Desde a chegada de Fernando Santos, Portugal parece ter um gosto especial por vencer a seleção da casa. Se há um ano, o golo inesquecível de Éder deu ao país o Campeonato da Europa e uma deliciosa vitória sobre a França, esta quarta-feira a seleção nacional voltou a repetir a “graça” frente à anfitriã Rússia com o mesmo resultado final. Ficou registado o domínio inequívoco português sobre os russos e um passo de gigante rumo às meias-finais do torneio.

Trocaram-se as peças e a máquina carburou

Fernando Santos não quis revelar o onze inicial na antevisão da partida. Bruno Alves entrou para o lugar de José Fonte, Adrien para o de João Moutinho, Bernardo Silva para o de Quaresma e André Silva por Nani só vieram a público mesmo no dia do jogo. Estas alterações foram decisivas e necessárias dada a diferença entre o México, com quem Portugal tinha empatado na primeira jornada, e a Rússia.

Adrien e Bernardo mostraram-se preponderantes na fluidez de jogo da equipa portuguesa. Tecnicamente dotados e superiores aos russos, os médios lusos conduziam jogadas com bastante à vontade e mostravam-se disponíveis para atacar e defender em quase todo o campo. André Silva foi também uma boa aposta. O novo avançado do Milan causou grande perigo à defesa da casa e deu a Ronaldo a liberdade de jogar mais solto da sua posição inicial, o que lhe permitiu criar e finalizar vários lances de ataque. A entrada de Bruno Alves veio no seguimento da má exibição de José Fonte, responsável pelo segundo golo do México, ao cair do pano. Fernando Santos precisava de novas peças. O engenheiro provou mais uma vez ser bom mecânico também.

Qualidade de Portugal marcou a primeira parte

A entrada dos campeões da Europa na partida perspetivava um domínio forte por todo o encontro. Portugal teve sempre mais posse de bola, maior presença no meio campo contrário e tentou sempre procurar os espaços atrás da defesa contrária. E aos 8’, Raphaël Guerreiro cruzou da esquerda para a cabeça de Cristiano Ronaldo. 0-1 no marcador e o forte apoio do público parou por uns momentos. Era Portugal quem queria a bola e o golo surgiu com bastante naturalidade.

A partir do minuto 20, a equipa russa acordou para o jogo. Em desvantagem, viu-se obrigada perante o seu próprio público a tentar virar o rumo dos acontecimentos e anular a vantagem portuguesa. Portugal deixou de conseguir recuperar a bola a meio-campo tão facilmente e foi obrigado a defender mais vezes junto à sua área para travar as investidas dos anfitriões.

Mas os lusos reagiam sempre e a defesa ‘czar’ continuava ineficaz face à qualidade dos jogadores portugueses. Prova disso foi a jogada de perigo de Ronaldo aos 32’. Após uma finta sobre Vasin, rematou com força pela direita para uma boa defesa de Akinfeev.

O jogo chegava ao intervalo com vantagem portuguesa, que só pecava por ser pequena. Até esta altura, só Portugal parecia querer e poder regatear a vitória.

Segundo tempo sofrido mas triunfo conseguido

No regresso dos balneários a equipa das ‘quinas’ pretendia um ritmo de jogo mais tranquilo, algo que os russos se prestaram a contrariar. Portugal quis pausar o jogo e controlar de forma mais segura a posse de bola, mas os visitados estavam agora dispostos a vender cara a derrota e a lutar para pelo menos não perder.

Ainda assim, a qualidade de Portugal vinha sempre ao de cima. O lance de perigo de André Silva aos 50’ foi prova disso mesmo. Cédric cruza pela direita e o ponta de lança cabeceou para mais uma boa defesa de Akinfeev. O guarda-redes russo teve uma tarde bastante atarefada e as defesas dele foram a razão principal para que o marcador não mais se alterasse, o que fez dele um dos melhores jogadores em campo.

As jogadas de contra ataque foram a forma encontrada pela Rússia para chegar com mais perigo baliza portuguesa. Não tão ocupado como o seu homónimo russo, Rui Patrício foi fazendo também ele algumas boas defesas e disse “presente” quando o setores defensivo não conseguia. Pelo meio, Raphaël Guerreiro lesionou-se com gravidade na perna esquerda e deu lugar a Eliseu aos 66’.

Na ponta final da partida Fernando Santos quis tirar alguns jogadores e mudar o sistema tático, a fim de segurar a vantagem obtida na primeira parte. Aos 78’ tirou André Silva, pôs Gelson Martins e mudou para um 4-5-1, mantendo apenas Ronaldo na frente de ataque. Aos 82’ retirou Adrien para acrescentar um jogador de contenção, Danilo Pereira. Apesar das alterações, os últimos minutos foram vividos com grande intensidade. A Rússia captou bastante a atenção de Rui Patrício, mas sem sucesso. Os russos chegaram a reclamar de um suposto penálti na área portuguesa sobre Bukharov. O árbitro mandou seguir.

“A diferença foi hoje não sofrer um golo”

No rescaldo do jogo, Fernando Santos foi perentório ao referir a razão pela qual Portugal venceu. “A diferença foi não sofrer um golo. Contra o México, marcamos dois mas sofremos dois. E hoje a equipa mostrou que é forte a atacar, sabe ter bola mas também sabe defender.”

O selecionador deixou também um recado para os críticos da seleção e da sua forma de jogar: com o ‘Engenheiro’, Portugal jogará sempre da mesma maneira. “ Fomos hoje uma equipa com muita personalidade e sem ter que recuar muito: foi assim que a equipa ganhou o Campeonato da Europa. As pessoas podem não gostar, mas Portugal vai jogar sempre como jogou hoje. Comigo sempre, pelo menos.”

Quanto às alterações, Fernando Santos explicou a necessidade das entradas de Gelson Martins e de Danilo Pereira. “As alterações vieram para tentar lançar contra ataques rápidos, no caso do Gelson, e segurar o resultado, com a entrada do Danilo. O Adrien já estava muito cansado.”

Portugal sobe assim ao segundo lugar do Grupo A da Taça das Confederações com 4 pontos, os mesmos do México – a mesma diferença de golos, mas mais um golo marcado pelos mexicanos – e mais um do que a Rússia. O encontro seguinte é com a Nova Zelândia no próximo sábado, em São Petersburgo. O jogo está marcado para as 16h00, hora de Portugal Continental.

Artigo editado por Filipa Silva