Joel Sartore é um contador de histórias pouco convencional. Através da sua lente, o autor decidiu retratar mais de 7 mil espécies em vias de extinção. Quer chegar às 12 mil. São eles os protagonistas do projeto “Photo Ark” que está desde a última semana na Galeria da Biodiversidade da Universidade do Porto, local escolhido para a primeira mostra em contexto europeu.

Para o fotógrafo, todos os animais são iguais. Para enfatizar esse plano de igualdade, fotografa todos sobre fundo preto ou branco, seja esse fundo uma cortina, papel ou usando tinta sobre a natureza. “Aqui, são todos tratados com o mesmo carinho. Pode ser um rinoceronte ou uma tartaruga. Nas minhas fotografias, têm todos o mesmo tamanho. Não há como os comparar”, explica o autor na visita guiada à exposição que o JPN acompanhou.

Joel Sartore com uma cria de Pantera-Nebulosa.

Joel Sartore com uma cria de Pantera-Nebulosa. Foto: Photo Ark

O fotógrafo colabora com a National Geographic há mais de 20 anos, mas em 2005 viu-se obrigado a fazer uma pausa no trabalho para estar junto de Katty, sua esposa, a quem foi diagnosticado cancro da mama. “Perguntei-me se havia alguma coisa a fazer para as pessoas se preocuparem com os animais” e foi assim que surgiu a ideia de registar os animais mais raros do planeta.

Guardá-los na sua arca é, não só, uma forma de os eternizar, como uma forma de poder “olhar profundamente os animais e apreciar a sua verdadeira beleza e o seu valor”. Só assim diz ser possível levar as pessoas a “agir e protegê-los, antes que seja tarde demais”.

Cada animal tem a sua história e algumas comovem Joel: Nabiré, um rinoceronte branco do norte, que morreu semanas depois de ser fotografado, deixando apenas três exemplares desta espécie no Mundo. Alguns dos animais registados passaram de “em vias de extinção para extinguidos”.

Exemplos de retratos da mostra "Photo Ark" até abril na Galeria da Biodiversidade.

Exemplos de retratos da mostra “Photo Ark” até abril na Galeria da Biodiversidade. Foto: Inês Fraga

Um dos maiores erros que considera haver na sociedade é achar que é possível a raça humana sobreviver sem animais. “São essenciais à nossa existência”, reforça.

Joel vai continuar a juntar animais na sua arca. Estima que sejam precisos mais 15 anos para conseguir completar o “Photo Ark”. Para o fotógrafo, o “cativeiro pode ser bom”, e afirma que muitos animais estariam extinguidos se não fossem os programas de reabilitação de espécies.

O projeto “Photo Ark” da National Geographic coloca à disposição dos visitantes 45 das mais de 7 mil fotos de Joel Sartore num espaço expositivo com mais de 250 metros quadrados. A exposição vai estar patente até abril do próximo ano, de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00. Os preços da entrada oscilam entre os 2,50 euros para estudantes e jovens e os 5 euros para o restante público.

Artigo editado pro Filipa Silva