro

No regresso dos balneários, Fernando Santos operou revolução a meio-campo. Mudou quatro unidades, deixando as restantes duas alterações para mais tarde. Com William, Adrien, André Gomes e Gelson em campo, o ritmo continuou nos píncaros. Pizzi certificou a boa exibição coletiva com o 3-0 em cima da hora de jogo.

O médio do Benfica precisou de estar três minutos em campo para fazer o gosto ao pé. Finalizou uma jogada inventada por Gelson e concretizada por André Silva no corredor direito. Com processos simples e eficazes, o quarto golo era uma questão de minutos. Cortesia do dianteiro portista, desviando com sabedoria um belo cruzamento de André Gomes.

A fechar, nota para uma etapa mais pressionante e um tanto espetacular das quinas. Confiança redobrada para a viagem à Letónia, na próxima sexta-feira, em novo passo rumo do Mundial 2018. Já com Quaresma recuperado, além da integração dos madrilenos Pepe e Cristiano Ronaldo. Só depois existirão atenções voltadas para a estreia na Taça das Confederações. Sendo que dos 24 jogadores convocados, um nome terá de ser riscado.

Quanto ao Chipre, sempre pareceu uma equipa fragmentada atrás. No plano ofensivo significou um zero redondo, ou não tivesse rematado pela primeira vez aos 86’. Segue-se um encontro oficial com Gibraltar no Algarve, essencialmente para cumprir calendário na zona europeia de apuramento para o Campeonato do Mundo.

“Quando as dores de cabeça são boas, a gente não usa comprimidos”

No final do encontro, Fernando Santos analisou o alargamento das opções na seleção portuguesa. Em conferência de imprensa, o técnico das quinas valorizou o entrosamento que os jogadores mais experientes transmitem dentro das quatro linhas.

“Esta equipa já joga junta há muito tempo, no Campeonato da Europa houve várias situações em que a equipa foi alterando. Esta equipa leva praticamente dois anos a jogar junta, os jogadores cada vez se conhecem melhor, agora mesmo que entre um ou outro já não é tão notório. Estou tranquilo, mas sabendo que não podemos baixar a guarda”, disse, valorizando a integração de jovens talentos.

“Os jogadores que estiveram no Europeu foram brilhantes, foram campeões da Europa. Foram fantásticos e tantas dores de cabeça me deram. É bom para o treinador ter maior leque de opções. Quando as dores de cabeça são boas a gente não usa comprimidos, quando são más é que a gente começa a usar comprimidos”, distinguiu.

“Depois do terceiro golo perdemos a confiança psicológica”

Já o selecionador do Chipre considera que o rendimento foi mais profícuo na etapa complementar. “Na primeira parte não jogámos bem, o vento teve um papel importante. Na segunda parte, com o vento a favor, jogámos melhor nos primeiros 20 minutos. Mas depois do terceiro golo perdemos a confiança psicológica”, analisou Christakis Christoforou em conferência de imprensa, reconhecendo a superioridade portuguesa.

“Sabíamos que tínhamos de jogar contra o campeão da Europa, uma equipa de jogadores de qualidade muito alta. Portugal é muito melhor equipa que nós”, atirou o técnico, individualizado a prestação do naturalizado Margaça. “É um jogador muito trabalhador nos treinos e jogos. Foi o primeiro jogo como titular, foi titular porque mereceu, não por jogarmos em Portugal. E demonstrou-o com toda a energia que teve desde o primeiro minuto”, concluiu.

Artigo editado por Filipa Silva