Na ressaca de uma noite europeia para esquecer, o FC Porto deslocou-se até Vila do Conde na procura da sexta vitória consecutiva no campeonato. Tal registo de início de época apenas havia sido alcançado pela equipa de André Villas-Boas, há sete anos, e os dragões estavam dispostos a lançar as redes e pescar mais um triunfo. Já o Rio Ave procurava regressar às vitórias após empate com Benfica (1-1) e derrota na Madeira, com o Marítimo (0-1).

Apesar de ter sido um jogo disputado, o FC Porto conseguiu um controlo quase constante ao longo dos vários momentos da partida. Se na primeira parte as oportunidades foram escassas, no segundo tempo os azuis e brancos entraram determinados a fechar as contas do jogo. Em pouco mais de 20 minutos, os golos de Danilo e Marega selavam a vitória no Estádio dos Arcos. A dez minutos do fim, um tiro certeiro do Rio Ave ainda pôs os adeptos portistas a roer as unhas, mas os três pontos já estavam destinados para a lota do Dragão.

Uma maratona com pouco acerto

Em relação ao jogo com os turcos do Besiktas, Sérgio Conceição realizou algumas alterações. As saídas de Corona, Óliver Torres e Tiquinho Soares abriam a porta do onze inicial para Aboubakar, Otávio e Herrera. Num estilo de jogo próximo do 4x2x3x1, o FC Porto começou a partida com pressão alta sobre a defesa rio-avista. Logo aos três minutos, Danilo testa os reflexos de Cássio após cruzamento de Alex Telles, mas é aos oito minutos que surge a primeira oportunidade do desafio. Yacine Brahimi aparece no coração da grande área, mas a resposta ao cruzamento de Ricardo saiu a centímetros do poste direito da baliza verde e branca. Um remate rasteiro e forte, mas com trajetória mal definida.

O jogo pedia espetáculo, mas a formação vilacondense ainda estava nos camarotes. Amarrado ao seu próprio meio-campo, o Rio Ave queria ser protagonista diante de seus adeptos e tentava responder à maré azul. O cruzamento de “letra” de Nuno Santos deu “show”, mas só minutos depois é que a equipa chegava à baliza portista. Nuno Santos combina com Lionn no lado direito do ataque que cruza para um cabeceamento deficiente de Guedes. A bola ganha altitude, mas pouco avança no terreno, pousando tranquilamente nas mãos de Casillas.

Logo de seguida, o FC Porto roubou tinta à trave rio-avista. Num lance de insistência na grande área adversária, Herrera avista Marega no lado direito. O passe teleguiado  transformou-se rapidamente num disparo violento do maliano. A bola ainda beija a trave, mas não foi suficiente para entrar na baliza. Três minutos volvidos, do outro lado do campo, o colombiano Barreto atirou ao lado da baliza dos dragões, após um ressalto de uma bola dividida com Ricardo Pereira à entrada da grande área.

As ocasiões de golo acanhavam-se e tardavam a aparecer, mas a partida desenrolava-se com velocidade e intensidade. A pressa azul e branca em fazer o golo era tanta que a cinco minutos do final do primeiro tempo, Marega já consumava o quinto fora de jogo portista até então. Durante 45 minutos de equilíbrio, ambas as equipas corriam e suavam, mas os passes desnorteados e as perdas de bola eram o prato do dia. A turma da Invicta partia para o balneário com as melhores oportunidades até ao momento, mas com consciência de que tinha de fazer mais para ultrapassar uma equipa do Rio Ave competente.

Bastava lançar as redes para o outro lado do barco

Segundos 45 minutos e as equipas trocam de campo. Com um novo alvo, mas sempre com Cássio na baliza, o FC Porto entrava em campo determinado a fazer balançar as redes do Rio Ave. Tanto em lances de bola corrida como de bola parada, Aboubakar e Marcano pouparam o café ao guarda-redes dos vilacondenses: bem desperto, o guardião impedia que os azuis e brancos chegassem à vantagem. Contudo, a carga ofensiva portista viria a dar frutos. Após canto de Alex Telles, Danilo despediu-se dos quatro rio-avistas que o cercavam e nas alturas cabeceou ao primeiro poste da baliza adversária. Cássio limitou-se a observar e a comitiva de Sérgio Conceição festejava assim o primeiro golo no jogo, aos 54 minutos.

Já em vantagem, os dragões não descansaram e queriam fazer render o peixe. Aproveitando um momento de grande dinâmica ofensiva, o ataque azul e branco ousava desgastar o último terço do campo. Face a tal pressão alta, a defesa do Rio Ave desconcentrou-se: um mau lançamento em atraso ofereceu de bandeja a bola a Marega. Do lado esquerdo da grande área, o maliano, já apertado, tentou rematar para defesa apertada de Cássio.

A equipa da casa tentava responder da melhor maneira possível, mas o placar do Estádio dos Arcos apenas foi alteradou quando Marega atirou para o fundo da baliza rio-avista. Uma arrancada sem freios do jogador dá início a uma boa combinação portista. Às portas da área vilacondense, a bola é atrasada para Brahimi. O argelino deixa Bruno Teles pelo caminho e junto à linha de fundo devolve ao avançado. Após um primeiro toque, Marega remata rente ao relvado e com potência para o canto inferior direito da baliza de Cássio. Mais uma vez, o porteiro rio-avista sem hipóteses de defesa. Duas bolas a zero, indicava o placar aos 67 minutos de jogo.

Com um resultado mais confortável, o FC Porto ia controlando a partida. Contudo, as queixas na coxa de Alex Telles obrigaram o brasileiro a abandonar o relvado. É neste momento de desorganização defensiva momentânea que o Rio Ave aproveitou para reduzir a desvantagem. De um lançamento, a bola caiu nos pés de Karamanos. Recém-entrado, o grego aproveita a desatenção portista para colocar o esférico em Nuno Santos, do lado direito da área azul e branca. Sem qualquer oposição, o avançado rio-avista apenas teve que rematar cruzado e rasteiro para o canto inferior esquerdo da baliza de Casillas. Terminava assim a série de jogos portista sem sofrer golos para o campeonato.

Com apenas um golo de diferença a separar as equipas, adivinhava-se um final de encontro frenético. A bola rolava e percorria centenas de metros em poucos minutos, mas a expulsão de Marcão acabou por ser determinante. O defesa do Rio Ave chegou atrasado à bola e embateu de forma violenta em Marega, que caiu desamparado. Jorge Sousa não teve quaisquer dúvidas em admoestar o central com o segundo amarelo e obrigar Marcão a tomar banho mais cedo.

Após o desaire na Liga dos Campeões, os dragões não se deixaram intimidar e responderam na dose necessária. Uma segunda parte mais eficaz e determinada catapultou a equipa de volta à zona de conforto. O momento de forma da formação tripeira no campeonato continua assim longe do vermelho e com luz verde para a liderança: ao fim de seis jornadas, os 18 pontos conquistados permitem ao FC Porto agarrar a liderança a par do Sporting e distanciar-se do tetracampeão português, Benfica, que tem 13 pontos depois da derrota sofrida diante do Boavista.

“Fizemos dois golos com toda a justiça”

No final do encontro, Sérgio Conceição falou de um resultado justo. O treinador do FC Porto revelou que os dragões foram “eficazes na pressão alta” e que criaram “oportunidades de golo para ir para intervalo em vantagem”, referindo-se a uma primeira parte sem quaisquer mexidas no marcador. Em relação ao segundo tempo, altura em que a formação da Invicta se colocava em vantagem, o timoneiro dos dragões reconhece o mérito da equipa: “Fizemos os dois golos com toda a justiça”.

Acerca do rival, Sérgio Conceição não teve dúvidas: “vai ser difícil para qualquer adversário da liga passar aqui em Vila do Conde”. Além de congratular a formação “audaz e competitiva” do Rio Ave, o treinador confirmou que a sua equipa está num “bom caminho” e ciente das dificuldades a percorrer ao longo do campeonato. “É uma maratona com muitas etapas”, previu o líder da comitiva portista.

“Sabemos o caminho a percorrer e estamos determinados”

Miguel Cardoso mostrou-se satisfeito com a exibição dos seus pupilos. O treinador rio-avista salientou o “momento de satisfação” de ver a equipa do Rio Ave jogar, mas recusa cair na tentação das “vitórias morais”. “Não há vitórias morais, acho que isso não nos alimenta. O que nos alimenta é que estamos juntos, sabemos o caminho a percorrer e estamos determinados a fazê-lo”, esclareceu o estratega dos vilacondenses.

Apesar do “domínio em alguns momentos do jogo” e da “excelente primeira parte”, Miguel Cardoso admite que os seus jogadores tiveram “dez minutos de menor capacidade” na segunda parte, vacilo que resultou nos tiros certeiros dos dragões. Ainda assim, o timoneiro dos verde e brancos revela grande confiança na performance da sua equipa ao longo do campeonato: “da maneira que jogamos estamos mais próximos de vencer jogos”, concluiu o treinador do Rio Ave.

O FC Porto defronta o Portimonense na próxima sexta-feira, no Estádio do Dragão, antes de se deslocar ao Mónaco para cumprir a segunda jornada da Liga dos Campeões. Já o Rio Ave tem compromisso na Vila das Aves no próximo domingo.

Artigo editado por Filipa Silva