Tendo no horizonte as negociações do futuro Quadro Comunitário de Apoio, os autarcas do Porto e de Vila Nova de Gaia anunciaram publicamente, esta quinta-feira, quais as prioridades que partilham para o futuro das suas cidades em matéria de mobilidade.

Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues reuniram-se nos Paços do Concelho do Porto e assinaram, no final do encontro, um documento com “propostas para a resolução de questões de mobilidade”.

No final, ambos transmitiram aos jornalistas satisfação no balanço dos últimos quatro anos no que diz respeito ao entendimento dos autarcas e das autarquias do Porto e de Gaia, não só em questões de mobilidade mas também na cultura, no desporto ou no lazer.

Ambos destacaram a importância de “apontar o caminho” neste campo, apesar de estarmos a menos de um mês de eleições autárquicas.

A valorização dos transportes públicos foi apontada como essencial. “A pressão aparentemente crescente dos cidadãos nas nossas cidades não se resolverá com mais infraestruturas de atravessamento, de cruzamento, de ligações, resolver-se-à com uma aposta muito clara nos transportes públicos e nos transportes públicos eco-eficientes e que respeitem o ambiente”, declarou Eduardo Vítor Rodrigues.

Contudo, há uma proposta na lista que implica um novo atravessamento sobre o rio Douro: uma linha de metro a ligar as Devesas ao Campo Alegre. A ideia não é nova. Foi, aliás, uma das hipóteses estudadas pelo CITTA – Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente da FEUP na análise que foi conhecida em fevereiro e que serviu de base à tomada de decisão do Governo sobre a extensão da rede de metro do Porto.

A escolha governamental acabou por recair sobre o alargamento da Linha Amarela até Vila d’Este e sobre a criação da Linha Rosa, entre São Bento e a Casa da Música. Um estudo prévio da ligação Devesas-Campo Alegre ficou, ainda assim, acordado e os autarcas reforçaram esta quinta-feira o interesse na sua concretização.

O preço foi um dos motivos que levou esta ligação a ficar atrás da extensão a Vila d’Este e da Linha Rosa, mas Eduardo Vítor Rodrigues garante que, a ser construído, essa nova travessia do Douro não custará mais de 30 milhões de euros, “o correspondente, mais ou menos, a meio pilar de uma ponte sobre o Tejo”, comentou.

Neste eixo, os autarcas incluem ainda uma ligação da Praça da Galiza à Praça do Império, alongando o alcance da rede de metro na zona oriental da Invicta.

Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues justificaram a abordagem do assunto nesta altura com o facto de estar a ser negociado o próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA), a arrancar depois de 2020.

“Tendo por certo que vamos ter estas duas novas linhas – em Gaia até Vila d’Este e no Porto entre São Bento e a Casa da Música – era muito importante que definíssemos já – e o Governo também nos está a solicitar -, no âmbito do futuro QCA, quais são as nossas prioridades, e é muito importante que Gaia e Porto já tenham definido esta prioridade”, disse Rui Moreira.

A construção de parques de estacionamento de segunda linha e o alargamento da bilhética Andante em Gaia foram outros aspetos destacados.

Os dois autarcas referiram ainda a necessidade há muito sublinhada de diminuir o tráfego na Via de Cintura Interna, mas sem novidades no tema. A solução, acreditam, passam por um incentivo à utilização da CREP, mas as portagens são dissuasoras dessa utilização e não há, sobre a suspensão destes custos, qualquer garantia de que venha a acontecer no futuro.

Os responsáveis políticos consideraram ainda que numa “matéria decisiva” como a da mobilidade e transportes, é necessário a criação no futuro de um “gabinete de estudos permanente destes dois municípios, não excluindo Matosinhos, se quiser vir a juntar-se”.

Além deste Observatório de Mobilidade, refere-se a elaboração de um estudo de mobilidade centrado nas realidades de Porto e Gaia.

Para melhorar a mobilidade interna de Porto e de Gaia, é proposta a conclusão da Avenida do Atlântico (entre a Rotunda de Santo Ovídio e o Litoral marítimo de Gaia), a criação do metro bus na EN 222 e um “corredor de alta qualidade” na Avenida Fernão de Magalhães.