João Teixeira Lopes é o novo candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto do Bloco de Esquerda, depois de ter sido anunciada a renúncia de João Semedo, por razões de saúde. Ao JPN, o sociólogo indicou que o pedido para ser candidato surgiu há cerca de 15 dias, quando João Semedo terá tido conhecimento do seu estado de saúde, “que necessita de um tratamento urgente e que pela sua intensidade é incompatível com uma campanha”.

“Pediram-me para ser candidato e assim teve de ser, não podia dizer que não, apesar de ser doloroso. O João Semedo é uma pessoa de quem sou amigo, as razões são más, mas como militante de longa data do Bloco com responsabilidades no Porto, achei que não podia dizer que não”, acrescenta.

O facto de ser militante do Bloco de Esquerda “há muito tempo”, já ter sido deputado duas vezes e esta vir a ser a quarta candidatura à Câmara Municipal do Porto terão sido as razões que levaram João Semedo, Catarina Martins e os militantes do concelho do Porto a achar que Teixeira Lopes seria “a pessoa que melhor poderia protagonizar a candidatura”.

O bloquista assume que encontra “algumas diferenças” na cidade, em relação às anteriores campanhas. “Noto que o Porto é hoje uma cidade muito diferente, o que traz novos desafios”, refere. O exemplo imediato é o da “‘turistificação’ acentuada que o Porto vive” e que tem levado a “uma pressão enorme sobre o imobiliário” e à “expulsão das camadas sociais mais idosas e mais pobres”. Como regular a oferta turística “tornando-a sustentável e socialmente justa” é algo que o candidato assume que tem de ser “muito bem” pensado, para que a cidade não seja “mero cenário” e para que os habitantes queiram viver e permanecer no Porto.

João Teixeira Lopes diz ainda que “há premências que se mantêm, como por exemplo a grande divisão da cidade entre os que mais têm e os que menos têm”. Segundo o bloquista, o turismo não trouxe “os benefícios para os mais desfavorecidos que desejaríamos que tivesse trazido”. A desigualdade é um dos problemas que Teixeira Lopes encontra novamente na sua quarta candidatura à CMP: “O Porto tem cerca de 10% da sua população a viver em bairros sociais, tem um alto nível de desemprego, tem um alto nível de pessoas a receberem Rendimento Social de Inserção e tem também, é sabido, pessoas com rendimentos muito elevados”.

Sobre as mudanças para a campanha, o novo candidato afirma que os objetivos vão ser os mesmos: “lutar por uma cidade inclusiva, por uma cidade solidária, por uma cidade de desenvolvimento sustentável”.

João Teixeira Lopes diz que há “diferenças de estilo que fazem parte das personalidades de cada um”, mas que essas não vão mudar “o essencial”. “Nos objetivos, no programa, no facto de ser uma candidatura socialista no seu sentido mais profundo, mais solidário, mais social, se quisermos, aí mantêm-se completamente”, conclui.

O nome de João Teixeira Lopes junta-se à corrida pela Câmara do Porto, depois de João Semedo ter anunciado esta terça-feira a desistência por motivos de saúde. Em comunicado, o PS Porto e a candidatura de Manuel Pizarro reagiram “com tristeza” e consideraram que o processo eleitoral autárquico na cidade fica “mais pobre” sem o ex-coordenador do Bloco.

Na corrida à Câmara do Porto estão também Álvaro Almeida, independente que corre pelas listas do PSD e Ilda Figueiredo, da CDU. O atual presidente da autarquia, Rui Moreira, declarou à edição do último fim de semana do Expresso que não deverá iniciar a sua campanha antes do São João [24 de junho].