O FC Porto recebeu e venceu (3-1), esta quarta-feira, a equipa do RB Leipzig, na 4ª jornada do grupo G da Liga dos Campeões, num jogo em que o Estádio do Dragão atingiu a marca dos 12 milhões de espectadores. Os “dragões” somam, agora, seis pontos e estão no segundo lugar do grupo, a quatro pontos do Besiktas. A equipa portuguesa jogou melhor e soube aguentar as ofensivas germânicas, mostrando uma maior organização do que havia mostrado há 15 dias.

Uma vitória portista dava acesso ao segundo lugar do grupo, um empate, o terceiro lugar, e uma derrota complicava as contas do apuramento para os oitavos. Os “dragões” vinham de uma vitória por 3-0 no Estádio do Bessa enquanto que os alemães vinham de duas derrotas frente ao todo-poderoso Bayern de Munique, primeiro para a taça da Alemanha e depois para o campeonato. Jogos extremamente desgastantes para ambas as formações.

Promessa cumprida

Apesar dos avisos para o jogo interior dos alemães, a importância duma vitória neste encontro levou Sérgio Conceição a abdicar de um terceiro médio para apresentar o mesmo onze que venceu o dérbi frente ao Boavista, com Corona do lado direito do ataque. Já o Leipzig contou com o português Bruma no onze inicial, deixando novamente no banco a referência Timo Werner e mantendo a aposta no vertiginoso Augustin.

Sérgio Conceição prometeu uma equipa diferente da que perdeu na Alemanha e assim foi. Viu-se um FC Porto mais pressionante e capaz de dominar o jogo e anular os pontos fortes dos alemães. O jogo começou, no entanto, com uma contrariedade. Marega saiu lesionado aos 11 minutos após o que aparenta ser uma lesão muscular. O maliano ainda voltou a entrar depois de uma primeira observação da equipa médica, mas depois de um novo pique de corrida pela direita, teve mesmo de sair. Resultou, contudo, dessa arrancada o canto que deu origem ao primeiro golo portista. Alex Telles bateu e depois de umas carambolas na área surgiu Herrera a rematar para o fundo da baliza de Gulácsi.

André André entrou para o lugar de Marega e aos 17′ esteve perto de marcar, mas não conseguiu fazer a emenda após um lance de Aboubakar. Respondeu o Leipzig com Augustin a ganhar um ressalto na área mas com Marcano e José Sá a cortarem a meias. Sá voltou a ser o dono da baliza portista e brilhou aos 21′ com uma grande defesa a responder a um livre do sueco Forsberg.

Antes do intervalo surgiram mais duas oportunidades para a equipa portuguesa. Primeiro André André cabeceou à malha lateral e depois Herrera rematou ao lado do poste da baliza adversária. Uma primeira parte de grande equilíbrio com os portistas a irem para as cabines em vantagem, que até podia ser superior a um golo.

Werner foi aposta (quase) certa

O técnico visitante lançou Timo Werner ao intervalo e o craque alemão precisou de apenas três minutos para fazer o empate. Mas o FC Porto foi bastante superior no segundo tempo e voltou à carga na busca do segundo golo. Aos 56′ pediu-se grande penalidade por alegada mão na bola do defesa do Leipzig e aos 59′ Danilo cabeceou à malha superior.

Aos 61 minutos, na sequência de um livre de Alex Telles do lado direito, Danilo marcou mesmo após um grande golpe de cabeça. O internacional português parece, contudo, estar um pouco adiantado na partida para a bola. O 2-1 quebrou um pouco a boa entrada dos alemães na segunda parte que apenas conseguiram um remate ao lado por parte de Sabitzer aos 73 minutos.

Depois de Marega, também Corona saiu lesionado e Sérgio Conceição apostou em Maxi Pereira. Aposta ganha já que, nos descontos, Aboubakar isolou o uruguaio que, na cara de Gulácsi, fez o 3-1 final, que dá vantagem aos azuis e brancos no confronto direto.

Vitória justa dos portistas que ascendem ao segundo lugar do grupo por troca com os alemães. A equipa de Sérgio Conceição volta a depender apenas de si para seguir em frente na liga milionária. No outro jogo do grupo, Besiktas e Mónaco empataram a uma bola na Turquia, resultado que garante o apuramento à equipa turca. A equipa de Pepe e Ricardo Quaresma junta-se a PSG, Manchester United, Manchester City e Tottenham. Na próxima jornada, disputada a 21 de novembro, o FC Porto desloca-se a Istambul e o Mónaco recebe o Leipzig.

“Ganhar por dois foi importante pelo confronto direto”

O jogo trouxe três pontos e contrariedades físicas ao reino do dragão. Mesmo assim, Sérgio Conceição garante que o grupo está preparado para responder a qualquer adversidade. “Com a saída do Marega, ficamos com poucas soluções para a frente de ataque. Toda a gente está dentro do que se quer para o jogo e o André entrou muito bem. Conseguimos não sentir esse peso da ausência de um avançado que tem sido importante para nós”, analisou na sala de imprensa.

O técnico portista admitiu que esperava uma quebra do adversário na parte final do encontro. “Sabemos que, com o correr do tempo, vão perdendo um pouco a pressão que fazem. Começámos a ganhar mais segundas bolas, a criar mais perigo e a controlar o jogo. São três pontos e ganhar por dois golos foi importante pelo confronto direto”, constatou.

À semelhança do jogo na Alemanha, dois golos nasceram de bolas paradas. Para Conceição não há segredos: “as bolas paradas são trabalhadas como outros momentos do jogo. Queremos ser fortes e temos gente com essa capacidade. Nós preparamos, os jogadores executam e têm-no feito de forma fantástica”.

Na zona mista, Felipe destacou a correção dos erros que a equipa fez na Alemanha e garantiu que o FC Porto vai à Turquia “para ganhar”. Brahimi destacou a importância da vitória e alertou que “os dois próximos jogos vão ser difíceis, contra duas boas equipas”.

“Fomos menos eficazes”

Ralph Hasenhüttl considerou que o Leipzig sofreu “uma derrota amarga”. “Não sinto que tenhamos sido a pior equipa, mas fomos provavelmente menos eficazes. Cometemos erros no primeiro golo que sofremos, sendo que o segundo golo parte de um fora de jogo claro de um jogador do FC Porto”, apontou o técnico austríaco, sem esquecer a reação da sua equipa no começo da segunda parte.

“Mesmo em desvantagem, fomos capazes de entrar bem com base naquilo que transmiti aos meus jogadores ao intervalo. Tivemos oportunidades, criámos mais profundidade no nosso jogo e empatámos. Depois tentámos ir mais para a frente, mas descurámos um pouco o aspeto defensivo. A este nível competitivo, isso é altamente castigado”, lamentou em conferência de imprensa.

Segundo jogo fora de portas, segunda derrota na liga milionária. O Leipzig ainda não pontuou fora de casa, mas Hasenhüttl diz que “nada está perdido”. “Vamos ter de vencer em casa e pontuar no jogo fora que nos falta. Hoje desperdiçamos uma boa oportunidade para nos colocarmos em excelente posição para nos qualificarmos. Mas quem conhece esta equipa sabe que reage bem às derrotas”, concluiu.