Há exatamente um ano, em território luso, os portugueses venceram Andorra por 6-0. Desta vez, a tarefa foi mais exigente. A jogar em Andorra-a-Velha, num relvado sintético e num campo de dimensões menores, as chances e os golos tardaram em aparecer. Fernando Santos, o selecionador nacional, promoveu cinco alterações na equipa que venceu a Hungria pela margem mínima (1-0), mas a que mais se notou foi a ausência de Cristiano Ronaldo no ataque.

A primeira parte foi muito pobre. A equipa da casa fechou todos os caminhos possíveis para a sua baliza e, apesar de algumas combinações entre os laterais e extremos portugueses, as oportunidades tardaram em aparecer.

Os campeões europeus jogaram muito pelas alas e recorreram frequentemente a cruzamentos, mas a defesa adversária encontrou-se sempre em vantagem numérica no último terço do terreno. Pepe tentou o primeiro remate aos 8 minutos, mas a tentativa passou desenquadrada. Faltavam ideias e soluções para quebrar o enguiço. Os portugueses foram constrangidos pela falta de espaço e a falta de movimento foi notória.

Aos 25 minutos, os portugueses estiveram perto de gritar golo. Nélson Semedo cruzou para a grande área, André Silva ajeitou a bola com a cabeça e Quaresma, ao segundo poste, cabeceou ligeiramente ao lado. Entre remates e cruzamentos segurados ou socados pelo seu guarda-redes, Josep Gómes, os andorranos foram fazendo o seu jogo – abusaram das faltas para travar os processos ofensivos de Portugal.

André Silva dispôs de uma boa chance, aos 34 minutos, quando a defesa de Andorra lhe devolveu uma bola, após um corte mal feito, mas o remate, de primeira, saiu muito por cima. Quem não precisou de um convite para chegar à baliza de Gómes foi, novamente, Pepe. Na sequência de um livre, o defesa ganhou dois ressaltos e soltou uma bomba, que o guardião se encarregou de defender para canto. Eliseu também quis ser protagonista, com um remate ao lado, mas a primeira parte terminou mesmo sem golos. Ao contrário de Portugal, e à mesma hora, os suíços revelaram-se ‘mortíferos’ e já ganhavam por 3-0 ao intervalo.

Capitão faz (toda) a diferença

Ao intervalo, o selecionador nacional não viu outra solução para conseguir os três pontos que não a entrada de Cristiano Ronaldo. A diferença sentiu-se de imediato, não em campo, mas nas bancadas. Gritou-se euforicamente o seu nome.

A equipa comandada por Jesús “Koldo” Alvárez entrou mais atrevida para a segunda parte e Ildefons Lima causou calafrios com o seu cabeceamento acima da baliza de Rui Patrício. Este foi um período de adaptação para Ronaldo, que viu Quaresma rematar fraco e Bernardo Silva falhar a bola, numa posição privilegiada. Portugal apostou em passes longos, geralmente sem critério, para alcançar terrenos mais avançados, mas sem sucesso.

Foi então que, aos 63 minutos, Ronaldo desbloqueou o jogo. João Mário cruzou, o capitão Ildefons tentou afastar, mas o corte mal executado colocou a bola em zona perfeita para o número 7 português finalizar de pé esquerdo. O melhor do mundo teve faro e posicionamento excecional, estava no sítio exato onde a bola foi ter e, frente a frente com o guarda-redes, não houve qualquer dúvida.

Passados 10 minutos do golo, André Silva e Cristiano fizeram malabarismo com a bola dentro da área andorrana. A equipa adversária limitou-se a olhar, enquanto a dupla deu dois toques de calcanhar, primeiro o número 17 fez a bola sobrevoar a barra e depois o capitão português tentou entregar para o coração da área onde não estava ninguém. Na recarga, Bernardo Silva chutou a rasar o poste. Os dois colaboraram novamente, quando o jogador do Milan recebeu a bola do astro português, na área de Andorra, mas o tiro não tomou a melhor direção. Ronaldo aproveitou de novo uma falha de comunicação dos adversários para roubar o esférico e rematar ao lado.

Cansaço destruiu a muralha

A referência da equipa da casa, Ildefons Lima, perguntou para fora do relvado quanto tempo faltava para o jogo terminar, a seis minutos do final do encontro. A partir desse momento, Portugal não perdeu mais as rédeas do jogo.

O melhor marcador da fase de qualificação para o Mundial quis mais e guiou a sua equipa para a frente. Primeiro rematou de longe para defesa apertada de Josep Gómes e depois ajudou a criar o segundo e último golo, para encerrar a partida. CR7 cruzou de pé esquerdo, Danilo ajeitou de cabeça para a pequena área e André Silva só teve de encostar para o fundo das redes.

Até ao final do jogo, pouco mais aconteceu. A equipa de Fernando Santos geriu a posse de bola e controlou a partida até ao fim.

Apesar do jogo menos conseguido, Portugal foi a única equipa do grupo B a vencer em Andorra por mais do que a margem mínima. No entanto, a vitória de Portugal não o catapultou da segunda posição para a liderança, visto que a Suíça goleou a Hungria por 5-2 e manteve o pleno, até agora.

A partida de terça-feira entre Portugal e os helvéticos vai decidir que equipa se apurará diretamente para o Mundial da Rússia e qual irá a play-off.

Próximo jogo? “É ganhar ou ganhar, não há outra possibilidade”

No final do jogo, em entrevista rápida à RTP, Fernando Santos destacou os obstáculos que Portugal teve de ultrapassar na defesa da Andorra. “A equipa teve muita dificuldade de adaptação ao campo”, referiu. “Faltou-nos alguma dinâmica. Na primeira parte não estivemos ao nível daquilo que pensávamos que éramos capazes.”

O selecionador reconheceu a escassez de ocasiões criadas e o fraco desempenho ofensivo. “Nós trocámos a bola, tivemos mais posse de bola, mas pouca objetividade. Criámos duas oportunidades de golo na primeira parte.”

Relativamente à decisão de deixar Cristiano Ronaldo no banco de suplentes, o treinador português enumerou várias razões que pesaram na decisão. “O Cristiano não treinou a 100% nos dois primeiros dias”, referiu. “Não foi só a questão do amarelo, porque ele é super experiente”, disse ainda para concluir: “O campo pelado… Havia muitos fatores que me levaram a tomar a decisão.”

Fernando Santos só tem em mente a vitória frente à Suíça e a qualificação direta para o Mundial. “É ganhar ou ganhar, não há outra possibilidade”. “Temos que o ganhar, queremos ganhar e eu acredito muito que vamos ganhar.”

Artigo editado por Filipa Silva