A equipa das Quinas vinha de uma vitória por 4-0 frente à Nova Zelândia, jogo em que se sagrou vencedora do Grupo A da Taça das Confederações. Já o Chile, que terminou o grupo B no segundo lugar, vinha de um empate a uma bola com a Austrália. Para além da almofada de confiança que uma goleada dá a uma equipa, Portugal tinha mais uma vantagem teórica sobre os Chilenos: teve mais 24 horas para descansar antes das meias-finais.

Para este jogo a seleção nacional apresentou o habitual 4-4-2 com cinco alterações comparativamente ao jogo de sábado frente à Nova Zelândia: saíram Nélson Semedo, Pepe – por castigo – , Danilo Pereira, João Moutinho e Ricardo Quaresma; entraram Cédric Soares, José Fonte, Adrien Silva, William Carvalho e André Gomes.

A titularidade de Bernardo Silva, que esteve em dúvida para este jogo, por lesão, acabou por ser a grande surpresa. As ausências de Pepe, suspenso, e Raphael Guerreiro, por lesão, eram já conhecidas. Na frente, manteve-se a parceria André Silva – Cristiano Ronaldo, com a habitual liberdade de movimentos.

O Chile subiu ao relvado da Kazan Arena com um 4-3-1-2. Na frente Alexis Sanchez e Vargas. Vidal ficou atrás dos avançados, com a missão de os servir. Os chilenos apresentaram quatro alterações comparativamente ao jogo frente à Austrália: entraram na equipa Medel, Beausejour, Marcelo Diaz e Pablo Hernandez; saíram Paulo Diaz, Francisco Silva, Eugenio Mena e José Fuenzalida.

O jogo começou com Bernardo Silva a mostrar que estava de facto em forma. Não é possível que um jogador lesionado ou sequer fragilizado consiga fazer o que o jogador do Manchester City fez ao segundo minuto de jogo. André Gomes não conseguiu dar seguimento à boa ação de Bernardo.

Tudo indicava que este seria um jogo para recordar. Daqueles que valem a pena qualquer preço de bilhete. Um ritmo frenético. Ataque e contra-ataque, a fazer lembrar um jogo de futsal. Ambas as equipas queriam ganhar e isso notava-se dentro das quatro linhas. Ora o génio de Alexis Sanchez a desmarcar Vargas, ora Ronaldo a descobrir André Silva na boca da baliza, as oportunidades de golo iam surgindo. Rui Patrício e Claudio Bravo iam evitando os golos.

A partir dos 20 minutos de jogo o Chile começou a subir linhas e a procurar ter a bola. O controlo chileno acabou por ser um controlo inconsequente. Excetuando os dois momentos em que Aranguiz surgiu na área portuguesa, os chilenos não foram capazes de criar muito perigo junto à baliza de Portugal.

Do lado português, o investimento nos contra-ataques estava mais do que assumido. O Chile provou ter dificuldade em defender quando apanhado em contrapé. As linhas subidas dos chilenos facilitavam as fugas dos portugueses.

O jogo chegava ao intervalo com o mesmo resultado com que começou. A promessa de um grande jogo ainda pairava no ar. Depois daquele arranque não se podia esperar outra coisa.

Na segunda parte o domínio chileno foi avassalador. Nada corria bem a Portugal e as chances de golo do Chile iam-se acumulando. Vidal teve nos minutos 54, de cabeça, e 62, com um potente remate de fora de área, oportunidades para inaugurar o marcador. Do lado de Portugal, nota positiva para Bernardo Silva. Parecia ser o único com vontade para mexer no jogo.

O jogo foi perdendo interesse com o avançar do tempo. A cautela foi superando a ambição. Nos últimos 10 minutos de jogo Portugal criou as suas únicas duas oportunidades de golo da segunda parte: primeiro por André Gomes, em lance anulado por mão do médio do Barcelona, depois por Ronaldo, em resposta a um cruzamento de Cédric.

O nulo teimava em não se desfazer. O jogo acabou empatado e seguiu para o prolongamento.

Portugal entrou bem. André Gomes surgiu com espaço perto da baliza de Claudio Bravo. Podia ter feito bem melhor o médio português. Aos 95 minutos Alexis Sanchez, em resposta a um cruzamento de Isla, fez parar o coração de todos os portugueses. A bola parecia mesmo que ia entrar.

Ninguém queria correr riscos neste prolongamento. Até pelas demoras nas reposições de bola se notava isso. Nesta altura parecia mais importante evitar a derrota do que ganhar. Com o tempo, as seleções encaixaram uma na outra, num grande duelo tático.

Assim prometia ser até ao final segunda parte do prolongamento. Mas ao minuto 119’ o Chile teve a maior oportunidade do jogo. Vidal acertou no poste e, na recarga, Rodriguez acerta na barra. Uma perdida destas parecia só poder ser um sinal divino que nada entraria na baliza de Portugal. O prolongamento terminou nesta nota dramática. Portugal foi para os penaltis com a sensação de que estaria abençoado.

A sorte parece ter-se esgotado nesse lance. Claudio Bravo, guarda-redes da seleção chilena, adivinhou o lado dos penaltis de Quaresma, Moutinho e Nani. Do lado do Chile, nem Vidal, nem Aranguiz, nem Alexis Sanchez perdoaram. Bravo foi o herói e o Chile qualificou-se para a final da Taça das Confederações.

No final da partida Fernando Santos afirmou ter sido um jogo “muito equilibrado”. “Portugal entrou melhor, esteve por cima nos primeiros 10 ou 15 minutos, mas depois foi o Chile que esteve melhor, respondeu bem e equilibrou o jogo. Houve oportunidades dos dois lados. Foi um jogo equilibrado durante os 120 minutos”. Sobre os penaltis, o treinador da seleção salientou que “no Europeu estes jogadores foram heróis. Hoje não foram… Umas vezes é-se herói, outras não.”

Bernardo Silva lamentou que a Taça das Confederações não tenha corrido como desejado. “Fizemos um bom jogo mas infelizmente não conseguimos marcar. Parabéns ao Chile”. Quando questionado sobre os penaltis, Bernardo Silva afirmou que “quando se falha o primeiro e o segundo penalti a pressão aumenta. Infelizmente não tivemos a sorte que tivemos no Europeu”. “Já que vamos disputar o terceiro e quarto, vamos lutar para ser o terceiro”, concluiu o jogador do Manchester City.

Portugal vai disputar domingo, às 13 horas portuguesas, em Moscovo, o jogo de terceiro e quarto lugar da Taça das Confederações. O seu adversário será o derrotado do jogo de amanhã entre a Alemanha e o México.

Artigo editado por Filipa Silva